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A luz branca apontada pela pequena lanterna sobre minha pupila fazia minha córnea arder.

Não era nada confortável.

Além da luz que nem dava para se compara com a que eu sentia sobre mim a alguns momentos atrás, ficar sentada na cama do hospital não era nada confortável.
Não era o colchão, o colchão era extremamente confortável, parecia que estava sentada sobre nuvens, mas sim o "ficar sentada" que fazia meu corpo ter aquela reação.

Um sentia um certo incômodo sobre minha barriga, e parecia que não importasse quanto tempo eu estivesse deitada, eu continuava cansada.

— Está bom... — Iniciou o médico desligando a lanterninha e finalmente tirando-a do meu campo de visão. — O que você lembra exatamente? — Perguntou se afastando e cruzando o braço sobre o peito.

Parei para pensar um pouco, e o que exatamente eu lembrava?

Havia apenas eu, o médico que aparentemente era o que Mina havia dito que era "gatão" e a enfermeira.
Infelizmente Mina teve que ficar do lado de fora para ele para poder me examinar.

A enfermeira estava no banheiro preparando o meu banho.

Eu acho que podia tomar banho sozinha...

— Como assim do que eu lembro? — Perguntei olhando para ele.

— Coisas básicas, seu nome... Sua idade... O que aconteceu naquele dia... Me diga.

Ok, isso seria fácil.

— Meu nome é Park Seon-A, eu tenho vinte anos... Cresci num orfanato e tenho uma irmã de consideração chamada Mina. — Falei sem precisar fazer muito esforço.

— Tá bom, você sabe quem você é, certo. Mas, agora, você sabe por que veio parar aqui? — Perguntou erguendo a sombrancelha.

Por mas que talvez eu não quisesse, eu não podia esquecer de tudo tão fácil assim...

Era meio incerto, mas eu tinha uma leve memória...

Era noite... O senhor Park havia me dito toda a verdade, e eu estava com muita raiva e confusão em minha cabeça, e quando eu fui embora achando que me afastar seria o melhor, alguém acertou uma bala em mim.

As lembranças eram claras como um sonho, mais ainda sim, eram lembranças.

— Eu lembro de tudo... E acho que não preciso falar mais que isso. — Falei olhando para o chão.

Ao lembrar daquelas coisas, eu sentia um gosto amargo na minha boca, e nenhuma vontade de olhar para frente.

— Escuta Seon, você tem todo o direito de não querer falar sobre isso, e eu estou tentando entender, mas isso é uma questão de saúde, então eu peço encarecidamente que entenda meu lado também. — Falou o mais velho com calma, ele tinha uma paciência que eu invejava. — Então, do que exatamente você lembra? — Perguntou novamente frisando o "exatamente".

— Eu Lembro de tudo! — Falei agora encarando o mesmo. Bem nos olhos. — Lembro de toda a verdade, Lembro de como me senti fisicamente e mentalmente, porque eu ainda estou sentindo isso! — Falei de uma maneira tão cansada.

Eu estava cansada.

— Eu sei quem é meu pai, sei quem mentiu para mim, e sei em quem eu não posso confiar! — Falei com convicção. — Está bom assim? — Perguntei com um tom de voz nada amigável.

Ele ficou um tempo parado olhando para o meu rosto, mas logo respondeu minha pergunta.

Ótimo! Sua memória não foi afetada. — Falou agora com um sorriso de canto de boca e logo foi para frete da cama onde eu estava, então de um compartimento que tinha ali, ele retirou uma prancheta e começou a anotar algo.

Por que minha memória seria afetada?

— Por que minha memória seria afetada? — Perguntei enquanto colocava minhas pernas em cima do colchão novamente.
Aquilo doía de mais.

Ele terminou de anotar e levantou o olhar para mim e logo falou:

— Devido ao susto involuntário causado não só pelo som do desparo da arma, mas também, pelo ferimento, você caiu muito rápido e com muita força para trás, então isso ocasionou uma certa lesão na parte externa de sua cabeça. Nada que danificasse o cérebro, mas mesmo assim, nós tínhamos medo de que você tivesse sofrido algum trauma já que você passou um bom tempo desacordada... — Falou ele de uma maneira natural enquanto mexia numa máquina que havia ali do lado.

E por quanto tempo eu havia dormido?

— Quantas horas eu passei desacordada? — Perguntei enquanto tentava não focar minha atenção no incômodo em minha barriga.

Cento e sessenta e oito horas... — Falou desligando o monitor cardíaco.

O QUE? — Perguntoi alto e incrédula.

Aquilo não podia ser verdade!
Se eu estava a tanto tempo desacordada, por que não havia nada conectado em mim?

— Equivalente a sete dias... — Falou ainda mais naturalmente novamente indo pegar a prancheta que agora eu acredito que seja meu prontuário.

M.E.U  D.E.U.S

— Isso não é verdade, não tem nada ligado a mim, nenhum fio, só uma agulha que estava me dando soro! — Falei achando estranho já que eu nem estava usando aqueles negócios que coloca no nariz para ajudar a respirar.

— Você só estava desacordada, e seu caso já não era de tanto risco, então, não tinha necessidade de oxigênio. — Falou enquanto se mantia entretido no papel da prancheta. — E, em relação ao monitor cardíaco, a enfermeira havia vindo aqui antes de sua amiga voltar da cafeteria, a enfermeira vinha te dar banho, foi por isso que ela tirou o eletrodo, mas o paciente do quarto vizinho estava se quechando de dores, foi por isso que ela não voltou logo. — Explicou enquanto levantava o papel.

Meu deus, o quê? Como assim eu apaguei durante uma semana?

Eu não conseguia enteder nada, queira dizer, o que diabos eu já perdi? Uma semana é muito tempo para se dormir!

— Isso é sério?— Perguntei ainda sem acreditar.

Eu bati a cabeça com tanta força assim? Meu Deus.

— Porque mentiria? — Perguntou ainda com olhos ali no papel

O que será que estava acontecendo agora lá fora? Como será que estavam as pessoas? Tem tanta coisa que eu quero perguntar a Mina...

— Senhorita Park, o seu banho já estava pronto. — A infermeira me tirou de meu devaneio.

Era uma mulher sorridente de cabelos pretos e aparentemente satisfeita com o trabalho.

— Vamos, eu vou ajudar a senhorita! — Falou vindo até a cama e me ajudando a descer.

E enquanto caminhava me direção ao banheiro, escutei a porta bater assim anunciando a saída do médico.

Meu Deus, por que tudo é tão incerto?

Cont.

ᴇ ᴀ s ʏ : ɪᴛ ᴡᴏᴜʟᴅ ʜᴀᴠᴇ ʙᴇᴇɴ ᴇᴀsɪᴇʀ ⫷ ʙʏᴜɴ ʙᴀᴇᴋ-ʜʏᴜɴ ⫸Onde histórias criam vida. Descubra agora