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E lá estava eu, sentada na cama confortável, vestindo um vestido emprestado de Mina que eu particularmente achava muito fofo a estampa de patinhos amarelos.
Era uma roupa tão quentinha.

A enfermeira havia saido dizendo que iria buscar o meu almoço.
Eu não estava com fome, mas ela disse que eu precisava comer para poder me recuperar logo, então eu não podia negar.

Enquanto me encontrava sozinha naquele quarto, eu me afundava novamente em meus pensamentos...

Eu estava cheirando a sabonete de bebê, já que o sabonete antisséptico que eu tinha que usar tinha esse cheiro.

Eu já havia tomado banho com a ajuda da enfermeira que me tratava com calma. E eu não vou mentir que não fique costraginda, na realidade eu fiquei, mas eu acabei esquecendo a minha vergonha quando vi aquela ferida em minha barriga.

Tinha pontos... Não era horrível, mas mesmo assim, tinha três pontos, e quando ela foi passar o sabonete sobre a ferida, eu não puder controlar o gemido de dor.

Ardia para caramba! Aquela droga nem parecia que estava fechada.
Ela disse que era normal reclamações causadas pela dor, já que a ferida era recente.
Mas eu logo fiquei feliz, porquê ela disse que eu era forte por não ter chorado enquanto ela passava o antisséptico para fazer o curativo.

Mas mesmo assim, imaginar como aquela cicatriz ficaria em mim era novo de mais para mim.
Na verdade, uma semana era tão pouco tempo para se acostumar com tudo.

E em relação com a cicatriz... Não tem nada haver com a questão da aparência, mas sim com a história que aqula cicatriz iria levar com ela.

Uma vez, eu li em algum lugar que cicatrizes são histórias gravadas em nosso corpo.
Bom, a história daquela não seria algo que me traria boas lembranças...

— Serviço de quarto... — Escutei alguém bater na porta e logo a abrir. — Eu trouxe sua comida! — Disse Mina sorrindo.

Ainda bem, alguém que eu conheço de verdade!

— Mina! — Festejei vendo ela se  apróxima, não pude deixar de notar a vermelhidão de seus olhos.

Ela logo colocou a bandeja com cuidado sobre a mesa que era longe da cama e correu até mim.
Por mais que eu não estivesse em pé, e sim sentada, eu dei um jeito de abraçar ela.

Naquele abraço eu depositei todo alívio que eu sentia por ela está ali.
Passei tanto tempo longe de Mina, que parecia que eu não via ela a séculos... Por mais que enquanto eu estava na casa do Hiun eu ligasse para ela todos os dias, eu ainda sim sentia sua falta.

Meus olhos encheram-se de lágrimas, eu não sabia se me faria mal chorar no estado em que eu estáva, mas quando escutei Mina fungar e me aperta mais, eu não aguentei.

Eu chorei, mas era um choro de felicidade, ali estáva minha família.

— Eu achei que você iria me abandonar aqui! — Ela falou com a voz embargada. — Nunca mais faça isso! — Falou chorando como uma criança.

Mina soluçava enquanto me apertava. Minhas lágrimas podia ser contadas a dedo, já as de Mina, acho que molhou toda a blusa que vestia.

Era bom estar ali, com alguém que eu sabia que jamais mentira para mim...

†††

—...Então, eu acordei aqui. — Terminei de falar.

Eu e Mina já havíamos parado de chorar, e agora eu estava comendo enquanto ela estava sentada na porta da cama.

Mina me pediu para explicar primeiro o que havia acontecido, e agora, ela estava boquiaberta.

— Meu Deus Seon! — Ela falou sem acreditar. — Como isso tudo aconteceu e você não me disse nada?! — Perguntou seriamente, provavelmente tentando digeri a informação.

— Nem eu sabia Mina, você queria que eu te dissesse algo que eu não sabia? — Perguntei e logo ela deu de ombros.

— Eu não consigo acreditar! — Falou ainda pasma.

Nem eu, de repente eu tinha um pai...

Eu coloquei mais uma colher de sopa em minha boca enquanto ela pensava.
Mina havia trazido sopa para mim, sopa de arroz.

De acordo com ela, ela acabou encontrando a enfermeira e persuadiu ela até a mesma deixar Mina trazer a sopa.

— Sabe o que é estranho... — Mina iniciou sua fala novamente. — A forma como me chamaram até aqui.

— Como te chamaram até aqui? — Perguntei já imaginando na grosseria que poderia ter sido.

— Eu estava em casa, era umas meia noite quando a campainha do orfanato tocou. Eu já estava de pijama e pronta para dormir, mas mesmo assim eu desci as escadas para ver o que era. — Ela falava olhando para mim. — Quando eu cheguei lá, a madre Choi já estava aos prantos e a irmã Elizabeth estava mais branca do que já é... As outras freiras estava tentando acalmar as duas e havia dois rapazes na sala, ambos usavam jaquetas pretas... — Ela falou e eu altomaticamemte pensei em quem eram.

Poderia ser Kai e D.O?

— Quem eram? E como a a irmã e a madre estão? — Perguntei sentindo uma urgência para saber daquelas informações.

— Elas estão melhor, vinheram aqui uns cinco dias seguidos... Só não ficaram com você todos os dias porque eu não permite. Elas ficaram com as costas doidas só de deitar nesse sofá. — Ela falou e eu senti um alívio em saber que assim como eu, Mina também se preocupava com elas.

— Ainda bem! Mas, quem foi te buscar lá? E por que foi estranho?

— Por quando só eu cheguei na sala, eu já achei estranho quem estava lá, era o garoto que eu atropelei, e um rapaz alto e de cabelos escuros, eu não sei o nome dele, só sei que ele é mais bonito que o garoto chato que ficou de cara amarrada o tempo todo. — Disse cruzando os braços ao lembra. Aproveitei sua pausa para colocar mais uma colher de sopa na boca. — Sim, aí quando eu cheguei na sala, eu perguntei o que estava acontecendo ali... E aí eles disseram que havia acontecido um acidente com você, e eu vim correndo para cá, mas a parte mais estranha foi no carro, foi lá que eles começaram a falar sobre coisas estranhas, como morte e pegar uns tals de "vermelhos" e algo assim... — Ela falou franzindo a testa.

Vermelhos...

— Só quando eu cheguei aqui que minha aflição passou, mas enquanto eu estava no carro, eles me pediram para mim ficar quieta e não falar nem perguntar nada, nem falaram o que realmente havia acontecido... Me disseram para mim ficar aqui junto com você, e eu estou aqui dês do primeiro dia, ninguém quis me dizer nada, foi por isso que eu achei estranho... Não sei como você conseguiu viver no meio daquela gente fria... — Concluiu e eu me peguei pensando.

Estava tudo tão claro e eu preferi não ver... Realmente, a energia daquelas pessoas não era nada legal.

— Você entende que eles são criminosos, não entende? — Perguntei sentindo meu estômago embrulhar.

— Sim, depois de tudo que você me contou... Sim. — Ela confirmou olhando para a ponta dos dedos.

Eu precisava deixar mais claro ainda.

— E você também entende que meu sangue é o mesmo que o deles, não entende? — Perguntei sentindo mais uma vez aquele ardor nos olhos que eu sempre sentia ao pensar no assunto.

— Sim... — Assentiu. — Mas você não é criminosa igual a eles, é isso que importa. — Disse a mesma me lançando um olhar caloroso de compaixão.

Eu não era, não era mesmo. Porque eu nunca mentiria para quem eu amo... Muito menos para um filho meu...

Cont.

ᴇ ᴀ s ʏ : ɪᴛ ᴡᴏᴜʟᴅ ʜᴀᴠᴇ ʙᴇᴇɴ ᴇᴀsɪᴇʀ ⫷ ʙʏᴜɴ ʙᴀᴇᴋ-ʜʏᴜɴ ⫸Onde histórias criam vida. Descubra agora