Introdução

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Essa é história da minha vida.

Pra ser mais exata, a história de como ela acabou.

Mas calma, eu não estou morta... Não pra vocês!

É eu sei, é complicado, mas eu prometo que vou explicar tudo!

Bem, vamos desde o começo pra que tudo seja muito bem entendido...

Meu nome é Ludmilla Oliveira, tenho 26 anos e estou morta. Mas não de verdade.

Sou filha de uma das maiores editoras de moda de Nova York. Minha mãe, Silvana Oliveira, assim como minha avó, batalhou muito pra ter tudo o que tem hoje. As duas passaram por diversas humilhações, tiveram que enfrentar centenas de pessoas que nunca deram nada por elas. Mas mesmo assim, passaram por cima de tudo isso e construíram um verdadeiro império.

Tudo começou com minha bisavó, Angelica. Ela aprendeu a costurar com uma tia e fazia alguns remendos para os vizinhos. Quando minha avó, Vilma, nasceu, Angelica a ensinou tudo que sabia fazendo assim com que ela expandisse os negócios. Minha avó transformou a garagem da pensão onde moravam um pequeno ateliê. Aos poucos as coisas foram crescendo e logo o sonho de ter sua própria empresa se tornou realidade. Minha avó passou o comando para minha mãe, Silvana, e hoje quem comanda tudo sou eu.

Falando assim até parece que tudo foram mil flores, mas a verdade é que minha mãe lutou desde o início e sempre acreditou que um dia iria conseguir. Foi difícil, afinal, elas tiveram que começar tudo praticamente do zero, mas mesmo com tantas dificuldades, ela nunca desistiu e hoje, tem seu edifício próprio, com vários empregados e sócios e diversas filiais espalhadas pelo mundo. Rica e bem sucedida, minha mãe conheceu vários homens com quem se aventurou mas Renato, meu padrasto foi o único que conquistou o duro coração da velha Silvana.

Os dois se casaram depois de dois anos de namoro, minha mãe ja era totalmente independete, já tinha a empresa e comandava tudo, mas Renato foi uma peça muito importante e a ajudou quando a empresa passou por algumas crises, estando sempre ao seu lado em todos os momentos.

Eu nasci muito antes de tudo isso começar a acontecer. Minha mãe tinha 20 anos quando me deu a luz. Depois de alguns meses de nascida, meu "pai" simplesmente desapareceu e eu fui criada por ela e minha avó. No começo era difícil não ter presente uma figura paterna, mas aos poucos fui aprendendo que na vida, mulher nenhuma precisa de homem!

Depois de mim, minha mãe ainda teve mais dois filhos, Luane e Yuri. Os dois nasceram de relacionamentos rápidos que minha mãe teve, ela nunca aderiu muito a idéia de se casar, no máximo morava junto, mas isso, óbvio, durou até conhecer Renato. Marcos era meu outro irmão, mas de alma. Nós estudávamos juntos quando adolescentes. Ele havia ganho uma bolsa de estudo na escola e logo de cara já nos demos bem. Depois de presenciar ele sofrendo bullying por parte de outros garotos, eu simplesmente decidi não abandoná-lo nunca mais. Assim que terminamos a escola, o chamei para morar comigo e a resposta foi quase que imediata e desde então nunca mais nos desgrudamos.

Marcos é um ano mais novo que eu. No começo, rolou muito ciúmes da parte dos meus irmãos em relação à ele, porque sempre fomos muito grudados, mas logo todos foram se conhecendo melhor e começaram a se dar bem um com o outro. Minha mãe sempre dizia que iria repartir seu "império" para nós dois de forma igualitária, afinal éramos os mais velhos, queria fazer aquilo pra que não houvesse brigas ou até mesmo ganância, que é um dos sentimentos que ela mais abomina. Porém, assim que meu irmão terminou o curso de comissário de bordo, entrou em uma kombi com o namorado francês, Cédric e foi "rodar os quatro cantos do país".

Marcos nunca foi muito ligado a dinheiro. Ele sempre fez a linha good vibes, desapegado de todos os bens materiais. Sempre foi muito espiritualista, ligado às forças da natureza e essas coisas... Ele se abdicou totalmente de todo o dinheiro de minha mãe, pedindo até pra que o nome dele fosse tirado do testamento, tudo porquê tinha medo do mal que isso poderia trazer a ele. Minha mãe, obviamente não o fez, mas também não discutiu sobre a decisão dele.

Na escola Marcos também era assim. Nunca fez questão de dizer que tinha uma posição social alta. Nunca fez questão de nada disso. Dizia que nem todo dinheiro do mundo poderia ser melhor que a paz de espírito. Eu nunca entendi muito bem esse pensamento dele, mas respeitava, afinal, era meu irmão.

Sendo assim, hoje eu sou a 'única' herdeira de todo o "reino" de minha mãe. Ainda existem Luane e Yuri que poderiam muito bem tomar conta de tudo junto a mim, mas eles não estão nem um pouco afim. Yuri é apenas uma criança de 11 anos, que por enquanto, ainda não demonstrou interesse pela área. Já Luane não se importa muito com negócios, ela gosta mesmo é de sair para festas de famosos, blogueiras, o mundo da moda nas passarelas e tudo o que esteja relacionado à isso. Sendo assim, a chatice administrativa e burocrática fica todinha pra mim.

Aos quinze anos, eu me entendi lésbica. Me assumi pro meu irmão e ele, lógico, achou o máximo. Decidimos juntos nos assumir para nossa mãe, mesmo morrendo de medo da sua reação. No começo ela teve um pouco de dificuldade pra lidar com a situação, afinal eram dois filhos de uma vez só, mas depois tudo foi voltando ao normal e hoje nossa relação é maravilhosa. Minha mãe inclusive chega a lamentar o fato de meu irmão gostar de homem, porquê segundo ela "essa raça não presta".

Eu sempre soube que pra assumir a empresa, precisaria seguir os mesmos passos de minha mãe. Eu teria que me formar em direito e me especializar na área empresarial, eu não queria. Meu sonho sempre foi ser cantora ou trabalhar com algo envolvendo a música, sempre tive uma paixão inexplicável por essa profissões e toda a arte envolvida, mas o dever me chamava não é mesmo?

Assim que terminei a faculdade minha mãe já me colocou como braço direito dela na empresa. Me ensinou o ofício e tudo mais o que eu deveria aprender. Dois anos depois, reencontrei uma antiga colega de turma da faculdade, Bianca Alves.

Nos conhecemos através de um amigo em comum e começamos a nos aproximar por causa dele. Saímos juntas algumas vezes, e com o passar do tempo, com cada vez mais frequência. Apesar de ser uma mulher linda e muito atraente, Bia não fazia muito meu tipo. Era alta, ruiva, olhos verdes, lábios carnudos e dona de uma sensualidade inexplicável!

É, pois é... Não fazia meu tipo!

Mas aos poucos fomos nos conhecendo cada vez mais, ela era uma mulher incrível, inteligente, boa entendedora de moda. Logo começamos a nos encontrar mais, dos encontros, o namoro, do namoro o noivado...

E teria tido continuação, se não fosse pelo belo presente de casamento que Bianca me deu...

Minha morte servida em um lindo prato de porcelana, quente e saborosa!

K A R M A - Poder e Ganância [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora