Brasil

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- Brunna? - Ouço uma voz me chamar ao fundo mas me recuso a atender. - Brunna, acorda!

Alguém me sacode e eu levo um susto. Me sento na cama em um pulo e demoro pra entender o que se passava.

- Ai Larissa, que merda. - Passo a mão na testa tentando me acalmar. - Que é que tu quer?

- Eu quero falar da doida que tá dormindo no nosso sofá.

- Ai, de novo isso. - Reviro os olhos me levantando da cama.

- Sim! De novo! Brunna pelo amor de Deus! - Ela me segue até o banheiro.

Começo a fazer minha higiene e nem assim tenho paz.

- Tu conhece a mina na rua, ela fala que não tem lugar pra dormir e tu trás ela pra dentro de casa?

- Sim.

- Não Brunna! Porra, o que tu tem tá cabeça cara? Nem conhece a mulher!

- Ela também não me conhece. Ela confiou em mim sabendo só meu nome. Eu só fiz o que deveria ter feito.

- Trazer uma sem teto pra dentro de casa?

- Ela não é sem teto Larissa. Eu já disse, ela veio dos Estados Unidos, tava na casa de uma prima de uma amiga mas teve que sair. Eu só quis ajudar e pronto.

- Isso não faz sentido. Ela vem dos Estados Unidos e não tem dinheiro nem pra merda de um hotel?

- Ai eu não sei! Não perguntei sobre a conta bancária dela.

- Brunna, eu acho melhor você tomar cuidado com essa mulher.

- Tá bom Larissa, eu já ouvi. Agora posso cagar em paz?

Ela faz cara de nojo e sai do banheiro fechando a porta.

Larissa sabia ser insuportável quando queria. Ela tinha um instinto materno que chegava a ser sufocante. Ela e eu éramos melhores amigas desde a época do colégio. Depois que terminei o ensino médio quis dar uma de independente. Arrumei um emprego, saí da casa dos meus pais e aluguei a casa que vivo hoje. Quando soube, Lari não quis me deixar sozinha e acabou fazendo o mesmo. Renatinho veio por último. Ele era meu vizinho no meu antigo bairro e nossas mães eram bem amigas. Lari sempre nos defendeu e cuidou de nós com o maior amor e carinho do mundo, mas as vezes esse amor todo sufocava.

Termino de escovar os dentes e saio do banheiro. Volto pro quarto afim de pegar minhas coisas e levo um susto com Ludmilla parada ali.

- Oi! Você acordou, bom dia.

- Sim, bom dia. - Sua voz agora estava um pouco mais rouca do que normal o que me deu um leve arrepio.

- Dormiu bem?

- Mais ou menos... Minhas costas doem.

Não consigo evitar rir.

- Consequências de dormir no sofá. Desculpa não te acordar, não queria atrapalhar seu sono.

- Tudo bem. Mas na próxima me acorde, por favor.

- Pode deixar.

Saio do quarto e volto pro banheiro afim de tomar meu banho.

Ludmilla POV

Eu tinha certeza que as dores nas costas que aquele sofá me deu iriam durar o final de semana inteiro. Pego minhas coisas e me dirijo ao banheiro de baixo, eu e Brunna parecíamos ser as únicas a estarem acordadas na casa.

Saio do banheiro e sinto um cheiro já conhecido.

- Uh, isso é cheiro de... - Paraliso ao ver Larissa na cozinha. Ela me olha de cima a baixo com o cenho franzido.

K A R M A - Poder e Ganância [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora