Meia Verdade

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8 de Janeiro

4:00 AM

Ludmilla POV

- E foi isso.

Brunna não se mexia. Estava na mesma posição desde que comecei a falar. Decidi não contar nada sobre o que realmente havia me feito vir pro Brasil, não quis falar do casamento desastroso com Bianca nem sobre minha morte encomendada, mas lhe contei todo o resto. Sobre ser dona da empresa, o que eu fazia, falei sobre minha família e que a pessoa com quem eu tanto falava as escondidas era Daiane e que ela estava me ajudando a encontrar uma forma de voltar pra casa.

Ela parecia atenta a tudo o que eu falava e sua expressão era como se procurasse algum resquício de mentira em minhas palavras, coisa que com toda certeza, ela não achou.

- Então... É isso?

- Sim.

Brunna ainda mantinha uma de suas mãos acariciando o queixo enquanto me observava minuciosamente. Eu me sentia em um interrogatório policial.

- Por que não me contou antes?

E aí estava a pergunta que eu mais temia. Eu sabia que teria que inventar uma boa desculpa mas isso poderia piorar as coisas.

- Eu só não achei que era tão importante pra você.

- Mas é.

Não soube o que responder. Eu sabia que parecia extremamente suspeita e que havia uma lacuna enorme em minha história, mas não havia nada que eu pudesse fazer.

Brunna respirou fundo e deixou seus ombros caírem. Ela parecia cansada.

Ouvia sua respiração tranquila em meio ao silêncio que se fez enquanto ela brincava com a barra do lençol. Pensei em me aproximar mas não queria fazer algo que pudesse a afastar ainda mais de mim.

- Eu não sei o que dizer. - Ela finalmente me encarou e sua expressão já estava mais suave.

- Tudo bem.

- Eu realmente achei que você estivesse fazendo algo errado...

- Eu sei.

O silêncio reinou mais uma vez. Já estava se tornando hábito.

- Desculpa. - Sua voz saiu baixa em sussurro confesso.

Não pude deixar de sorrir com aquilo.

- Tá tudo bem.

Me aproximei e ela encolheu. Não sabia se aquilo era um sinal pra que eu me afastasse ou se poderia continuar, era difícil decifra-la em um situação como essa, visto que nunca estivemos em algo parecido assim antes. Segui minha vontade e me aproximei mais. Brunna não me olhava e dessa vez, não se mexeu.

Cheguei perto o bastante pra sentir sua respiração se misturando com a minha. Subi meus dedos por suas mãos até chegar em seus ombros e a trouxe pra um abraço. Assim que nossos corpos se colaram ela soltou um suspiro pesado e um choro baixinho começou. Eu odiava vê-la desse jeito ainda mais sendo a culpada de tal coisa, eu só queria que tudo ficasse bem entre nós de novo.

- Eu senti sua falta. - Sua voz era baixa e trêmula.

Era engraçado o fato de que eu também senti a falta dela, mesmo ficando apenas algumas horas separadas.

- Eu também senti a sua.

Ela me solta vagarosamente e seus olhos, levemente úmidos e avermelhados me encaravam, dessa vez com um pouco mais de sentimento neles. Coloquei uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha ela sorriu tímida. Deus, como senti falta desse sorriso.

K A R M A - Poder e Ganância [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora