Acaso

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24 de Dezembro.

Rio de Janeiro, 1:47 AM

Ludmilla POV

Sinto a fumaça quente se esvair entre meus dedos enquanto observava a rua movimentada e ouvia o som de risadas altas vindas do andar de baixo da casa. Eu estava na pequena varanda do quarto antigo de Brunna, sentindo a brisa fresca do vento acariciar meu rosto.

Desde aquela nossa conversa no começo do mês passado, eu e Brunna estávamos cada vez mais nos entendendo. Nosso passatempo favorito era ficar grudadas uma a outra, mesmo sem assunto ou sem uma idéia do que poderíamos fazer, somente ocupar praticamente o mesmo espaço ficando abraçadas enquanto ouvíamos nossas respirações ou trocávamos beijos ora calorosos, ora carinhosos. Eu devo admitir, aquela garota mexia não só com minha cabeça mas também com meu coração. Seu jeito doce e delicado me deixava cada vez mais apaixonada, no começo eu ainda mantinha o pé atrás com medo de que a qualquer momento ela acordasse e visse não era bem aquilo que queria, afinal, ela nunca tinha se relacionado com uma mulher, mas aos poucos e com toda paciência do mundo, Brunna foi me mostrando cada vez mais que aquilo que dizia sentir, era real.

Ela havia me convidado pra passar a festa de Natal com sua família, no começo neguei de todas as formas e inventei todas as desculpas possíveis. Quero dizer, eu até queria conhecer seus pais e mais quem ela quisesse me apresentar, mas não sabia se estava pronta pra isso nem se nossa relação já estava firme o bastante para o próximo passo, mas ela acabou me convencendo e eu não tive mais como negar. Larissa havia ido para Niterói reencontrar sua família e Renatinho iria dividir os dias entre sua mãe, irmão e primos e seus amigos de festa inseparáveis. Confesso que ter a casa vazia pra mim não era má ideia, mas nem pude me animar muito já que Brunna logo tratou de me arrastar pro quarto afim de procurar uma troca de roupas.

A festa toda foi bem divertida, chegamos por volta das oito da noite, já haviam algumas pessoas reunidas e outras ainda chegando. A mesa, que por sinal estava transbordando de comida, só foi liberada a meia noite. Agradeci aos anjos em pensamento quando finalmente dei a primeira garfada, meu estômago já estava se retorcendo de tanta fome. Depois de comer e conversar com todos, entrei na brincadeira e fui jogar um jogo com Brunna e seus primos, eles pegaram um caderno e algumas canetas e ali se iniciou uma longa e divertida partida de Adivinhação.

Os desenhos, um mais engarranchado que o outro, davam dicas do que deveríamos adivinhar, a euforia das pessoas era absolutamente cômica. Como a família era grande, todos resolveram formar duplas afim de tentar organizar toda aquela bagunça. Brunna, obviamente, foi a minha. No começo ela estava apreensiva, mas depois de ganhar três rodadas seguidas, graças a mim, ela se acalmou e começou a se exibir do jeito lindo que só ela conseguia.

Quase no final da brincadeira, um de seus primos, André, pediu sua então namorada em casamento, ali, na frente de todos. Ele havia desenhado uma pessoa e começou a apontar pra si mesmo, quando um dos palpites surgiu com a palavra "você" ele continuou. A palavra "quer" foi a mais difícil de acertar sendo seguida pela mais fácil desenhada por uma pequena casa. Quando finalmente a frase foi formada, mesmo ainda incompleta, todos perceberam do que se tratava. Com um sorriso lhe rasgando o rosto, o rapaz ajoelhou em frente a sua amada e tirou uma caixinha vermelha do bolso fazendo o pedido logo em seguida. Mayara não aguentou e respondeu o tão esperando sim aos prantos, abraçando o noivo logo em seguida. Como de costuma, uma gritaria tomou conta da casa toda seguida de palmas e assovios, uma rodinha foi formada em volta do noivo pelos outros primos que pulavam e gritavam animados enquanto as mulheres iam conversar com a noiva que estava com cara de boba apaixonada. Eu apenas observava tudo com um sorriso no rosto, que demorei a perceber que estava ali.

K A R M A - Poder e Ganância [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora