Caos

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23 de agosto.

Rio de Janeiro, 5:45 PM.

- E como tá a revista?

- Cada vez mais se afundando. - Suspiro pesado ao ouvir aquilo. Esse era o meu maior medo.

Rômulo conseguiu em poucos meses acabar com um trabalho que minha mãe a avó haviam demorado anos para construir.

- Eu sei o quanto deve ser difícil pra você ouvir isso, amiga. Pra mim está sendo, e olha que não tenho nada a ver com aquela empresa.

- Nós já sabíamos que isso iria acontecer. - Meu tom era de puro desânimo.

- Ludmilla do céu. - Day parecia surpresa. - Não faz nem três meses que se mudou e já pegou o sotaque?

Sua fala me faz rir. Era visível minha mudança desde que cheguei ao Brasil.

- Eu não tenho sotaque.

- Todo mundo tem sotaque garota, e o do Rio é um dos meus favoritos. Você fica sexy falando carioquês.

- Falando o quê?

- Ah, você entendeu...

Nós duas rimos, Dayane sempre teve essa mania de inventar palavras, assim como Renatinho, a cada dia surgia uma nova gíria que o garoto inventava.

- E meus irmãos? Como estão?

A conversa volta a ficar tensa.

- Luane tá tentando se reerguer. Ela pensou em trancar a faculdade pra ficar com sua mãe, mas dona Silvana proibiu ela de parar a vida. Marcos voltou a morar lá com ela. Ele, Cédric e Renato estão tentando de tudo pra fazer tia Sil ficar bem. O Yuri também sente bastante sua falta. Já peguei ele chorando algumas vezes.

Meu coração fica pequeno só de imaginar todos daquela forma.

- E minha mãe?

Day respira fundo, sinto que ela hesita.

- Ela tá mal Lud, muito mal. - Um nó horrível se forma em minha garganta. - Mal consegue comer, só quando insistismos muito. Não sai do quarto por nada, fica o tempo todo trancada. Nós tentamos entrar, conversar um pouco, mas todo assunto ela acaba lembrando de você e volta a chorar. Ela está devastada.

Não consigo evitar e deixo algumas lágrimas rolarem. Eu odiava saber que todos estavam mal daquela forma, odiava mais ainda o motivo e principalmente, odiava quem nos causou tudo isso.

- Eu queria voltar, Day.

- Eu sei que sim minha amiga, mas ainda não dá.

- Eu só queria que nada disso tivesse acontecido.

- Todos desejam isso! Mas veja pelo lado bom, você está vivendo novas experiências. Conheceu novas pessoas, novas lugares, tem uma nova vida! Por mais horrível que seja toda essa situação, algo bom nasceu no meio de todo esse caos, e logo você vai poder voltar pra casa e tudo vai voltar ao normal.

- Assim eu espero...

- Vai sim amiga, confia!

- Eu confio Day, mas não deixo de querer que tudo isso acabe logo.

- E vai amiga, só tenha fé. Tudo vai acontecer no tempo certo.

- Okay...

- Agora eu tenho que ir. Tchau Lud, eu te amo.

K A R M A - Poder e Ganância [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora