CAP 4-Guilherme

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Saí do meu quarto assim que terminei de me arranjar para mais um dia de aulas e assim que fechei a porta atrás de mim e me virei de frente outra vez, senti algo contra o meu corpo e consequentemente ir parar ao chão.
Assim que saí do meu transe, pude reparar no que estava diante de mim, ou neste caso, quem estava no chão.

-Hey magoaste-te?-estendi a minha mão na sua direção à qual ela aceitou perfeitamente.

Olhei naqueles lindos olhos azuis quando senti toda aquela corrente elétrica atravessar o meu corpo com aquele simples e delicado toque das nossas mãos.

-Não-ela falou tímida.

-Estás bem?-perguntei assim que notei os seus olhos um pouco vermelhos como se ela tivesse chorado momentos atrás.

-Sim-ela fungou tentando desviar a atenção dela-vou só...ter com a Lara-ela falou e virou logo costas entrando no quarto da minha irmã depois de bater à porta.

Fiquei uns segundos a olhar para aquela porta como se ela se fosse abrir a qualquer momento, o que não aconteceu.
Saí mais uma vez do meu transe e desci as escadas até à sala de jantar onde encontrei os meus pais a serem servidos pela nossa governanta, Glória.

-Bom dia pai-dei uma pequena palmadinha nos suas costas-Bom dia mãe-beijei a sua testa.

-Bom dia filho-ambos responderam.

-Está tudo bem com a Carolina e a Lara?-perguntei servindo-me de um pouco de sumo de laranja e um pão.

-Penso que sim-a minha mãe olhou para mim-porque perguntas?

-A Carolina passou por mim no corredor apressada a chorar-olhei para a minha mãe e reparei que ela ficou preocupada.

-De certeza que algo se passou-a minha mãe pensou com uma cara desconfiada-é melhor ligar para a Beatriz.

A minha mãe levantou-se, mas logo parou assim que viu duas adolescentes a entrarem na sala de jantar.

-Bom dia meninas-a minha mãe falou.

-Bom dia mãe-Lara beijou a bochecha da minha mãe.

-Bom dia Sofia-a Carolina cumprimentou-a um pouco desanimada.

-Está tudo bem?-a minha mãe voltou a perguntar enquanto se sentava outra vez.

-Sim-ambas responderam olhando uma para a outra.

-Têm a certeza?-a minha mãe insistiu.

-Sim-voltaram a responder.

-A tua mãe sabe que estás aqui tão cedo Carol?-ela olhou para a Carolina.

-Não-ela negou-mas por favor não lhe digas que estou aqui Sofia-Carolina olhou para a minha mãe implorando.

-A Beatriz deve estar preocupada contigo e...

-Duvido...-ela sussurrou, mas todos nós conseguimos ouvir as suas palavras sentidas.

-Queres conversar?-a minha mãe olhou para ela.

-É melhor não-Carolina negou.

-Tudo bem-a minha mãe sorriu com carinho-mas independentemente do que tenha acontecido a tua mãe ama-te, acredita no que eu te estou a dizer-Carolina olhou para a minha mãe atenta-ela faria qualquer coisa por ti e para te proteger.

-Eu sei-ela assentiu.

Olhei para o relógio no meu pulso e notei que já só faltavam vinte minutos para a primeira aula e, então, eu tive uma ideia.

-Acho que é melhor irmos andando-olhei para a minha irmã-podem vir comigo, eu levo-vos para a escola.

-Obrigada mano-Lara sorriu e saiu da mesa e de seguida da sala de jantar seguida pela menina dos olhos azuis.

-Algo de errado se passa-a minha mãe levantou-se-eu vou ligar para a Bea e tirar esta história a limpo.

Ela virou costas e foi até a sua mala onde tirou o seu telemóvel e falou com Beatriz por uns breves minutos.

-O que se passa meu amor?-o meu pai foi ao encontro da minha mãe assim que viu a sua expressão.

-Está tudo bem?-olhei para ela.

-Temo que não esteja tudo bem-a minha mãe falou e logo senti um arrepio me atravessar por inteiro-principalmente para a Carolina-depois das suas palavras senti todo o meu corpo se enrijecer e nem sabia o motivo disso estar a acontecer.

-O que aconteceu?-o meu pai voltou a perguntar.

-A Bea contou-me que ontem a Carolina foi atacada por um dos lobos da alcateia e...

-Como isso é possível?-olhei para a minha mãe-todos sabem as regras, não atacamos os nossos.

-Acontece que a Carolina não é uma das nossas-olhei incrédulo para a minha mãe.

-Como assim ela não é um dos nossos?-estava completamente confuso.

-A Carolina é adotada-a minha mãe falou.

-Não vejo qual seja o problema ainda-falei.

-Ela não é um lobo-parei de respirar ao ouvir as suas palavras-ela é totalmente humana e ela já atingiu a sua idade matura, ou seja, os lobos vão andar todos loucos atrás dela para a conseguirem possuir e...

-Isso não vai acontecer-apertei os punhos ao lado do meu corpo.

-Temos de a proteger até que ela encontre o seu companheiro-o meu pai falou-nem que isso dure até aos seus 30 anos ou mais.

-Exatamente-concordei com o meu pai-não vamos deixar que nada lhe aconteça porque...porque ela é a melhor amiga da Lara-engoli em seco.

-Mano, estamos à tua espera no carro-Lara espreitou para dentro da sala.

-É melhor irmos então-falei para ela e de seguida despedi-me dos meus pais.

Entrei no carro e logo dei partida com aquelas duas adolescentes muito caladas. Olhei pelo espelho e vi a Carolina no banco de trás do carro encostada ao vidro dispersa do resto do mundo.
Mais uma vez me perdi naqueles seus olhos azuis até que os mesmos se direcionaram também para os meus. Ela logo baixou o seu olhar e suspirou pesado.

-Hey...-falei tirando-as às duas dos seus pensamentos-o que me dizem de no final das aulas irmos os três comer um gelado?

Vi um pequeno sorriso nos lábios de cada uma e sorri ao perceber que já tinha melhorado o dia delas.

-Eu aceito-Lara falou rindo.

-Adoro gelado-Carolina falou sorrindo com uma melhor cara e que sorriso lindo-um gelado não faz mal a ninguém. Eu aceito.

Sorrimos os três.

Parei o carro no local próprio para os professores e elas logo saltaram para fora do mesmo correndo para longe assim que ouviram a campainha para a primeira aula.
Eu abanei a cabeça rindo e logo me dirigi até à minha primeira aula do longo dia que me espera.

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