Ensina-me

CAP 33-Guilherme

Eu e Carolina estávamos a almoçar num restaurante quando olhei para os seus olhos azuis distraídos enquanto comia. Ela era linda, linda demais para mim. Ela era bondosa, humilde, alegre e carinhosa demais para um homem como eu. Sou um monte de defeitos em pessoa e um indivíduo com muitos remorsos por um dia ter deixado para trás a pessoa que mais amava, a pessoa que me fazia sentir bem, a mesma pessoa que dava cor aos meus dias e a mesma pessoa que se encontra agora mesmo, neste preciso momento à minha frente distraída com a sua comida no prato.
Uma mulher demasiado perfeita para um homem demasiado quebrado.

-Em que tanto pensas?-saí dos meus pensamentos quando ouvi a sua bela voz e senti a sua mão por cima da minha.

-Em como és linda e perfeita-sorri comendo a minha comida.

-Hummm....-ela olhou para mim desconfiada-passado é passado Gui-ela olhou nos meus olhos pousando os talheres no seu prato-sabes...Eu às vezes também penso como seria se tivéssemos criado os miúdos juntos, como uma família. Como seria sermos aquele quadro de família tradicional onde há muito amor e carinho e às vezes discussões, porque faz parte da vida, mas...-ela pensou nas palavras-mas o certo é que às vezes não é isso que acontece, às vezes não há família tradicional, às vezes os pais não estão juntos e às vezes nem tudo é bom, mas...mas o que conta, neste momento somos nós-ela apertou a minha mão-nós e os miúdos, no presente-ela sorriu quando falou nos filhos.

Não poderia ter escolhido uma mulher mais perfeita que Carolina, não podia de todo.

-Compreendi todas as tuas palavras, mas não é fácil olhar para ti e ver tudo o que perdi durante todos estes anos por ter sido um egocêntrico e um estúpido-suspirei baixando a cabeça-imaginei sempre como seria estarmos juntos a criar as nossas crianças, como seria a nossa vida ao lado um do outro, mas nada disso tivemos por minha causa. Como conseguiste perdoar-me? Como conseguiste sequer voltar a olhar e falar para mim? Como conseguiste voltar a amar-me Carolina? Como?

Olhei nos seus olhos pensativos e durante alguns segundos estivemos em completo silêncio até que ela voltou a falar.

-Porque te amo-ela sorriu carinhosa-e isso basta.

Olhei mais uma vez para ela atento às suas palavras e sorri um pouco.

-És boa demais para este mundo cruel-abanei a cabeça-nunca deixei de te amar nem de pensar em ti. O azul dos teus olhos sempre me apareciam nos meus pensamentos fossem eles bons ou maus, sempre apareciam nos meus sonhos. O teu sorriso estava sempre presente e era isso que me fazia mover todos os dias até voltar a reencontrar-te novamente.

Ela apenas sorriu fazendo-me sorrir também.

-Amo-te muito Guilherme-ela olhou nos meus olhos.

-E eu a ti meu amor-levantei-me e beijei os seus doces lábios.

(...)

Depois do almoço com Carolina, decidimos ir para minha casa onde aquela mulher dos olhos azuis já não entrava há muito tempo ali.

Deixei que ela entrasse primeiro e observei todo o seu corpo se movimentar para dentro de casa e olhar tudo à sua volta até os seus olhos voltarem a se encontrar com os meus. Ela sorriu fazendo-me sorrir.

-Está tudo igual-ela pousou a sua mala em cima do sofá e logo de seguida tirou o seu casaco colocando-o também no sofá ao lado da sua mala.

-Não quis mudar nada-encolhi os ombros.

Ela aproximou-se de mim em pequenos passos até parar à minha frente. A sua mão tocou no meu rosto descendo até ao meu peito, já a sua boca aproximou-se da minha e beijou-me num beijo lento e apaixonado.