-O que temos para hoje Matt?-perguntei assim que entrei no hospital e me dirigi até à receção para receber a planificação do trabalho.
-Bom dia para ti também doutora Carolina-ele riu fazendo-me rir também.
-Desculpa-sorri-bom dia doutor Matt.
-Está melhor assim-ele riu-chegaste na hora certa-ele olhou para as suas próprias folhas-duas operações: a primeira é um menino de 10 anos que engoliu um bocado de plástico e a segunda, é uma senhora que caiu das escadas abaixo e partiu um braço perfurando a pele.
-Que bom para começar a manhã-falei irónica-vou só ao meu gabinete pousar as coisas e vestir a minha bata e já lá vou ter com vocês à sala de operações.
-Até já-Matt sorriu deixando-me sozinha pelos corredores do hospital.
Entrei no meu gabinete pousando as minhas coisas em cima da secretária e logo vesti a minha bata para dar inicio às operações desta manhã que pelo que já reparei vão demorar horas.
Aproximei-me dá minha secretária e sorri ao pegar na foto dos meus filhos quando tinham apenas cinco anos de idade. Eles faziam tantas asneiras os dois, quer dizer às vezes ainda me dão algumas dores de cabeça, mas acho que é por serem rapazes. Eles não param um segundo e quando têm oportunidade fazem estragos, não importa o quanto lhes dou na cabeça, eles acabam por fazer algo igual ou pior. Mas são os homens da minha vida.
Olhei outra vez para a foto e eles eram tão parecidos com ele, tanto fisicamente como nas atitudes e a maneira que falam e se expressam.
Respirei fundo e pousei a fotografia no sitio.
Saí do gabinete em direção à sala de operações onde encontrei Matt a começar a dar a anestesia ao menino deitado naquela maca, que pelo o que eu pude ler na sua ficha, se chamava Guilherme.
-Merda...-praguejei baixo.
Tirei aqueles pensamentos estúpidos da cabeça e demos inicio à sua operação que durou duas horas para conseguir tirar um simples plástico pequeno do seu estômago.
Depois do cirurgia feita, enquanto as enfermeiras levaram o menino para um dos quartos do hospital, a paciente do braço partido deu entrada na sala de operações quase nem me dando tempo para respirar.Enquanto lhe davam a anestesia, eu troquei as luvas e coloquei-as no lixo, lavei na mesma as mãos e voltei a colocar umas luvas novas e logo me preparei para a próxima operação. Esta operação não demorou muito tempo mas tínhamos de ser precisos e cuidadosos com o que estávamos a fazer, pois força a mais e poderíamos destruir o osso da paciente. Dada como terminada a operação só faltava fechar o corte o que iria deixar uma grande cicatriz para a vida no braço da senhora.
Retirei as luvas colocando-as no lixo e lavei as mãos mesmo elas estando limpas, era uma mania que eu tinha e por uma questão de higiene e segurança. Retirei a minha bata e saí em direção ao meu gabinete onde sentei-me na cadeira por trás da secretária e respirei fundo.
Estes últimos dias tem sido assim, operações atrás de operações, às vezes penso que esta gente não tem cuidado nenhum. Parece que não têm medo de morrer sei lá,eu teria se estivesse na situação delas.
Olhei para as horas marcadas no meu telemóvel e notei que já passava um pouco da hora de almoço. Voltei a olhar para o meu plano de operações de hoje e constatei que não teria mais nenhuma, isso se ninguém se lembrar de partir algum osso ou quase se matar.
Olhei pela janela do gabinete e o dia estava ensolarado, então decidi deixar o meu casaco no hospital e eu iria almoçar a algum restaurante aqui perto.
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Ensina-me
WilkołakiCarolina tinha apenas 16 anos quando descobriu que estava apaixonada pelo irmão da sua melhor amiga, mas o que ela não sabia eram as consequências que esse amor traria para o seu futuro...ou era assim que ela pensava. Ela era adotada e por uma famíl...