CAP 21-Guilherme

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Eu estava na sala com os meus pais, a minha irmã e o seu marido e filhos quando a campainha tocou e Lara logo se ofereceu para ir abrir a porta.

Eu logo percebi que algo se passava quando notei a demora da minha irmã e, então, levantei-me para ir ver o que se passava quando ouvi a sua maravilhosa voz e parei naquele momento. Ela não me podia ver, não agora. Quer dizer, ela iria ficar tão magoada se me visse ali.

Fiquei uns segundos a ouvir a sua conversa com a minha irmã e percebi que se calhar era melhor eu ir embora, mas quando estava prestes a virar costas vi dois rapazes entrarem pela casa a dentro com uns enormes sorrisos nos rostos e abraçarem os meus pais, fazendo a minha mãe gargalhar com algo que eles disseram.

Os meus filhos.

Eram eles.

Eles estavam ali.

Sorri ao vê-los ali tão perto de mim, mas triste ao mesmo tempo ao saber que Carolina tinha partido mais uma vez, pois a minha irmã já se encontrava ao meu lado. Baixei a cabeça desapontado comigo mesmo e voltei a levantar quando senti a mão da minha irmã no meu ombro.

-Porque não os vais conhecer?-ela olhou para mim.

Olhei para eles e depois voltei a olhar para a Lara e neguei com a cabeça.

-Não posso-falei.

-Porque não?-olhou para mim confusa.

-A Carolina não iria gostar nada que eu os conhecesse e...

-Era o que ela mais queria que fizesses-Lara sorriu com carinho olhando para os miúdos-ela nunca te proibiu de os conheceres e seres um pai presente, mas tu preferiste fugir Gui.

-Eu sei-passei as mãos pelos cabelos.

-Vai lá-ela beijou a minha bochecha e esse foi o primeiro gesto de amor que a minha irmã fizera comigo em todos estes 16 anos.

Eu assenti e aproximei-me deles, mas assim que o fiz, todos saíram da sala menos os dois rapazes à minha frente.
Aquilo deixou-me verdadeiramente nervoso e completamente cagado.

-Olá-foi a única coisa que eu consegui dizer naquele momento.

Os dois ficaram a olhar para mim durante uns breves segundos o que para mim pareceram infindáveis horas.

-Olá-os dois responderam.

Sorri ao notar que eles eram iguaizinhos a mim com um pequeno pormenor que me faziam lembrar a mãe deles, aqueles lindos olhos azuis.

Saí dos meus pensamentos quando os vi se aproximarem de mim muito lentamente.

-Somos parecidos-falou um deles.

-Demasiado parecidos-falou o outro.

-Quais os vossos nomes?-perguntei coçando a cabeça.

-Eu sou o Lourenço-o primeiro falou.

-E eu sou o Salvador-falou o segundo.

Sorri ao perceber que Carolina colocou o nome de um dos meus filhos que eu queria caso tivéssemos um filho rapaz, Lourenço. Mas não sei o significado do nome Salvador visto que não era esse o nome que ela um dia me contara numa das conversas que tivemos quando ela vinha para minha casa.

-Porquê Salvador?-olhei nos seus olhos azuis curioso.

-Bem, no dia em que nascemos a nossa mãe quase perdeu o Lourenço-olhei assustado para ele-eu fui o primeiro a nascer e a nossa mãe estava demasiado fraca e quase não conseguiu fazer com que este palhaço nascesse, então, um dos médicos colocou-me nos braços da nossa mãe e é como se esse pequeno ato a fizesse ganhar forças e por fim o meu irmão nasceu saudável.

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