CAP 15-Guilherme

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Durante todo o jantar não tirei os olhos de Carolina e eu sorria cada vez que ela sorria ou dava daquelas suas gargalhadas altas que contagiavam todos à sua volta. Ela era especial e eu sabia que estava encrencado desde o primeiro dia que coloquei os meus olhos em cima dela.

O jantar terminou e com ele as duas mulheres mais velhas foram para a cozinha arrumar a louça e nós os homens e as duas adolescentes fomos até à sala de estar ver um pouco de televisão e conversar um pouco.

-Acho que é melhor ires descansar um pouco filha-Lucas falou para a filha.

-Mas pai-ela fez biquinho e eu sorri um pouco.

-Tens de recuperar as forças Carolina-ele voltou a falar.

-Está bem-ela bufou.

-Eu ajudo-te a ir até ao quarto-a minha irmã Lara logo se prontificou.

-Deixa estar Lara-eu comecei-eu levo a Carolina até ao seu quarto.

Lara concordou e eu peguei em Carolina ao colo e subi as escadas até ao seu quarto. As suas mãos em volta do meu pescoço, o seu corpo junto ao meu e a sua respiração junto do meu ouvido, tudo aquilo começava a mexer comigo e com o meu lobo interior.

Quando chegamos ao seu quarto pousei-a com cuidado na sua cama e cobri o seu corpo com os cobertores. Sentei-me ao seu lado na cama e acariciei a sua bochecha ao qual ela sorriu tímida.

-Tenho algo para te contar-falei olhando nos seus olhos.

-Eu também-ela assentiu.

-Eu amo-te-falamos os dois ao mesmo tempo.

Ela olhou nos meus olhos mais uma vez e aproximou o seu rosto do meu colando assim os nossos lábios num beijo calmo e doce. Agarrei na sua cara e acariciei os seus cabelos. Paramos o nosso beijo e sorrimos os dois.

-Tu deixas-me louco-colei a minha testa à sua.

-Que exagero-ela riu-fica comigo aqui.

Sentei-me ao seu lado e ela pousou a sua cabeça no meu ombro ao mesmo tempo que pegara na minha mão.

-Como te sentes?-agarrei a sua mão.

-Com algumas dores e um pouco cansada, mas estou bem-ela bocejou.

-É melhor descansares-olhei naqueles seus lindos olhos azuis-fico aqui até adormeceres.

-Obrigada-os seus lábios vieram de encontro com a minha bochecha e, então, ela voltou a pousar a sua cabeça no meu ombro.

Pouco tempo depois senti a sua respiração calma e tranquila e peguei no seu pequeno corpo e deitei-a na cama aconchegando-a melhor com os cobertores. Beijei os seus cabelos e por fim saí do seu quarto descendo as escadas, mas quando cheguei à sala de estar todos me olharam e por momentos fiquei assustado, não vou mentir.

-O que se passa?-olhei para cada um presente naquela sala.

-Temos de conversar-a minha mãe aproximou-se de mim.

-Sobre?-sentei-me no sofá ao lado da minha mãe.

-Sobre ti e a Carolina-foi a vez da Beatriz.

Passei as mãos pelos meus cabelos e suspirei. Eu sabia que aquele momento ía chegar, só não sabia que iriam estar tantas pessoas presentes.

-Sabes que tens de lhe contar, certo?-a minha irmã falou.

-Eu sei disso-assenti.

-Olha...-o meu pai começou, sentando-se à minha frente-um lobo quando encontra a sua companheira tem de a proclamar como sua mordendo-a e...-ele pensou nas palavras certas-e possuindo-a e é isso que tens de fazer senão outros lobos virão atrás dela para a proclamarem como sua.

-Isso não vai acontecer-levantei-me apressado-a Carolina é minha, ninguém se vai atrever a aproximar dela, eu faço o que for preciso para que isso não aconteça.

-Ela é humana Gui-Beatriz levantou-se e agarrou nas minhas mãos-ela sente mais dor que nós, ela não se cura tão fácil como nós, basta um erro e ela...-Beatriz respirou fundo-tu sabes que tudo aquilo que o teu pai falou é verdade, mas também sabes que se ela quiser ela pode recusar, é normal que ela tenha medo, este não é o mundo dela e se ela não quiser esta vida...-vi lágrimas nos seus olhos-só tens de a respeitar.

-Nunca a irei obrigar a nada Beatriz-abracei-a-eu prometo que vou fazer de tudo para que ela tenha uma vida mais normal possível.

-Eu sei que o farás-ela sorriu beijando a minha testa-eu confio em ti.

-Obrigado.

Depois de toda aquela conversa eu despedi-me de todos e fui para minha casa. Eu há poucos meses comprei uma casa de dois andares a um quarteirão da casa dos meus pais e há uma semana atrás fiz as mudanças dos meus pertences para minha casa.

Quando cheguei a casa subi até ao meu quarto onde tirei as minhas roupas e logo entrei no banheiro e tomei um banho longo e demorado. Senti a água quente sobre as minhas costas e respirei fundo.

A Carolina tem de ser minha, mas como a posso tornar minha se ela não quiser que eu a morda? Não vou nem posso permitir que outros lobos andem atrás dela.

Desliguei a água e embrulhei-me numa toalha saindo do banheiro e entrando no meu quarto. Sequei todo o meu corpo e logo vesti o meu pijama. Fui colocar a minha roupa e toalha para lavar e depois voltei ao meu quarto onde me sentei na minha cama a pensar em tudo aquilo que se estava a passar na minha vida neste momento.

Como é possível eu me ter apaixonado pela Carolina? Por uma humana? E como será o nosso futuro se ela não aceitar que eu a torne minha? Como será viver toda uma vida em que tenhamos de ter cuidado com quem se aproxima dela? Como a poderei proteger? Como será que me irei controlar com toda esta situação?

Eu tenho de a morder e tornar minha e rápido. Eu sou um lobo e tenho as minhas necessidades. Não conseguirei esperar tanto tempo sem a morder, não irei me controlar perto dela, não conseguirei.

-O que fizeste comigo Carolina?-passei as mãos pelos meus cabelos e sorri abanando a cabeça-estou completamente fodido.

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