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Quente como o inferno, puro como um anjo e doce como o amor.


A respectiva legenda acompanha a foto que Graziella acabara de postar no instagram junto a uma xícara de café, sua bebida quente favorita, que se tornou sua companheira nas noites em que passava uma madrugada inteira terminando seu trabalho de conclusão do curso de relações internacionais ou quando virava noites estudando para o concurso do instituto Rio Branco.

Seu rosto não possui nenhuma maquiagem e seu cabelo está em um coque no alto da cabeça. Sua beleza natural é o suficiente para gerar milhares de curtidas e comentários na foto. É bastante ativa na rede social e já possui mais de trinta mil seguidores que gostam de acompanhá-la diariamente.

Para iniciar seu dia, após tomar seu reforçado café da manhã entregue no quarto com muitas regalias, ela faz sua sessão diária de yoga a qual não abre mão. Uma forma de abrir os horizontes para o dia que viria.

Como sempre, analisa a bolsa de valores e depois toma uma banho e se veste.

Batidas soam na porta do quarto e de imediato ela segue até a mesma, a abrindo e visualizando Alessio do outro lado. Franziu o cenho, só esperava vê-lo à noite na festa de seu aniversário.

A última vez que o viu foi há um mês atrás quando foram assinar os papéis do divórcio. Ele estava com o semblante abatido e algumas olheiras circundavam seus olhos. Vendo-o agora com uma aparência saudável fica feliz, pois apesar de tudo ainda se preocupa com ele

— Alessio? — ela não esconde a surpresa e sorri em seguida — Oi.

Ele mantinha um sorriso de lado estampado nos lábios, característica dele que mais a chamou a atenção quando o conheceu. Vestia um terno Armani caro, com belo corte e sapatos que ela identificou como sendo Louis Vuitton, que custam no mínimo uns dez mil dólares o par e com seu relógio preferido no pulso, rolex.

— Como está mio amore? — pergunta a abraçando e trazendo o odor de seu perfume caro até suas narinas e ela fica sem graça por ele ainda se referir à ela como “meu amor” como fazia quando estavam casados

 
— Muito bem —  diz ao soltar-se dele e lhe dá espaço para que entrasse no quarto, o que ele faz de imediato — Achei que só o veria hoje à noite.

 
Ele passa a mão nos cabelos castanhos e morde o lábio inferior, sorrindo em seguida. Ela não pode negar que apesar de ele estar fazendo trinta e nove anos ainda tem seu charme.

 
— Era para ser assim, mas não pude evitar. Quando soube que já havia se instalado aqui no Raffles imediatamente me programei para vir te ver e te fazer um convite.

Ela franze o cenho e arqueia a sobrancelha direita, característica de quando está confusa.

— Que tipo de convite?

—Hoje no estádio Al-Rashid vai haver um amistoso internacional que está ocorrendo aqui em Dubai. O jogo será entre Milan e Paris Saint Germain e como ambos os times são patrocinados pela Fly Emirates eu vou marcar presença e como você é dona de metade das ações da companhia seria bom que fosse e me acompanhasse — explica.

Quando houve a separação Alessio fez questão de deixar metade das ações da companhia aérea para Graziella. No início ela foi contra, todavia não conseguiu convencê-lo do contrário.

— Que horas será a partida? — ela pergunta porque estava interessada em acompanhá-lo. Sendo brasileira e filha de um apaixonado pelo futebol, cresceu apreciando o esporte.

— Às 13:30. Posso contar com sua companhia?

Ela sorri sugestiva e assente.

— Tudo bem!

[...]

Logo que chegaram ao estádio Al-Rashid, Graziella e Alessio tornaram-se o centro das atenções pelo fato de estarem juntos. Os repórteres e paparazzi tentaram uma aproximação para questioná-los a respeito, porém foram rapidamente afastados pelos seguranças do magnata.

Enquanto Alessio vestia um de seus ternos e sapatos caros, Graziella chamava a atenção por seu modo simples, porém bonito de se vestir.  Usava uma calça de couro preta de cintura alta, uma blusa do Paris Saint Germain, time o qual torcia desde a adolescência e calçava botas pretas, que chegavam as coxas, do Manolo Blahnik, um de seus estilistas favoritos. Usava óculos escuro e cumprimentou a todos que via.

Foram levados até a tribuna de honra, lugar do estádio onde sentam-se os convidados ilustres e encontram por lá Nasser Al Khelaifi, dono do Paris Saint Germain e algumas personalidades do governo árabe. Cumprimentaram a todos e aguardaram o início da partida.

A todo momento Alessio enchia Graziella de carinhos e ela foi obrigada a fazê-lo parar já que toda imprensa estava de olho neles e podiam imaginar que eles tinham voltado atrás no divórcio. Ele ficou decepcionado, porém não falou nada.

Exatamente às 13:35 o jogo inicia e o Milan começa com a posse de bola.

Logo aos quatro minutos do primeiro tempo o sueco Zlatan Ibrahimoviic, atacante do Milan, passa a bola para o companheiro de time o atacante brasileiro Alexandre Pato, todavia a defesa do time francês corta. Ibrahimovic se livra da marcação e passa a bola novamente para Pato que fica na cara do gol, finalizando de forma rápida e abrindo o placar para o time italiano.

Graziella nega com a cabeça, insatisfeita pelo time adversário ao que ela torce abrir o placar.

O jogo seguiu sem grandes novidades. Muitas falhas dos jogadores de ambos os times, muitas chances de gol desperdiçadas. Aos trinta e um minutos do segundo tempo o Paris Saint Germain tem um gol anulado e de onde está Graziella começa a xingar o juiz, sendo impedida por Alessio de fazer alguma coisa maior. Entre substituições, escanteios e faltas, o jogo termina com o placar de 1x0 para o time italiano que é ovacionado pelos torcedores.

Graziella e Alessio deixaram a tribuna de honra e seguiram até os jogadores para cumprimentá-los pelo jogo.

Primeiro foram ao time francês e os parabenizaram pelo bom jogo e a boa defesa feita. Em seguida foram até os jogadores do time italiano.

Parabenizaram os jogadores brasileiros Robinho, Alexandre Pato, o autor do gol da vitória e Thiago Silva, que ficaram eufóricos ante a presença de Graziella que é brasileira como eles. Alessio não gostou da proximidade dos esportistas junto a sua ex-esposa e a levou até os outros fazendo o mesmo procedimento.

Alessio seguiu em uma conversa com o presidente do Paris Saint Germain e Graziella foi parabenizar o jogador que faltava, o sueco Zlatan Ibrahimovic.

— Foi um bom jogo. — ela diz ao se aproximar e vê-lo tirar a camisa deixando à mostra muitas tatuagens, e jogar água de uma garrafa sobre o corpo, ato que ela não pôde evitar encarar — Foi uma bela assistência para aquele gol.

O sueco a encara de cima abaixo, com expressão de desdém e dá de ombros

— Não precisa dizer o óbvio. Zlatan sabe que é bom no que faz! — diz simples e lhe dá as costas, sumindo de sua visão.

Ela fica petrificada no lugar, inconformada com tamanha arrogância do jogador. Faz menção de ir atrás do mesmo e tirar satisfação, porém Alessio a solicita junto a si, impedindo qualquer forma de aproximação daquele que a ignorou.

Luzes de Paris | Zlatan Ibrahimovic| Concluído Onde histórias criam vida. Descubra agora