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Deslizando calmamente o batom pelos lábios, Graziella os visualiza adquirir um tom escarlate. Seus longos cabelos ruivos encontram-se presos em um coque donut firme no alto da cabeça e seus olhos estão bem marcados ressaltando o verde intenso dos mesmos. O vestido lhe cai como uma luva, sendo longo em crepe cor salmão plissado com forro e um decote em V profundo, além de possuir um cinto fino e elegante e o fechamento com amarração nas costas. Muito feminino e perfeito para o evento da noite.

Ela calça suas sandálias douradas e pega sua bolsa-carteira deixando a suíte em seguida.

Após sair do elevador segue até o salão de festas do Raffles hotel e logo percebe que Alessio não economizou na comemoração de sua festa. Garçons bem vestidos andam por todos os lados servindo os convidados, mesas dispostas pelo salão comportam diversas personalidades conhecidas e ela visualiza o músico violinista André Rieu com sua orquestra tocando algumas músicas. Alessio sempre teve um gosto refinado e caro e nunca abriu mão de ter o melhor do melhor, ao contrário de Graziella que nunca se importou muito com os eventos e viagens sofisticadas os quais ele fazia questão de leva-la.

— Feliz aniversário, meu querido. — ela o abraça, ao vê-lo na entrada recepcionando seus convidados.

— Mio amore, está belíssima! — ele diz ao ouvido dela — Como sempre, bela e graciosa!

— Te desejo as melhores coisas possíveis nesse dia, você merece tudo que quiser na vida.

— Pena eu não poder ter tudo que quero. — diz e a encara intensamente, obviamente se referindo à ela, que fica sem graça — Mas só o fato de você estar aqui junto a mim neste dia já é o bastante.

Ela assente e lhe deixa um beijo na bochecha

— Aproveite a festa, querida — ele completa e ela se afasta, caminhando pelo salão e chamando a atenção por sua beleza e simplicidade.

Ela aceita de bom grado uma taça de champanhe oferecida por um dos garçons e visualiza o jogador do Milan, o brasileiro Thiago Silva se aproximar junto uma mulher muito bonita.

— Bom te ver de novo senhorita Graziella, lembra de mim? — ele questiona e ela ri.

— Primeiro, nada de senhorita, vamos deixar de lado as formalidades. Segundo, acha que iria esquecer de um conterrâneo meu? — questiona e eles riem — Mas então, estão gostando da festa?

— Para falar a verdade eu preferia um churrasco na laje, mas não vamos desperdiçar a chance de bebermos bebida boa e de graça, não é? — Thiago diz e ela ri concordando — Olha, essa aqui é minha esposa e mãe dos meus dois filhos, Isabelle — apresenta a mulher que o acompanhava.

— É um prazer! — Graziella diz sincera e Isabelle sorri largamente.

— O prazer é meu, é muito bom encontrar outra brasileira no meio de tantos gringos.

— Querida, o Ibra acabou de chegar, vou até ali falar com ele — Thiago diz e o olhar de Graziella segue até a entrada do salão onde o sueco de quase dois metros de altura se encontrava conversando com o presidente do Paris Saint Germain. A raiva de mais cedo por ele a ter tratado com arrogância retorna e ela desvia o olhar rapidamente, prestando atenção no que Isabelle dizia.

A festa estava abarrotada de personalidades do futebol, como alguns jogadores do time do Milan, Paris Saint Germain e Real Madrid, que são patrocinados pela Fly Emirates e que logo foram convidados por Alessio para a comemoração.

— O que você faz, Graziella? Desculpa a intromissão — Isabelle pergunta e ela sorri, dizendo que não tinha problema.

— Eu sou diplomata.

— Eu nunca entendi bem como funciona essa profissão.

— Ela é um pouco complexa, na verdade — diz enquanto caminham para o lado externo do hotel para se livrarem do intenso calor — Mas em formas simples eu represento, negocio e protejo os interesses do Brasil em outros países.

— Entendi, deve ser bastante complicado.

— Bom, não é fácil, mas para quem gosta não é complicado. O difícil é passar na prova de admissão à carreira, mas com estudo e dedicação não é impossível.

— Eu queria ser médica, sabe? Sempre foi um sonho, mas eu amo tanto o Thiago que acabei deixando meu sonho de lado e confesso que me tornei uma amélia. Vou com ele para todo lado e cuido dos nossos filhos e nossa casa.

— Nunca é tarde demais para realizar um sonho, Isabelle.

— Pode me chamar de Belle, eu prefiro.

A conversa entre as duas avança, mas logo Thiago chama Isabelle para apresenta-la a alguém o qual Graziella não imagina quem seja.

A ruiva permanece sentada em uma das espreguiçadeiras da área de lazer do hotel encarando a água límpida da piscina e bebia uma taça de champanhe com o pensamento longe.

O celular dela toca dentro da bolsa carteira e imediatamente atende ao visualizar “mãe” na tela

— Oi, mãe — sorri largamente, pois sempre se sentia bem ao falar com ela — Como está tudo?

— Tudo bem, filha, estamos com saudades. Quando pretende nos visitar?

— Ainda não tenho uma data certa, mãe. Estou abarrotada de trabalho na Inglaterra — diz e ouve um suspiro pesado de sua mãe.

— Em que país do mundo você está agora? — pergunta, pois sabe que na carreira que a filha escolheu não se passa muito tempo em um mesmo país.

— Estou morando na Inglaterra, mas no momento estou em Dubai, nos Emirados Árabes para a comemoração do aniversário de Alessio.

— Vocês não se divorciaram? — pergunta confusa.

— Sim, mãe, mas ainda continuamos amigos. Não poderia deixar de estar junto à ele nesse dia tão importante, afinal ficamos três anos juntos.

— Tem razão, querida. Bom eu tenho que desligar agora. Seu pai lhe mandou muitos beijos.

— Diga que eu também mando muitos beijos e abraços para ele — sorri.

Se despedem e Graziella finaliza a ligação.

— Estava à sua procura — uma voz grossa com sotaque forte soa no ambiente e Graziella se vira encontrando o olhar do jogador sueco Ibrahimovic sobre si e franze o cenho.

— A mim? Por quê? Para me tratar com arrogância novamente?

Ele ri de forma cínica e se aproxima dela ficando à sua frente.

— Eu queria me desculpar pelo modo como a tratei — ele diz a pegando de surpresa.

— Ótimo! — fala satisfeita.

— Você não me deixou terminar, eu disse que queria, mas percebi que não tem o porquê. Eu estava com problemas e você apareceu justamente no momento em que eu estava canalizando toda minha raiva, então a culpa é sua.

Ela ri sem humor.

— Está falando sério? Você trata uma pessoa mal e depois joga a culpa na própria pessoa? Escuta, eu não tenho culpa se você está com problemas, todos temos nossos problemas e não adianta ficar descontando em outrem — o encara — Bem que ouvi falar de você...

— Claro que ouviu. — diz em tom egocêntrico.

— Você não me deixou terminar — usa a frase dele contra ele mesmo — Ouvi falar de você, o cara egocêntrico e um tanto arrogante, só não achei que fosse tanto.

— Você não me conhece, não pode sair falando o que não sabe.

— Tem razão, eu não te conheço, mas pelo pouco que vi não tenho interesse algum de conhecer.

Ele a encara incrédulo com sua ousadia. Ela pega sua bolsa e dessa vez é ela quem dá as costas a ele.

Luzes de Paris | Zlatan Ibrahimovic| Concluído Onde histórias criam vida. Descubra agora