Capítulo I - Dia Antes!

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-31 de março de 1915...
24 horas antes da partida...

— William, o Octenville não pode ser um navio de tropas! Disse Dorothy quase perdendo a paciência com o seu irmão mais velho William Chambers, presidente da empresa de navegação da família, a Chambers Line.

— Você quer uma explicação de porque o Octenville não pode ser um navio de transporte de tropas? Perguntou Dorothy olhando para um jornal depositado sobre a mesa.

— Simples, ele é o navio mais luxuoso da companhia e não ser um navio de tropas, com aquela pintura Dazzle, ele irá parecer um tabuleiro xadrez e outra ele poderá ser torpedado em qualquer circunstância, William! Disse Dorothy passando a página de um jornal.

— Pelo amor de Deus, William,aonde você estava com a cabeça de querer emprestar o Octenville para o Almirantado, ele pode muito bem escolher outras embarcações de outras companhias! Disse Dorothy tomando um gole do seu doce chá.

— Certo, resolveremos isso daqui a sete ou oito dias, eu e o Edward vamos para Southampton no Lusitania, chegaremos no dia 07 ou 08 de maio, passar bem! Disse Dorothy e em seguida ela encerrou a comunicação com William.

— Quem era, querida? Perguntou Edward se aproximando de Dorothy.

— Era o Will, o meu irmão! Disse Dorothy tomando mais um pouco do seu chá.

— Certo! Disse Edward.

— Está animada por finalmente ir para o Reino Unido? Perguntou Edward colocando as suas duas mãos sobre os ombros da jovem.

— Mais ou menos! Disse Dorothy retirando o copo dos seus lábios.

— Eu sei que você ainda está com medo de viajar em algum navio depois do naufrágio do Titanic, mas precisamos voltar para o Reino Unido, onde lá poderemos viver em paz! Disse Edward se abaixando e colocando o seu rosto sobre o ombro de Dorothy.

— Espero Edward! Disse Dorothy se levantando da cadeira e indo até à janela do apartamento de Bessie.

— SEDE DO ALMIRANTADO BRITÂNICO!

— Senhor! Chamou o oficial Wilson Eldrigde entrando no escritório do Almirantado Phinneas Price.

— Sim! Respondeu Phinneas.

— Acabamos de receber uma mensagem da guarda costeira da França, informando que um navio cargueiro foi afundado por um submarino alemão! Respondeu Eldrigde depositando a mensagem na mesa de Price.

— Há quantas vítimas? Perguntou Price retirando a sua atenção de documentos do primeiro-ministro Winston Churchill.

— Seis homens morreram, senhor! Respondeu Eldrigde se sentando numa cadeira da sala de Price.

— Maldito seja os alemães! Disse Price largando a caneta e se levantando da sua cadeira, em seguida indo até à janela acender um charuto.

— O que iremos fazer enquanto aos outros navios que passarem no canal Irlandês? Perguntou Eldrigde preocupado.

— Senhor Eldrigde, avise aos capitães desses navios que iremos providenciar a segurança deles! Ordenou Price e depois dando uma tragada no seu charuto.

— Sim senhor! Disse Eldrigde, o homem se levantou, seguiu até a porta e passou por ela logo em seguida, deixando Price sozinho com os seus documentos no seu próprio escritório.

O navio torpedado era o cargueiro da companhia “Iberian Line”, o SS Albatroz, um cargueiro de uma única chaminé e que fazia a rota de Liverpool a Le Havre. A Iberian era uma pequena empresa fundada no início da década de 1910,ela possuía apenas cinco navios, três de passageiros e dois cargueiros e o fundador da mesma era “Stanley Groves”, um ex-amigo de “Johnston Chambers”, o pai de Dorothy e o fundador da Chambers Line. Johnston e Stanley fundaram a “Chambers & Iberian Line”, mas no final do ano de 1909,Stanley e Johnston tiveram uma briga feia e se separaram, Groves deixou a equipe da “Black Star Line” e fundou a sua própria companhia em 1910, Johnston teve que retirar o nome Iberian da companhia e deixar para “Chambers Line”. Depois daquela briga, Groves e Chambers deixaram de se falar e Groves criou a sua própria equipe,a "Groves & Company Navigation”.

Não se passava das 19h30min,Dorothy recebeu a visita de Josephinne Turner, a sua velha amiga de infância e sobrevivente do naufrágio do Titanic em 1912.

— Josephinne, este é meu marido Edward Simpson! Disse Dorothy apresentando Edward para Josephinne.

— E Edward, essa é minha antiga amiga Josephinne Turner! Apresentou Dorothy para Edward.

— O prazer é meu, senhorita Turner! Disse Edward se levantando do sofá e esticando a mão para Josephinne.

— Encantada, senhor Simpson! Respondeu Josephinne olhando para Edward dos pés a cabeça e logo apertando a mão do jovem rapaz de 23 anos.

Depois eles começaram a conversar, durante toda a conversa de Dorothy e Josephinne, Edward se manteve quieto e só respondia às perguntas de Dorothy. Josephinne olhava para Edward com uma cara de suspeitar do rapaz, como se ele fosse um ladrão e iria-lhe roubar todas as joias e todo o seu dinheiro. O jovem Edward era um simples rapaz, herdeiro de uma família de escritores e estrelas do cinema mudo da época, Edward nasceu na Califórnia em 1892 e se mudou para Nova York com 16 anos. Edward foi bem-educado por seus pais, o senhor James e a senhorita Catherine Simpson, Edward tinha irmãos gêmeos, chamados Johnson e Johnston Simpson. O jovem Simpson era bem simples, nunca se encrencou com a polícia e nunca bateu em ninguém durante toda a sua adolescência.

Edward estava sentado sobre o sofá da sala de Bessie e bebia um vinho, o famoso “Johnnie Walker” de 1891. A sua roupa era apenas uma camisa branca com botões, usava suspensórios com uma calça marrom e sapatos pretos, seus cabelos era jogado na testa, tinha mãos-largas e firmes, os lábios eram pequenos e os seus olhos eram castanhos. Como Dorothy dizia, Edward era um marido encantado, o homem era a verdadeira paixão da senhorita Dorothy Chambers, mas ela não sabia que iria viver o verdadeiro inferno a bordo do Lusitania.

— Então Josephinne, amanhã eu estarei a voltar para a Inglaterra! Anunciou Dorothy, mexendo o seu chá com uma pequena colher de alumínio.

— Mas você não está com medo de… Sabe! Disse Josephinne, tentando não falar a palavra “Afundar” perto de Dorothy que estava traumatizada por perder o seu amado amante James Burton no naufrágio do Titanic.

— É o que espero Josephinne! Disse Dorothy parando de mexer o chá e soltando um leve suspiro.

Logo as horas se passaram e Bessie chegou com o senhor “Harold McMullen”, o seu namorado desde o começo do ano de 1912. Eles estavam numa reunião de trabalho no prédio da “New York Times”, Bessie cedeu o quarto de hóspedes para Dorothy e Edward, o casal de jovens ficaram até um pouco mais tarde, Bessie ajudou Dorothy a arrumar as suas quatro bagagens, duas de Dorothy e duas de Edward, depois de arrumar aquelas malas, a jovem Dorothy foi atrás de Edward, ela encontrou o jovem rapaz parado em frente a janela, com um cigarro entre dois dedos, o jovem observava a luz da lua cheia naquela época que brilhava como um farol numa costa.

-Estava-lhe procurando! Disse Dorothy abraçando Edward pelas costas.

— Eu vim tomar um pouco de ar! Disse Edward e logo depois dando uma tragada no seu cigarro.

— Veio tomar ar e fumando? Perguntou Dorothy com um certo deboche chegando.

— Desculpe, eu fumo de vez em quando! Disse Edward e logo depois dando uma última tragada no cigarro e jogando o mesmo fora.

— Bem vamos dormir, amanhã temos que acordar cedo! Disse Edward indo em direção a cama.

— Certo, vamos! Respondeu Dorothy.

Logo depois, Edward se sentou na beira da cama e começou a tirar os sapatos, quando Dorothy beijou o pescoço do rapaz, fazendo o mesmo se arrepiar dos pés a cabeça. Ele abriu um sorriso e logo Edward olhou no fundo dos olhos de Dorothy e eles iniciaram um beijo doce, calmo e romântico e eles deitaram na cama, onde logo depois de se amarem, eles dormiram profundamente abraçados.

S.O.S LusitaniaOnde histórias criam vida. Descubra agora