Heylla saiu da tenda colocando as luvas com malha de corta de ferro. O som dos soldados se reunindo ecoava pelo vale em um ritmo sincronizado. As bandeiras tremulavam acima das tendas, o emblema do Reino do Corvo se destacando no pano negro. Não fazia ideia onde se encontrava Loryk. O exército dele estava para além das montanhas que se erguiam no fim do vale verdejante, do lado direito do acampamento uma grandiosa floresta se projetava com a sua vegetação cerrada.
O local era de difícil acesso, devido a ser numa mata fechada, hora por árvores gigantescas e outras por poços de águas escuras e densas que era capaz de sugar qualquer coisa para dentro, esses lagos se distribuía ao longo do terreno. A missão de Heylla era deter o exército inimigo que avançavam por este lado. Ela observava as árvores enquanto tentava analisar uma forma de voar entre elas.
Podia passar voando por cima das árvores, mas deixaria os seus homens vulneráveis no chão. Depois de perder tantos soldados na batalha que teve com Bayron, preferia não ariscar ter que passar por aquilo de novo. Tentava não se importar com eles, mas falhava miseravelmente. Sentia pena daquelas pobres criaturas; presas no meio dessa guerra insana, sem escolha de pular do barco. Ela pelo menos tinha o poder, eles apenas, seus corpos mortais e frágeis. Seria uma missão difícil, teria que lutar no chão, e ela não gostava dessa desvantagem, lutava muito melhor no ar.
— E aí chefia! o que é que você manda? — Perguntou Katsuo, se aproximando dela.
A tenda que Katsuo ocupava ficava ao lado da dela. O rapaz tinha percebido que era uma forma de ser o vigiado de perto, no entanto, não se importou muito com o fato. Pois, percebeu que a garota era a única conexão que tinha com à Terra. Todos os outros seres pertenciam a esse mundo, eles eram os únicos estrangeiros. Precisava se adaptar a este lugar, mesmo pertencendo a países diferentes na Terra, Heylla era a única que podia entendê-lo.
Girou o anel no dedo, aquela pequena peça de ouro e rubi o conectava com seu lado animal, o pantera. Ainda estava se acostumando com essa força estranha que parecia modificar seu corpo a cada dia. Sentia-se mais forte, ágil e conectado a magia que parecia circular pelo ar em sua volta. Ela tinha razão ao dizer que essa era a melhor parte de tudo, o poder. Ao acordar pela manhã se vestiu e rumou para fora, estava comendo com alguns soldados procurando entender mais profundamente a dinâmica da guerra nesse mundo místico, quando avistou Heylla saindo de sua tenda.
Ainda era muito cedo, uma nevoa fina cobria o vale, e o clima frio fazia os soldados ficarem pertos das fogueiras que eram usadas para fazer a comida e se esquentarem do ares da madrugada. Levantou-se indo ao encontro dela que estava com o olhar perdido em algum lugar da floresta e a sobrancelha erguida no canto denotava algum tipo de preocupação.
— Bom dia Katsuo. Acordou cedo. — Comentou Heylla sem olhar para ele.
— Bom dia Heylla, digo o mesmo. Pelo jeito vocês gostam de madrugar.
— A guerra nunca dorme. — Disse ela se voltando para ele com um leve sorriso no canto da boca.
Katsuo, ficou sem fala por alguns segundo. Ainda não tinha se acostumado com a beleza das mulheres desse lugar, a outra, a morena, era também um espetáculo de mulher. Elas não eram apenas bonitas, eram perigosas e letais, o tipo de garota que ele gostava.
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Senhora dos Corvos, Terra da Luz e Sombra
FantasyQuando Helena entrou em uma carruagem conduzida por um estranho ser místico de reluzente pele negra e tatuagens douradas não teve nenhum receio ou surpresa, pois já esperava por ele desde os seus 10 anos. Há muito tempo tinha conhecimento de um mun...