A torre se encontrava em uma terra árida, a quilômetros e, mais quilômetros de nada além de poeira e montanhas. Era uma estrutura de trinta metros subindo rumo ao céu com seu aspecto sombrio de forma redonda, a cada seis metros era circundada por grossos espinhos de ferro, e no último andar destinado aos mais perigosos prisioneiros uma grossa corrente em brasa crepitava em volta dela. Durante a noite os andarilhos ou mercadores que se atreviam a atravessar o deserto, podiam ver de longe a mística corrente iluminando através de seu fogo o último andar da Torre dos Esquecidos.
A princesa olhava ansiosa a porta de sua cela, sua mente estava confusa tentando recordar do dia em que chegou nesse lugar horrível trazida pelo Regente. Essas lembranças pareciam tão distantes e vagas que ela já não tinha certeza se era produto de sua imaginação ou fora real. Quando foi isso? Pensava ela em seus devaneios, semanas, meses? Tinha perdido a noção de tempo por entre essas paredes frias de sua cela. Suas mãos ansiosas tentam inútilmente desamassar o tecido do casaco longo que já teve dias melhores que esse. Ele tinha um belo tom de azul marinho, a blusa de algodão branca adquiriu um tom vermelho escuro devido ao sangue.
Estava coberta com feridas e hematomas das torturas feita pelo carrasco da Torre para que ela confessasse os assassinatos. Jamais faria isso, por mais dolorosa que fosse a situação que estava passando ainda tinha seu orgulho. Somente na presença de um nobre ou ancião confessará seus crimes. Passou a mão pelos fios ressecados dos cabelos. Lembrou como eles sempre ficavam em um elegante coque e ornado com tiaras ou fios de ouro e prata, agora parecia um emaranhado de fios secos e sem vida. E por mais que sua mão ansiosa tentasse esticar o tecido do vestido ele não voltava à sua antiga forma.
Porém àqueles gestos repetitivos era a única coisa que a impediam de perder a sanidade. Tudo o que seu coração mais desejava era poder estar em casa, morrer em suas terras. Mas era um desejo inalcançável, disso ela tinha consciência. Se fechasse os olhos podia ouvir o som das ondas do mar batendo contra os paredões de seu castelo.
Seu Reino agora era um sonho distante, apenas um delírio de quem um dia ela foi. E mesmo que por um milagre dos Deuses ela conseguisse escapar dessa Torre, o Lobo a mataria com certeza, e o conhecendo tão bem ela sabia que seria uma morte bem dolorosa. Ele jamais perdoaria uma traição, tinha invadido o território do Reino da Luz por conta própria movida pela raiva e desejo de vingança.
Tinha que admitir que foi uma tola em se deixar levar por um sentimento tão insano. Mas desde que toda essa loucura começou, a insanidade tinha lhe tomado toda a razão. Tudo tinha sido planejado tão bem, o Regente estava fora em uma missão no Leste, então ela entraria no território sem ser vista faria o serviço e estaria em casa antes de alguém descobrir a invasão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Senhora dos Corvos, Terra da Luz e Sombra
FantasíaQuando Helena entrou em uma carruagem conduzida por um estranho ser místico de reluzente pele negra e tatuagens douradas não teve nenhum receio ou surpresa, pois já esperava por ele desde os seus 10 anos. Há muito tempo tinha conhecimento de um mun...