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   Passaram-se quatro dias e eu estava cada vez mais observadora, podia ser loucura mas a simpatia da Alexia havia esfriado, e eu podia jurar que em determinados momentos, ela beijava o Mikael e me olhava, ou até mesmo fazia piadas sem nexo como se soubesse de alguma coisa, como se soubesse de tudo.

- Está super estranho isso.. - Comentei com o Erick. - Se ele tivesse contado pra ela, ela teria terminado com ele, não é?

- Eu não sei Megan, já fazem quatro dias e parece que você está ficando louca. - Ele riu fraco. - Eu não prestei atenção em nada disso. - Me sentei na areia perto dele e encarei o mar. - Nem todo mundo suporta ver quem ama, sendo feliz com outra.

- Ele não é feliz com ela. - Eu estava defendendo ele, esse era sempre meu instinto. Relaxei a postura. - Eu acho que não. - Corrigi falando, dessa vez mais baixo.

- Olha... - Ele respirou fundo. - Durante esses dias ele te procurou, ou terminou com ela?

- Não.

- Terminamos o mistério. - Ele me olhou. - Sou amigo do Mika, mas ele é um babaca e vai te fazer sofrer mais se você continuar achando que ele vai terminar com a Alexia pra ficar com você. - De repente a sinceridade do Erick me intristeceu. - Eu não queria te magoar. - Ele me olhou.

- Tudo bem.. o que é a noviça Megan Hillary, perto de uma herdeira bilionária chamada Alexia DiMarco? - Eu o encarei. - Até o sobrenome dela é legal, deve ser só coisa da minha cabeça mesmo. - Ele bagunçou mais os meus cabelos.

- Sua teoria é louca, mas comparado a ela eu prefiro você mil vezes. - Ele segurou meu queixo para que eu continuasse o olhando e foi o que eu fiz. - Quando vamos retornar ao nosso momento na cozinha? - Eu ri.

- Você.. - Fui interrompida quando a bola de vôlei bateu na minha cabeça. Me virei rápida com o susto, e ela estava rindo, correndo até mim.

- Me desculpa. - Alexia sorriu e passou a mão na minha cabeça, uma mão bem pesada. - Eu juro que não foi por mal. - Erick se virou para pegar a bola e em fração de segundos o sorisso dela desapareceu, e quando ele se virou para entregar a bola, ela sorriu. Franzi o cenho a observando voltar e então me levantei.

- Pra onde vai, Megan? - Eu arrumei meu maiô branco e olhei para o Erick.

- Entrar no jogo.

(...)
  O vôlei foi mais animado do que parecia, e tava na cara que estávamos dando nosso melhor não só para não deixar a bola cair no chão. Após toda a adrenalina do jogo, decidimos parar e eu e o Erick perdemos, era óbvio, eu não tinha um tipo muito esportivo, mas tínhamos protagonizado a melhor partida da tarde.

- Você é feroz, Megan. - Will comentou e em seguida sorriu pra mim.

- Obrigada. - Eu passei a toalha no rosto para que amenizasse o suor.

- Tinha tanta tenção que parecia que a terceira guerra mundial ia explodir entre você e a Alexia. - Eu encarei o Lucas após esse comentário sensacional. Eu não era a única. Ele também tinha percebido. Parei de me enxugar e fiquei o olhando. - O que foi garota?

- Você percebeu.. - Eu franzi o cenho e me ajoelhei próxima aos dois. - Havia algo mais ali do que só uma partida de vôlei, não é?

- Sim, isso é óbvio. Só quem se fingiu de cego não notou. - Eu observei Jade, Mel, Ian, Vanessa, Mikael e Alexia rindo e conversando com eles.

- Talvez todos ainda estejam cegos. - Ele me olhou sem entender. - Obrigada por confirmar que eu não sou louca Lucas, eu sempre gostei de você. - Mandei um beijo no ar para ele e saí.

(...)

   Após tomar banho, me vesti de maneira confortável e sentei na cama de frente para a janela. Quando alguém bateu na porta e antes que eu permitisse a entrada, ela foi aberta o observei entrar e então não falei nada, ele trancou a porta e eu me virei para continuar observando a bela e escura paisagem que aquela janela me proporcionava.

- Como você está..? - Ele se sentou do meu lado e então me olhou.

- Eu estou bem. - Eu não o olhei. - Estou no paraíso. - Eu ri. - Mas a cobra está aqui comigo, então eu tenho que lidar com ela.

- Meg.. - A voz dele foi suave e meiga, então eu o olhei. E estranhamente ele parecia triste, de uma maneira que eu nunca havia visto. - Me desculpe por ter ficado longe esses dois dias e.. - Ele respirou fundo. - O lance com a Alexia envolve mais coisas e acredite em mim, outras pessoas. - Eu o encarei. - Preciso que me espere e confie em mim.

- Você está me pedindo duas coisas impossíveis. - Eu me levantei da cama. - Você não é confiável e isso era notório desde da nossa primeira aproximação, quando você me colocou em uma posição de saber de tudo e omitir fatos de pessoas que eu gosto pra te encobrir. - Ele se levantou e se aproximou, ficando de frente comigo. - E.. envolve mais pessoas? Do que você está falando? Relacionamento é a dois. - Eu ri. - O Erick me disse que você não trocaria a Alexia por mim, e eu estou começando a acreditar nisso.

- Não.. - Ele se aproximou de mim. - Não, eu nunca te trocaria por ninguém Megan. - Ele segurou meu rosto e em seguida me abraçou. - Eu sei que sou mentiroso, que é sem nexo eu vender drogas se vivo em boa condição, que eu já te tratei mal e as vezes sou grosso. Eu sei que eu não presto e que você é boa demais pra mim. Eu sei. Eu entendo que  não sou a pessoa mais confiável, mas pra você eu quero ser. - Ele me olhou nos olhos, e eu queria tanto chorar e ficar abraçada com ele. É loucura ele ser o motivo do choro e ao mesmo tempo ser o alívio do mesmo. - Eu te amo. - Meu coração acelerou de maneira que eu não consigo descrever. Eu o amava e queria ouvir isso mais do que tudo, e sabia que essas palavras, com o tom de voz dele, seria repetida na minha mente diversas vezes como um mantra. - E-eu te amo. - Ele me olhou sério. - E eu vou fazer o que for preciso pra ficar com você. Vou resolver essa questão com a Alexia, vou no convento dizer que você é minha namorada, vou anunciar pra todo mundo que eu sou seu. - Senti seu lábio tocar o meu delicado, cauteloso e intenso. Fazia tanto tempo que não ficávamos juntos, que apenas esse toque fez com que automaticamente meus braços passassem pelo seu pescoço, o puxando para mim. Eu queria tanto tê-lo. Queria realmente acreditar que era meu, apenas meu. Senti sua mão firme segurar minha nuca, enquanto repuxava alguns cabelos mandando arrepios pelo meu corpo, enquanto a outra me segurava com força pela cintura, em uma maneira indireta de dizer: Não se afaste de mim. Ainda aos beijos, andamos de volta para cama e quando ele me olhou, ele sorriu. Mas eu ainda tinha vontade de chorar. Agora, por que não sabia o que sentir. Felicidade ou tristeza? Não sabia o que estava acontecendo com meu corpo naquele momento e não ter controle das suas emoções é tão ruim.
Ele beijou meu pescoço e me olhou.

- Eu.. - Ele hesitou. - Prometo que não vou mais te fazer chorar. - Eu deixei as lágrimas caírem, sem nem saber por quê. Ele se sentou na cama, e me colocou em seus braços, e ainda sentindo um turbilhão de coisas, adormeci abraçada nele. Como um sonho em uma noite de verão, que acabou rapidamente.

(...)

Losin Control (Concluído) Onde histórias criam vida. Descubra agora