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   A sensação de estar sendo observada me incomodava mais uma vez, a ponto de me fazer acordar às três da manhã. Com as pizzas e o grupo reunido, a conversa prolongou até alta horas e então decidimos dormir na irmandade. Eu estava no quarto do Mika, junto com a Jade e a Mia e a Hanna. Me levantei sonolenta e quando dei três passos, me assustei com a figura sentada na poltrona, me olhando.

- Não queria te assutar. - Finalmente tirei a mão da boca, contendo o grito que teria soltado em outras circunstâncias e respirei fundo me recuperando do susto. - Vem.. - Ele pegou na minha mão e me levou para fora do quarto.

- Não sabia que você voltaria hoje. - Finalmente me direcionei a ele, o abraçando. Sentir seu cheiro era uma das melhores coisas do mundo. - Senti muitas saudades. - Ele deu um riso fraco, me observando. - Aconteceu alguma coisa? Você não me ligou mais.. eu, não queria te incomodar. - Ele me interrompeu.

- Talvez.. - Ele suspirou pesado. - Vamos para a sala, não quero acordar os outros. - Assenti e então, descemos juntos e em silêncio para a sala da grande casa. Ele estava estranho, parecia desanimado, até mesmo triste. - Como está sendo a busca pela sua irmã? - Ele se sentou a minha frente, me olhando.

- O Richard ainda não me deu resposta, talvez esteja esperando encontrar uma informação importante. - Dei de ombros. -  Mas, amanhã tenho um entrevista de emprego e então já comecei meu plano operação independência. - Ele riu fraco. Mas não tirava os olhos de mim. - Por que não me avisou que voltaria hoje?

- Por que não o faria. - Ele mexeu nos meus cabelos, os tirando do meu rosto. - Mas.. eu precisava vir, me certificar que você estava bem.

- É claro que estou.. - Eu sorri e me aproximei para beijá-lo, e então ele ficou parado, correspondeu devagar e quando senti sua mão na minha nuca instantes depois ele parou o beijo e o contato, franzi o cenho o encarando. - Talvez, você não... - Arrumei a postura no sofá o olhando. - Sei que está evitando falar comigo, principalmente sobre os DiMarcos. - Decidi jogar as cartas na mesa.

- Você é sem dúvidas a pessoa que eu mais me importo no mundo. - Ele começou falando e então meu coração acelerou, não de uma maneira boa, como se eu fosse receber uma declaração de amor, fazendo com que acabassêmos sem roupas no sofá. - Eu te amo, Megan. - Ele se aproximou ainda me observando e então, me beijou. Tão triste, lento, mas também cheio de vontade. - Sempre que eu te perguntar algo, você me responderá que sim... - Ele me olhou nos olhos.

- Está fazendo como no rio. - Meus olhos estavam cheios de lágrimas e a confusão já havia se instalado sem pedir licença no meu cérebro. - O que está acontecendo?

- Todas as vezes que eu te procurar, você não vai me responder. - Os olhos dele também estavam marejados. - E vai fazer de tudo, para me esquecer.

- Não posso fazer isso. - Segurei suas mãos com força.

- Só cumpra sua promessa. - Ele se afastou.

- A fiz pensando que receberia um pedido de casamento... - Eu tentei conter as lágrimas. - Por que está fazendo isso comigo?

- Megan! - Ele falou alto.

- Sim! -Eu gritei o encarando, com raiva. - Mas por que? Depois de tudo o que passamos para ficarmos juntos? Não sei se pra você parece pouca coisa, mas para mim.. - Eu ri enquanto controlava as lágrimas. - Sempre quis liberdade, e me vi presa a você. Me privando de viver esperando você, você tinha noiva, você me convenceu de que daria um jeito, eu fui exposta, eu fui expulsa, e agora você... Você só.. - Ele se levantou me olhando, com sua feição que denunciava que ele poderia chorar a qualquer momento. Pegou o capacete e foi embora, e eu deveria ter desconfiado que, aquela felicidade a qual eu estava sentido, poderia ser arrancada de mim, só não esperava que fosse acontecer, tão rápido assim. E pelas mãos, dele.

(...)
   
   As horas se passaram rápidas, a medida que eu estava afundando em diversas dúvidas criadas pela minha mente, não fazia sentido, estávamos bem, apesar das rotinas corridas. Encarei o teto, quando ouvi passos se aproximando, fechei os olhos em uma tentativa falha de fingir estar dormindo, mas ele me conhecia.

- Por que não dormiu? - Erick quebrou o silêncio, e então eu abri os olhos para o olhar. - Estava chorando?

- Está tão óbvio?

- Você está péssima. - Ele deu um riso fraco, e se aproximou, automaticamente me sentei e ele se sentou do meu lado, tombei minha cabeça para seu peito, e ele passou a mão no meu braço. - Mikael?

- Respirei fundo. - Sempre é ele... - Erick estava em silêncio, esperando que eu o contasse. - Ele.. terminou comigo. 

- Oque?! - Erick conteve a voz, e então me olhou. - Por que?

- E-eu não sei... - Ele se arrumou novamente no sofá e voltou a fazer carinho no meu braço, em uma maneira falha de tentar me reconfortar. - É como se tivesse arrancado algo de mim, Erick.

- Eu não vou dizer como é, por que só perdi o que nunca foi meu. - Ele tombou a cabeça, encostando-a no sofá. - Mas eu fico triste por ver você triste.

- Vamos embora. - Eu me levantei apressada. - Tomamos café em qualquer lugar, eu só.. não quero que me vejam assim.

- Tudo bem, eu vou só pegar o celular. - Ele se levantou rápido e correu ao subir as escadas.

    Saímos em silêncio e andamos em silêncio, eu estava confusa demais, me perguntando porquê? E se ele se afastou justamente pensando em terminar? Mas ainda sim, qual seria o motivo? Se ele me ama...

- Aqui está o seu café, sem açúcar. - Erick se sentou na mesa da lanchonete a minha frente, colocando o copo em cima da mesma. - Ainda está procurando um motivo?  - Eu o olhei.

- Só não faz sentido pra mim.. - Bebi o café que amargava como a minha vida. - Não conte para os outros. - Ele assentiu. - Já se mobilizaram e tentaram me ajudar demais, não quero ser um fardo.

- Nunca seria.

- Só, vamos manter entre nós. - Ele concordou. - Não vou assistir as aulas, vou dormir para estar descansada para a entrevista.

- Tudo bem. - Ele se levantou, assim que eu me levantei. - Fique bem, e acredite em mim.. - Ele olhou bem nos meus olhos. - Com certeza o motivo não está em você. - Ele beijou minha testa e se distanciou para que eu fosse embora, o ofereci um riso fraco e andei em direção ao bloco A.

  Preciso parar de pensar nele ao menos na entrevista de emprego, não vou perder o controle das minhas emoções mais uma vez por causa dele. Criei força a medida que me aproximava do bloco A, estou decidida. Se ele quis terminar comigo, mesmo que doa,mesmo que eu não saiba o motivo, mesmo que esteja confusa, mesmo que me dê vontade de chorar ao lembrar o quanto eu amo aquele idiota apenas sob tortura poderei confessar isso em voz alta. Caso contrário, ninguém nunca saberá o quanto Mikael Hastings maltratou meu coração, com apenas uma atitude: Me deixar.

(...)

Losin Control (Concluído) Onde histórias criam vida. Descubra agora