PT 1 | Capítulo 12 | Nós libertamos um leão

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Tente apagar isso do quadro negro.

Quando você ganha a oportunidade de reagir sabendo que será protegido e apoiado, é quase como ganhar na loteria. Na verdade... quero dizer algo melhor do que isso. É como se a Na'vi ganhasse uma função muito maior quando você é o Link, não só de ficar falando pro que você fazer. Não, o que eu quero dizer... é que... é como se você ganhasse uma Midna. Isso mesmo. Você ganha uma Midna como aliada. Não uma Na'vi, que fica voando e agindo como uma terapeuta alada de um órfão perdido. Não uma Zelda/Sheik que, além de dar uma de filósofa, dá uma de sábia, faz o Link correr mundos e fundos pra libertá-la das mãos de Ganondorf, quando ela mesma pode sair quando quiser se ela se transformar num cosplay de roupa apertadinha. Por que ela não simplesmente vira esse cosplay e se liberta sozinha? Mas uma Midna... Ter uma oportunidade ao estilo Midna soa cruel, inicialmente, mas... só quem conhece sua história sabe o quanto ela espera uma oportunidade pra trazer as coisas de volta ao normal. 


E só quem a tem como aliada sabe quanto poder está disponível em suas mãos. De, mesmo na escuridão, trazer à luz muita coisa. Basta você virar um lobo. De que eu estava falando mesmo? 

Foi nisso que eu vi uma Midna. Que a turma inteira viu. Inicialmente, o professor quis fazer chaves de grupos, mas não deu certo. Então, ele deixou ao estilo livre. Ele sabia que podia trazer alguns impactos e escândalos à tona, mas ficou combinado que nenhuma informação trazida no tribunal poderia ser vazada. Se fosse, a pessoa que vazou a informação e fosse descoberta levaria zero e teria que repetir. Sim, uma matéria te faz repetir um ano inteiro na minha escola. E além disso, a turma toda perderia 50% da nota. Claro. Se íamos virar leões e lobos (isso me lembrou de um programa... na verdade, de um apresentador de TV de um programa de fofocas... era mais ou menos aquilo que o tribunal ia virar), precisávamos entender as consequências de perder a cabeça ao agir como animais irracionais. Então o pacto estava selado. Com contrato e tudo. Pra caso quiséssemos recorrer à justiça. Nada melhor que um professor que entende seus direitos mais do que os próprios alunos. Você poderia escolher um réu ou mais de um. Você poderia ser advogado, promotor ou defensor. Mas todo mundo teria que conseguir um advogado. Poderia fazer tudo isso. Poderia conseguir testemunhas, e elas também teriam que fazer pacto de silêncio ou teriam nota descontada em alguma matéria. Ninguém ia querer isso. Será que a diretora tinha ciência do que estava acontecendo? Quando o dia acabou, a Geléia me procurou. E no fundo, sabíamos que era necessário estar preparados. Alguém podia nos acusar. E aí? Tudo bem, estávamos nos acostumando a carregar sentimentos de culpa. O Vitor ficou parado na porta da escola, e por incrível que pareça, parando alguns alunos que saíam.


— Tá pensando no que eu tô pensando, B1? — ela levantou a sobrancelha colocando a mochila nas costas. 

— Eu acho que sim, B2? — respondi, tentando lembrar de onde conhecia isso. 

 — Eu assisti poucos episódios. 

— Eu imagino... bom, nós temos o alvo em mente. 

— Mas nesse caso, vamos fazer o quê? 

— Bom, você pode ser meu cliente e eu ser a promotora. Marcelo contra Sabrina. Ou... se houver um número considerável de vítimas... — ela esfregou as mãos. — O povo contra Sabrina. Fiquei imaginando quem se voltaria contra aquela "figura da perfeição". Ela voltou às aulas normalmente. Soube que ela foi internada depois de uma "queda brusca no sistema imunológico". Nos corredores, ela "lutava pra ficar sequinha". Acho que eu entendi um dia. 

— E o que uma promotora faz? 

— A promotoria é a que acusa no tribunal. E se você tem o acusador... 

— Você tem o defensor. E esse seria o advogado? 

— Exatamente — ela parou na minha frente. — Então, eu seria promotora do caso. Em sua defesa. 

— Por que eu não posso ser o promo... Ah, tá. Vai demorar pra eu entender. E... quais exatamente seriam as acusações? 

RascunhosOnde histórias criam vida. Descubra agora