Eu acho uma tremenda mentira dizer que lembramos de cada detalhe do dia mais importante da nossa vida.
Eu, pra ser bem sincera, não estava nem acordada durante o processo. Mas eu me lembro do antes e depois, é óbvio.
Era dia primeiro de dezembro, o temido ENEM já tinha passado, meu aniversário de dezoito anos também, as únicas coisas que faltavam acontecer de importante era o Natal, Ano Novo e nascimento do Harry.
No dia primeiro, acordei mais de uma hora da tarde, era domingo e estava tudo relativamente tranquilo.
Eu ia na casa da Amanda, a amiga que Bia me apresentou, para ver filmes, e iria ser mais um dia normal.
Já estava com meus pés bem menos inchados, eu só sentia o peso de carregar um ser humano de nove meses na barriga.
Fui tomar café e me preparar pra sair, porém estava pensando seriamente em desmarcar, pois estava com muita dor nas costas.
Era como se uma agulha estivesse na minha espinha e indo em direção ao útero, realmente não estava tudo bem.
Meus pais estavam na casa de alguns amigos, eu estava sozinha.
Resolvi ligar para Amanda e pedir para desmarcar, mas a mesma sugeriu que víssemos filmes aqui em casa, coisa que eu não reclamei.
Sentei no sofá e esperei ela chegar, porém as dores só pioraram e eu já estava inquieta.
Amanda chegou em poucos minutos e me cumprimentou do jeito Amanda.
- Oi, vamos ver o quê? - Disse ela, mas eu compreendia que isso era um comprimento amigável e caloroso, só que no estilo dela.
Amanda tinha cabelos ainda mais curtos que os meus, olhos verdes e uma pele clara, e gostava muito de preto.
- Não sei, escolhe você. - Digo, me jogando no sofá novamente. - Estou morrendo de dor nas costas, por isso que não fui na sua casa.
- Não ligo aonde seja, contanto que víssemos o filme. - Ela deu os ombros e acabamos vendo Minha Vida Em Marte.
Mas antes mesmo da metade do filme, Amanda foi ao banheiro e eu fiquei vendo o filme sozinha.
E nesse momento, um barulho de bolha estourando foi ouvido de forma bem sutil, minhas dores nas costas e no útero já estavam ficando insuportáveis e água escorria pelas minhas pernas.
Eu demorei para perceber que eu estava em trabalho de parto.
Eu não gritei por Amanda e nem me desesperei, apenas levantei com dificuldade e fui até o banheiro.
- Amanda. - Digo batendo na porta.
- Não pode nem mais ir no banheiro sem ser incomodada! Que foi? - Ouço a mesma reclamar.
- Eu entrei em trabalho de parto, chama o UBER ou um táxi. - Antes mesmo de terminar de falar, ela abre a porta.
- Tinha que ser justo quando eu estava na casa? Cadê a bolsa do bebê? E a sua bolsa? - Ela diz digitando furiosamente no celular, obviamente chamando o transporte.
Eu já estava começando a sentir dores de cabeça, não sei se tem alguma relação.
- Estão no meu armário, estão prontas desde o meu aniversário - Digo, e a mesma subiu correndo.
- Liga pra alguém! Vai dar tudo certo. - Ela disse, enquanto subia.
Não sabia pra quem ligar.
Meus pais? Meu namorado? Meu melhor amigo? Minha melhor amiga? Pra Deus?
Achei melhor ligar pra Bia mesmo, porque meus pais iriam surtar e não chegariam a tempo mesmo, e agora o Felipe está jogando bola, então não iria atender o celular.
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Impulsividade e suas Consequências (LIVRO 2, CONCLUÍDO) (EM REVISÃO)
Ficção AdolescenteMãe adolescente, uma cozinheira animada e com a mente fora da caixinha. Mariana tem seu mundo virado de ponta cabeça depois dos seus 17 anos. Esse livro vai contar a perspectiva da Mariana, e de como foi para ela ser mãe tão nova, juntamente com o s...