Sabe os dias que tudo vai dar errado?
Então, é hoje.
Como minha mãe me alertou, vida de "mulher casada" e de mãe não é um conto de fadas.
Hoje foi o pior dia que eu tive desde que o Harry nasceu.
Tudo começou antes mesmo do dia começar. Eu e Felipe estávamos em um, digamos, momento de tensão.
Porque o idiota do meu namorado está chegando atrasado no trabalho, e para piorar, estava deixando tudo bagunçado na nossa casa.
- Felipe Santos Soares! Vem aqui na sala agora! - Gritei, quando vi o estado da minha sala.
- Que foi? - Ele disse, meio sonolento.
Hoje era sábado, o que justificava o fato dele ter acordado tão tarde.
- Olha a sala! Refrigerante na mesa de centro, pizza no sofá branco, molho no chão e papinha de bebê espalhada pela mesa da cozinha!
- Bem em minha defesa, a papinha foi culpa do Harry. - Ele disse, apontando para o nosso filho.
O coitado estava dormindo no carrinho, inocente e bem quietinho.
- Mas quem deu a merda da papinha foi você! Quando eu dou, fica tudo limpinho. - Reclamo.
- Então eu acho que você deveria passar a dar comida a ele. - Ele gritou de volta.
- Sim, dar comida, banho, botar pra dormir e tudo mais! Porque sou eu que faço tudo em relação a ele. - Eu disse, já gritando.
- Do jeito que você fala parece que cuida dele sozinha! - Ele gritou.
- E cuido mesmo! - Respondi.
- Não desconta sua tristeza em mim! Você está assim desde que a Bia foi embora! - Ele me acusa.
- Sim, porque ela me ajudava a limpar a casa, a cuidar do Harry! Coisa que você deveria fazer, mas não faz! Ao invés disso, suja mais.
- Já que eu sou tão inútil e só atrapalho, você deveria criar o Harry sozinha!
- Eu deveria mesmo! - Respondi e percebi que ele ficou chateado, mas não me intimidei, ele que veio com essa sugestão estúpida.
- Então tá. Eu vou trabalhar e antes do fim da semana eu não moro mais aqui!
- Então tá! - Respondi, ainda gritando. - Então pelo menos leva o Harry para a casa da sua mãe que eu vou ter que arrumar a bagunça que você fez na minha casa.
- Nossa casa. - Ele responde.
- Minha casa. Você não mora mais aqui!
- E você nem liga!
- Não ligo mesmo! Não dizem que os casais de ensino médio acabam? Então, acabou! Vai embora! - Gritei, com raiva.
Mas eu não queria que ele fosse, queria que ele ficasse, queria construir uma família com ele, no caso, manter a família.
Mas ele que deu a idéia de ir embora, e para ele ter falado isso, quer dizer que ele já queria me deixar...
Ele já ia fazer o que eu pedir, quando ouvimos Harry começar a gritar.
Fui até ele e o vi tossindo, quando eu o virei, ele começou a cuspir catarro e depois chorou. Notei seu nariz escorrendo, coisa que já estava acontecendo a alguns dias e ele estava, com certeza, com febre.
- Felipe, vamos para o hospital! - Disse, apavorada. - O Harry está com alguma coisa. - Reparei que ele estava com dificuldades para respirar.
A primeira coisa que veio na minha cabeça foi que ele iria morrer. Acho que quando o vi vermelho e vomitando, e entrei em pânico. E ele era tão novinho, não deveria passar por isso.
Felipe veio em disparado, já com roupa de sair, com as coisas do Harry.
- Vamos logo. - Ele disse.
Levamos Harry em um hospital aqui perto, quem paga o nosso plano de saúde ainda é a mãe do Felipe, então não nos preocupamos com as despesas.
Quando nos atenderam, eu fiquei vendo como estudavam o meu filho, viravam massagevam e mexiam nele. Isso me deu uma angústia tão grande...
Foi confirmado que era uma gripe, simples para nós, mas séria para um bebê tão novo.
- Esses sintomas aparecem antes de chegar a esse estágio. Como não perceberam? - O médico nos perguntou. Me senti a pior mãe do mundo quando não notei o que estava acontecendo com meu filho.
Receitaram um antibiótico que ele teria que tomar por uma semana, se não melhorasse, era para levá-lo novamente.
Saí do hospital ainda aflita segurando meu filho adormecido nos braços.
Pegamos um ônibus e logo estávamos em casa.
Dei um banho em Harry, dei o remédio e logo ele estava dormindo novamente.
Eu deitei na minha cama e comecei a chorar. Harry estava doente porque eu não levei ele para tomar a vacina no dia certo, Felipe ia embora de casa e eu virei mãe solteira. Tudo isso em menos de cinco horas.
Não sei quanto tempo se passou, só sei que eu dormi chorando com o meu travesseiro.
Acordei com alguém fazendo carinho no meu cabelo.
Abri os olhos devagar, me acostumando com a luz e vi Felipe, deitado ao meu lado.
- Oi. - Ele disse.
- Oi. - Respondi, com minha voz meio rouca.
- Você sabe que aquilo que eu falei hoje mais cedo, foi porque eu estava nervoso. - Ele disse, ainda fazendo carinho no meu cabelo. - Sabe que eu não vou embora.
Alívio, essa palavra me definia nesse momento.
- Eu não acho você um inútil. Só acho que poderia sujar menos a casa. - Ele sorriu. - Desculpa.
- Desculpa. - Disse, me dando um leve beijo nos lábios.
Já tinha se passado mais de um ano desde o nosso primeiro beijo, mas não mudou a sensação. Formigamento na boca do estômago, pele queimando com o toque e uma sensação de felicidade inexplicável.
- Eu te amo sabia? - Eu falei.
- Sabia. - Convencido! - Eu também te amo. - Ele respondeu, sorrindo.
- Promete que nunca mais vamos ameaçar terminar o nosso relacionamento?
- Prometo. - Ele disse, me dando mais um beijo antes de me abraçar e ficar fazendo carinho no meu cabelo.
Acabei dormindo novamente, e dessa vez, em um sono mais tranquilo e relaxado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Impulsividade e suas Consequências (LIVRO 2, CONCLUÍDO) (EM REVISÃO)
Roman pour AdolescentsMãe adolescente, uma cozinheira animada e com a mente fora da caixinha. Mariana tem seu mundo virado de ponta cabeça depois dos seus 17 anos. Esse livro vai contar a perspectiva da Mariana, e de como foi para ela ser mãe tão nova, juntamente com o s...