26- Dia Perfeito

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- O que vamos fazer hoje? - Eu pergunto a Felipe.

São por volta de nove da manhã de um sábado. Acordamos cedo, comparado ao horário que costumamos acordar em fins de semana. Estávamos pensando no que fazer com as crianças.

- Eu não sei. - Felipe diz, ele estava enrolando uma mecha do meu cabelo cacheado em seu dedo. Ele tinha mania de fazer isso nas conversas que temos na cama. - Realmente não sei.

- Que tal a gente tomar café da manhã juntos... - Eu digo, um plano que já tinha bolado ao longo da semana. - Ir no parque a tarde, e levá-los para comer de noite, e quando a gente voltasse pra casa, assistimos um filme que eles escolhem.

- Gostei. - Felipe disse me abraçando, e dando um beijo estalado na minha testa. - Eu adoro as suas ideias.

- Nem sempre. - Eu digo.

- Quase sempre.

- Está bem. - Me rendi. - Eu vou fazer o café da manhã, quando acabar, eu chamo você e as crianças.

- Quer ajuda? - Ele oferece.

- Está bem. - Concordei. - Mas nada de mexer no forno, você é péssimo nisso. - Ele revirou os olhos e me seguiu.

Fomos até a cozinha. Eu tinha deixado na geladeira um pote com brigadeiro, fiz uma massa de bolo de cenoura, o bolo favorito do Harry, e um que Alice adora.

Enquanto o bolo estava no forno, Felipe estava fazendo suco de laranja, e eu fiz café. Aprontamos a mesa, e antes das dez e meia, ela estava pronta.

- Somos um bom time. - Ele fala.

- É, somos sim. - Concordei.

Fomos até o quarto de Harry, o encontramos enrolado nos lençóis, com os cabelos mais bagunçados que o normal, e ele roncava baixinho.

- Filho. - Felipe o chama, com delicadeza. - Bom dia.

- Que horas são? - Harry pergunta, se sentando.

- São quase onze horas. - Digo. - O que acha de tomarmos um café da manhã reforçado e ir para aquele parque de diversão que abriu na Barra da Tijuca?

Vi seus olhos brilharem, faziam quase duas semanas que Harry e Alice estavam nos perturbando falando para irmos nesse parque.

- Sim! Vamos comer logo! Vamos! - Ele disse animado, puxando eu e Felipe para fora do seu quarto.

- Temos que acordar a Alice. - Eu digo, rindo.

- Ah sim, verdade. - Harry disse, correndo ao quarto da irmã. - Alice acorda! - Ele gritou no corredor. Ouvimos Alice reclamar por ter sido acordada de uma forma tão rude.

- Bom dia filha. - Eu digo a pegando no colo. Ela estava de cara amarrada, afinal, foi acordada de uma forma horrível.

- Acorda Alice! Vamos ao parque! Vamos ao parque! - Alice arregalou os olhos, como se só percebesse agora o que estava acontecendo.

- Vamos? - Ela disse, olhando para mim.

- Sim, vamos. - Eles gritaram de felicidade. - Mas antes, vamos tomar café, depois vamos todos tomar banho, e tentar sair de casa até no máximo meio dia e meia, ok?

- Está bem! - Eles concordaram.

- Bolo de cenoura! - Harry grita, animado. – Obrigado, mamãe. - Ele abraçou minhas pernas.

Para conseguir nos servir de formar rápida e sem bagunça, eu e Felipe servimos as crianças.

- Mas eu quero bolo! - Harry reclama.

- Antes, vai comer pelo menos metade de um pão com manteiga, e vai tomar café com leite sim. – Digo, dura. - Não quero ninguém passando mal na rua porque não comeu direito.

- Está bem. - Ele acaba concordando.

Não tivemos problema com Alice, ela comeu um pão e meio e dois pedaços de bolo, bebeu café com leite e suco depois. Meu Deus, queria saber para onde vai tanta comida...

Consegui comer bem, e Felipe também. Quando acabamos de comer, as crianças vão tomar banho, Felipe tira a mesa e eu vou separar as roupas das crianças, para quando elas saírem do banheiro já possam se vestir.

Eu separo a minha roupa também, e enquanto nenhum dos meus filhos grita por mim, eu arrumo a minha mochilinha preta.

Coloco tudo que é necessário colocar, eu já ia me sentar para descansar um pouco quando ouço Harry gritar:

- Mamãe! - Vou até o seu quarto. - Me ajuda com os tênis? - Ajudei, passei o pente nos seus cabelos, e o analisei.

Ótimo, um está pronto. Pedi para ele nos esperar na sala, dei minha mochila preta nas suas mãos, pois tinha medo de esquecê-la dentro do quarto (não seria a primeira vez).

Desço as escadas, e vejo que Felipe já toma banho no banheiro do primeiro andar, eu ia me sentar na sala quando ouço Alice gritar:

- Mamãe! - Chego no seu quarto, e ela está completamente vestida, o que é uma raridade. Eu a ajudo a calçar os sapatos, e fechar o shortinho infantil. Depois disso, prendo seus cabelos lisos em uma trança simples.

Ótimo, dois de quatro, prontos. Peço para ela me esperar na sala, junto com o Harry, sem briga e bagunça.

Finalmente entro no banheiro e tomo um banho relaxante, escovo os dentes, arrumo o cabelo, e coloco um macacão jeans, prático e rápido.

Quando chego na sala, Felipe está sentado com as crianças me esperando.

- Quem vai levar o carro hoje? - Perguntei. - Estão todos prontos?

- Eu levo. - Felipe fala. - Você leva na volta, está bem?

- Sim, senhor. – Digo, debochada. - Não se esquece dos óculos, você não pode dirigir sem eles.

Entramos no carro, todos colocamos os cintos de segurança e vamos para o parque.

O dia foi muito divertido, no caminho fomos ouvindo música, fomos em quase todos os brinquedos do parque. Saímos de lá por volta das cinco da tarde, fomos direto para o shopping comer um lanche no McDonald's, e de lá fomos para casa, todos acabados e cansados.

- Direto para o banho. - Felipe fala as crianças. - Voltem para a sala só quando já estiverem prontos para dormir. - Nossos filhos obedeceram, estavam cansados demais para discutir.

- Acha que eles sobrevivem a um filme? - Perguntei. - Eles vieram dormindo o caminho todo...

- Dependendo do filme, talvez. - Felipe fala.

Assim que as crianças saíram do banheiro, eu e Felipe tomamos banho. Tomei um banho rápido, para evitar que as crianças dormissem.

Nos sentamos na sala, e vimos Irmão Urso. Alice dormiu no meu colo antes mesmo de Kenai se transformar em um urso, e Harry dormiu depois da segunda música do filme.

- Vamos levá-los para a cama? - Felipe pergunta.

- Shhh! - Reclamo. - Ele vai contar ao Koda que matou a mãe dele. - Sei que Felipe quer revirar os olhos, mas eu não ligo. Eu amo muito esse filme para ele interromper com bobagens.

Quando o filme acabou, eu chorei no final, choro todas as vezes...

Felipe não debochou, porque ele possivelmente apanharia e isso acordaria as crianças.

Colocamos os dois na cama e fomos nos deitar, mortos.

- Somos realmente bons nisso. - Felipe fala, enquanto me abraça, e eu não consegui segurar o bocejo, enquanto me aconchegava mais em seus braços.

- Somos bons em que? - Quis saber.

- Em ser pais. - Ele disse.

- Concordo. - Sinto meus olhos pesarem. - Boa noite, eu te amo.

- Eu também te amo. - Ele me deu um beijo nos lábios e logo eu adormeci. Dormi feliz, depois de ter tido um dia perfeito.

Impulsividade e suas Consequências (LIVRO 2, CONCLUÍDO) (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora