𝐈 | 𝟎𝟑. AS SETECENTAS LANTEJOULAS

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SELENA GOMEZ SEXTA-FEIRA

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SELENA GOMEZ
SEXTA-FEIRA

Às vezes, eu sinto que passei metade da minha vida dormindo num ponto de ônibus e, dessa maneira, perdi meu destino. Eu não sabia se estava vivendo a minha melhor vida. Havia tantas coisas as quais eu queria viver, conhecer, ter... E de um modo bem peculiar, também não sentia que estava correndo atrás desses sonhos. Na verdade, às vezes eu queria que os meus sonhos me alcançassem por si só.

Eu era a minha maior inimiga. Tinha uma tendência a exagerar tudo que eu via. E isso me consumia. Eu era um grande problema.

Vi-me num corredor escuro, sozinha. Naquela posição, enxerguei, distante, uma porta entreaberta. E bastou uma mistura de gritos ecoando pela escuridão para me fazer correr, percebendo as paredes ficarem ainda mais estreitas.

Percebi minha pele escamosa. De repente, tudo ficou escuro, mas podia sentir mãos por todo o meu corpo. Devo reconhecer que aquela sensação de estar sendo perseguida e capturada me deixou apavorada, até que na certeza de que nada daquilo era real, abri meus olhos.

Minha cabeça levantou de repente, meu corpo sacudiu na cadeira. A primeira coisa que enxerguei foi o mandado de busca debaixo dos meus braços cruzados. E ao redor, todo o esquadrão de detetives do sargento Miller atravessando a sala.

- Tudo bem? - Kalel se aproximou de repente de minha mesa.

- Acho que... - engoli em seco. - Peguei no sono de novo

- É a terceira vez hoje. - o rapaz sorriu, como se tentasse, de algum jeito desajeitado, me passar segurança.

- Não tenho dormido nada nos últimos dias. - minha voz saiu mais baixa do que eu acreditava que fosse acontecer.

Minhas energias estavam se esgotando. Aos poucos, tudo parecia descer pelo meu corpo como uma pia transbordando. Meu cérebro alertava que eu precisava desacelerar um pouco as coisas. Estava dormindo três horas por dias, ou talvez um pouco menos do que isso.

- Aquela aposta com o capitão Evans não tem feito bem a você.

Seguimos em direção à cozinha. Eu precisava de cafeína.

- Tem razão. - balancei a cabeça. - Às vezes, sou bem estúpida, né?

- Estúpida não é bem a palavra certa. - senti suas mãos alisarem meus cabelos com cuidado e afeto. - Impulsiva, eu diria.

- Ele acabou de chegar a esse departamento. Então eu não posso deixar que me veja como um nada como o antigo capitão via. - soltei um longo suspiro. Minha cabeça passava por um turbilhão, até que uma extrema pontada surgiu por trás dos supercílios. - Estou sobrecarregada, mas pelo menos acabei todo o meu trabalho no arquivo.

Tinha tido uma tremenda discussão comigo mesma antes de deixar o apartamento. Hoje precisava ser um dia produtivo. Eu e Kalel buscaríamos pistas na casa de um dos suspeitos. Não podia permitir que outro sentimento inédito e explosivo se materializasse em mim, pois poderia formar uma paisagem sombria em meu peito.

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