𝐈𝐈 | 𝟒𝟎. ÚLTIMO ATO

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Acreditava que Selena estivesse naufragando em meio à culpa

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Acreditava que Selena estivesse naufragando em meio à culpa. Que seus medos e fantasmas do passado tivessem vindo à tona após todo aquele tempo tentando fingir que algumas porcarias não aconteceram. Ela era muito boa em fugir daquilo que não tinha controle. Existiam sinais em seu corpo de trauma e pavor. Existia também um cheiro de fumaça que dominava sua pele, como se fosse o vestígio de agosto que não conseguíamos nos livrar. Ela não mudaria em uma noite, nem mesmo em uma vida.

O prédio estava movimentado, eu percebi. O turno da noite iniciara há algumas horas e, ainda assim, Marshall e Lenox estavam às espreitas, vigiando quem quer que entrasse e saísse do grande departamento no qual Selena trabalhava.

Ainda ignorantes sobre o assunto, foram tomados pelo susto quando me aproximei, observando os arredores.

- Patrão? - um deles se intimidou, embora fosse grandalhão e tivesse cara de mau. - Algum problema? - então, trocou olhares com seu parceiro, sem entender o motivo de eu estar ali, considerando que o trabalho deles era manter Selena em segurança, mas prezar pela discrição.

- Minha mãe está indo para a minha casa nesse momento, mas não ficará por muito tempo. Ela buscará meus filhos e voltará. Portanto, quero que os acompanhe até em casa e fiquem por lá.

- E quanto a patroa? - Lenox olhou para trás, curioso e confuso.

- Eu vou cuidar dela, agora.

Marshall mexeu a cabeça e puxou o amigo pelo ombro, a fim de não me contrariar.

Institivamente, olhei para cima e capturei duas grandes câmeras na entrada do departamento, sem mesmo mexer a cabeça, a fim de manter a sutileza. A recepcionista me avistou. Abriu um sorriso, mas nada disse. O departamento estava tomado por uma multidão. Encontrar pontos cegos seria praticamente impossível, considerando a grande segurança do local.

As portas do elevador se abriram.

De modo furtivo, encarei os detetives e oficiais que transitavam pelo andar. Estranhamente, um deles parou. Seus olhos circularam por todo o lugar, até me encontrarem parado, com a mão esticada e impedindo que o elevador continuasse pelos andares.

Em meio à multidão e desordem, ele tentou se aproximar, mas hesitou quando encarei a sala do capitão. Através das persianas abertas, percebi que estava vazia. Não poderia ter sido ali.

- Veio buscar a sargento, chefe? - o rapaz perguntou, como quem não queria nada. - Eu a vi com o capitão há uns trinta minutos, só não sei para onde foram.

O processo de receber informações sem questionar estava acontecendo. Então, comecei a mergulhar numa sensação de que encobertar o que ocorreu seria complicado, praticamente impossível. Isso queimava meu estômago de um modo que me agoniava.

Outra detetive apareceu, dizendo sobre ter os visto seguindo até a academia do prédio. Desse modo, tratei todos como possíveis testemunhas. Aparentemente, todo o andar de detetives e oficiais de polícia havia os visto antes que eu aparecesse por ali. Fazer um telefonema seria desnecessário, considerando os fatos daquela noite.

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