A habilidosa e imbatível Selena sempre se considerou uma mulher azarada. De grande personalidade, mas ainda assim azarada. Mesmo sendo a detetive que mais efetuou prisões no distrito 6-4 nos últimos dois anos, nunca se safou de ser terrivelmente pas...
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SELENA GOMEZ UMA SEMANA DEPOIS
Eu havia passado no concurso público. Agora, era uma sargento, mas eu não estava tão feliz assim.
Minha intensidade, na maior parte das vezes, era asfixiante. E embora a casa de Christopher fosse acolhedora e tivesse um cheiro de madeira nova, sentia-me pequenininha enquanto encarava a lareira acesa da sala, tomando um chocolate quente, sendo afagada pelos cachorros e me acomodando na solidão que aquela quinta-feira me trazia, junto do frio de janeiro e da garoa que encapuzava a cidade de Nova Iorque.
Tentei aquecer meus pensamentos, mas aquela ideia estúpida ainda rondava a minha cabeça de forma que fazia os ossos do meu corpo doerem. Ou talvez fosse só o inverno lá fora. Tudo sobre aquela tarde parecia dez vezes mais estranha do que um dia comum de folga.
Por que parecia tão complicado deixar para trás pessoas e histórias do passado?
Eu sabia que, àquela altura, minha maior característica era a teimosia. Eu sabia o quanto a pancada doía, mas havia me esquecido com facilidade da grande ferida que ela havia aberto em mim.
Christopher estava no departamento. Quase nunca tirava folgas. Eu sabia que talvez fosse melhor não perguntar nada, já que os últimos dias haviam sido carregados pelos meus dramas familiares. Ainda assim, ele arrumou um tempo apertado no trabalho para me telefonar, após ler a última mensagem de texto que eu tinha escrito naquela manhã, logo depois que ele partiu para enfrentar mais um dia nublado.
Afaguei os pelos de Dodger, enquanto ouvia Christopher falar sobre as piadas sujas de Bryan e sobre o quanto ele odiava o politicamente incorreto. Aquilo significava que ele estava tentando preparar o espaço entre nós de forma que me deixasse confortável para começar uma conversa. E quando percebi suas intenções, me senti extremamente acolhida.
Tomei coragem quando me levantei, afastando os cobertores e o calor da lareira. Quando algo se fez necessário, me aproximei sorrateiramente da janela, observando o céu acinzentado da cidade.
- Eu pensei muito no que aconteceu naquele dia e cheguei à conclusão de que preciso me desculpar com a Dakota. - Christopher havia previsto meus pensamentos, então pude notar uma emoção que de lá tele transportou até mim. - Antes quero saber o que você pensa sobre isso.
Juntara o ar em seus pulmões para então suspirar como se removesse dos ombros um peso que havia o acompanhado nos últimos dias.
- Quer que eu seja honesto?
Mexi a cabeça, embora ele não pudesse me ver naquele momento.
- Por favor.
Não recebi uma resposta imediata. Houve uma pausa de quase um minuto antes que eu pudesse ficar nervosa e com a cabeça a mil. Gostaria de saber o que ele pensava sobre aquilo, mas também temia algo que pudesse me chatear. Ainda assim, um balde de água fria, no entanto, seria ótimo para me limpar das últimas situações importunas.
