A habilidosa e imbatível Selena sempre se considerou uma mulher azarada. De grande personalidade, mas ainda assim azarada. Mesmo sendo a detetive que mais efetuou prisões no distrito 6-4 nos últimos dois anos, nunca se safou de ser terrivelmente pas...
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SELENA GOMEZ
Podia perceber em mim, após aquele mar de espinhos, um sentimento de frustração que fazia com que todo o meu corpo recebesse um surto de vibrações oscilantes, fazendo um embrulho repentino e incômodo crescer no meu estômago como se eu tivesse levado um soco. Ou melhor, talvez um soco doesse menos.
Eu estava envergonhada. Pressionava os dedos na cabeça como se tentasse, de algum modo, escapar daquela realidade, quase a fim de abrir um zíper nas costas e abandonar meu próprio corpo.
Acho que fugir era a coisa que eu mais sentia necessidade de fazer quando me perdia em situações que baixavam toda a positividade da minha alma. E verdadeiramente doía ser esse tipo de pessoa... O tipo que corre para longe quando um problema cresce tanto a ponto de me espremer.
Meu rosto gotejava devido à aflição crescente.
No que eu estava pensando, afinal?
Bem, eu podia tirar os saltos e correr para longe daquele lugar, sem dar satisfações, sem que ninguém fosse perspicaz a ponto de notar o meu sumiço. Porém, ainda que todos esses pensamentos passassem pela minha cabeça, um tufo de lembranças me acalentou, pois capturei a feição amistosa de Bryan a quase vinte metros distante. Nada sobre ele me fazia pensar que algo poderia ficar ainda pior.
Enquanto eu despencava dentro da minha própria cabeça, pude ouvir com clareza sua voz chamando pelo meu nome, a ponto de fazer as batidas do meu coração acelerarem com tanta facilidade que pensei, por um milésimo de segundo, que ele saltaria pela minha boca.
- Selena? - sua pele brilhava conforme Bryan seguia pelo corredor, prestes a se aproximar. - Vai ficar tudo bem. O sargento já está com o capitão em um outro canto. Ele parece muito mais calmo do que antes. Quanto ao Kalel... Bem, vi quando Carter o levou embora.
Mexi a cabeça. Pela primeira vez, fiquei sem palavras.
Estava muito chateada com tudo que Kalel havia dito sobre mim, pois considerava os anos de amizade que tínhamos. Por isso tirar aquilo da cabeça parecia tão difícil para mim. E eu tentava muito. Esforçava-me para fingir que os minutos anteriores não tinham acontecido, mesmo sabendo que na manhã seguinte teria que enfrentar tudo que eu havia evitado em todos aqueles anos como a primeira e única detetive mulher do departamento.
Era decepcionante perceber que todo o meu trabalho duro seria, mais cedo ou mais tarde, resumido ao meu relacionamento com o meu chefe, como se tudo que eu tivesse feito em anos não significasse nada.
- Que tal voltar para a festa, hein? - o tom de voz que Bryan usou comigo foi querido. Eu ainda podia sentir a boa energia que escapava de seu corpo e que tentava fazer um caminho rápido para chegar ao meu, mesmo que eu tentasse desviar. - Kiera está preocupada também. Ela viu quando você saiu correndo, mas ficou receosa sobre se aproximar. As coisas não estão bem entre vocês, né?
