𝐈𝐈 | 𝟑𝟓. A DOR É UMA AMIGA

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SELENA GOMEZ64 HORAS DESDE O SEQUESTRO

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SELENA GOMEZ
64 HORAS DESDE O SEQUESTRO

Às vezes, eu me perguntava quem eu seria, caso um suicídio do passado não tivesse se concluído. Qual seria a minha profissão? Eu ainda estaria em Nova Iorque? Teria noites silenciosas e pensamentos caóticos? Precisaria, ainda assim, de alguém para suplementar meu coração vazio?

Eu costumava ser um pequeno enigma. Gostava do verão, mas odiava a chuva de junho. Não tinha favoritismo por muitas questões, mas se a energia em mim tivesse uma cor, ela seria alaranjada como uma raposa.

Eu nunca havia sido amada antes. Andava com os punhos fechados, sempre disposta a um contra-ataque. Havia aprendido a cuidar de mim mesma. Porém, naquele lugar, entendi que até os mais fortes caem às vezes. Eu era feita de ossos e sentia a dor quando recebia uma pancada.

Anos atrás, havia sobrevivido a um tiroteio. Levei um tiro no peito e pensei que fosse o fim. Foi o momento mais assustador da minha vida, até me encontrar em um quarto vazio e sujo, onde eu parecia me fundir a suas paredes.

Eu estava grávida e vulnerável, tremendo de frio. Desidratada e cansada. Muito cansada. Fazer aquilo não parecia incerto ou coisa de maluco. Era um instinto de sobrevivência. Eu não podia ter o meu bebê naquelas condições, sem auxílio e cuidados. No entanto, sabia que não teria tempo. Precisava agir. Eu precisava fazer alguma porcaria de coisa para sair dali.

Desloquei o polegar e percebi que ficaria com várias escoriações na mão. Fiz força. Muita força, sentindo a algema cortar minha pele. A respiração descompensada manifestava a dor que eu sentia no corpo e na mente. O fedor de sangue em meu rosto era palpável. Resíduos de animais mortos ainda se faziam presentes em minhas roupas.

Confinada em uma cadeira, livrei minha mão direita da algema, com uma dor infernal se expandindo dentro de mim.

Um barulho sucessor deixou-me atenta, então. Ruídos e vozes que emitiam risadas maldosas e um idioma que eu pouco entendia. Correntes balançando, uma trava sendo desfeita.

A porta foi aberta. Olhei para frente. Dois pares de olhos caramelos me fuzilaram com ira, mas também surpresa. Saltei da cadeira, ainda tonta. Não havia pensado no próximo avanço, por isso foi tão difícil correr até a porta, embora soubesse que um daqueles brutamontes me pegaria de qualquer jeito, ameaçaria a minha vida e a da minha filha. E de nada aquele esforço teria valido à pena, exceto pelo fato de que eu morreria tentando.

Esperneei em seus braços, distribuindo uma série de golpes no maior, enquanto vislumbrava o mais novo fechar a porta outra vez.

- Cómo se liberó? - perguntou o mais jovem, ainda embasbacado.

- Se dislocó el pulgar. - seus olhos caramelos voaram em direção aos meus dedos, mesmo um pouco surpreso com o ocorrido. - ¿Que esperabas? Ella es policía. Embarazada, pero no estúpida. - o grandalhão rosnou ao me observar, após jogar-me na cadeira novamente, sem ânimo e força para um contra-ataque. - Esta mujer está muy caliente. - seus dedos sujos zarparam até meu pescoço. Moveu-o primeiro para a direita, depois pra a esquerda. - ¿Está enfermo? ¿Puedes entenderme?

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