A habilidosa e imbatível Selena sempre se considerou uma mulher azarada. De grande personalidade, mas ainda assim azarada. Mesmo sendo a detetive que mais efetuou prisões no distrito 6-4 nos últimos dois anos, nunca se safou de ser terrivelmente pas...
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SELENA GOMEZ Cidade de Nova Iorque - 22 de julho
Eu odiava o dia do meu aniversário.
Se a energia em mim tivesse uma cor, ela seria alaranjada. Eu costumava caminhar por Nova Iorque em tons quentes, como um vulcão em desolamento... Feito uma raposa selvagem no frio de dezembro.
Uma partícula de medo me acompanhava naquela noite. Era o meu vigésimo oitavo aniversário. E eu estaria casada se não tivesse enxergado uma mancha de batom na camiseta social de Bennett. Uma mancha rosa... Eu odiava batom rosa. Então, eu era realmente muito para ter que lidar com aquilo. Fiquei com o apartamento e o carro. Eu os comprei. E ele saiu com as roupas do corpo, mantendo as mãos longe de mim.
A chama daquela vela me despertara. Meu corpo todo doía. Eu estava atônica, pensando novamente em tudo que poderia ter sido, mas não foi. Eu havia transformado uma lembrança ruim num sentimento ainda pior. Era especialista em sabotar a mim mesma.
- Faça um pedido! - orientou Dakota, minha irmã mais velha, por quem eu tinha um carinho forte e um tanto esquisito. Eu quase nunca gostava de ninguém. - Selena! - então, estalara os dedos diante dos meus olhos. Eu pisquei seguidamente, despertando-me do devaneio que levara meus pensamentos até dois anos atrás, quando o calor do verão ainda me fazia sentir leve.
Inclinei-me para frente, a fim de me aproximar do pequeno cupcake que Cindy trouxera da padaria em que trabalhava.
Senti a brasa queimar minhas bochechas que, àquela altura, estavam vermelhas de vergonha, mas ainda corajosa a ponto de fazer um pedido que ficara guardado há muito tempo dentro daquela cabeça dura.
Forcei uma expressão grata. Elas estavam mesmo tentando me animar.
- Feliz aniversário, bobinha. - Ruth foi a primeira a dizer seguida das outras três mulheres presentes.
Foi quando me acomodei novamente no sofá, agora segurando com mais firmeza minha taça de vinho. Estava praticamente muda desde que me lembraram que era a noite do meu aniversário. Vinte e oito anos. Como eu poderia dar um dos meus sorrisos mágicos? Bom, eles quase sempre me livravam de uma situação constrangedora.
- Está na hora dos presentes. - Dakota pôs-se de pé.
Eu bufei. Nada seguido disso era coisa boa.
- Eu falei sem presentes. - finalmente deixei uma entonação nada satisfeita escapar dentre os lábios. O cheiro de álcool já estava em minhas roupas. Isso era garantia de que dormiria por toda a madrugada, caso aquela pequena reunião acabasse antes das onze.
- Ah, Selena... - riu Kiera, sem muita paciência para os meus chiliques. - A gente quase nunca leva a sério o que você diz.
- Além do mais, essa é com certeza a melhor parte da noite. Qual é a vantagem de fazer aniversario se não for para ganhar alguns presentes, hein? - foi a vez de Cindy demonstrar o quanto estava animada.
