SELENA GOMEZ
DOMINGOEu conhecia a minha bagunça. Sabia quando algo estava diferente e quando a atmosfera pesava, mesmo quando a resposta para as minhas perguntas não parecia clara o bastante. Ainda assim, percebia com naturalidade o jeito astuto como eu habitualmente deixava minha Glock G42 em cima da mesinha de cabeceira, sob o abajur e ao lado daquela geringonça rosa. Agora, já não sabia se o dia exaustivo de trabalho estava me deixando desatenta a ponto de abandonar com descuido minha pistola de autodefesa na mesinha da sala, entre os sofás.
Sentei-me na cama, observando o dia através das persianas.
O tempo cinzento deixava evidente o inverno impiedoso que teríamos naquele ano. Tão logo notaríamos os primeiros sinais da neve de dezembro. Essa era a época que eu menos gostava. Nova Iorque era fria como uma geleira.
Esfreguei meus ombros, simultaneamente, e apertei bastante os olhos antes de deixar a cama e seguir diretamente até a cozinha. Preparei um café bem forte. Precisava acordar meu corpo para enfrentar aquele dia, mesmo que me sentisse temporariamente aflita, com um peso inexplorado nas costas a ponto de me fazer capturar com precisão uma dor na espinha das costas.
Existia um quê de esquisitice naquela manhã, algo o qual eu tentei desviar desde o momento em que deixei a cama.
O café desceu quadrado pela minha garganta, quente como o calor de Miami e forte como o frio do Alasca. Isso veio a me deixar pensativa, mas a ligação repentina do meu pai me fez ficar com uma pulga atrás da orelha.
"Selena?" Perguntou o homem, antes que eu percebesse que passara todo aquele tempo prendendo a respiração.
Desde o nosso último encontro, não havíamos mais nos visto ou nos falado. As últimas semanas estavam sendo sobre autoconhecimento. Eu queria, agora mais do que nunca, viver longe de qualquer vestígio de negatividade. E sabia que o primeiro passo para alcançar esse objetivo era me afastar gradativamente da minha família, mesmo que isso fosse me fazer abrir mão de muitas coisas.
- Oi, pai.
Respirei fundo, levando a xícara de café até a boca. Precisava sobreviver àquela conversa.
"Eu liguei, porque... Bem, queria saber como você está." Assim, continuou ele, sentindo, como eu, a sensação estranha que vagava entre nós durante aquela ligação.
- Eu estou bem. - limpei a garganta. A cafeína estava fazendo efeito. Mesmo cansada, meus olhos pareciam atentos. - E você?
"Estou ótimo." Gregory ficou em silêncio por um instante, parecia pensativo. "Bem, eu estava pensando... Eudora e eu daremos um jantar essa noite. Pensei que talvez você quisesse aparecer com o seu namorado. Sei que as coisas entre você e Dakota continuam ruins, mas talvez essa seja a oportunidade de vocês se entenderem. O que acha?"
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EGYPTIAN BLUE EYES
Lãng mạnA habilidosa e imbatível Selena sempre se considerou uma mulher azarada. De grande personalidade, mas ainda assim azarada. Mesmo sendo a detetive que mais efetuou prisões no distrito 6-4 nos últimos dois anos, nunca se safou de ser terrivelmente pas...