𝐈𝐈 | 𝟐𝟗. OPONENTE À ALTURA

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Gostava de lidar com meus excessos de raiva durante a noite, pois tentava ser um modelo de paciência e tolerância durante o dia

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Gostava de lidar com meus excessos de raiva durante a noite, pois tentava ser um modelo de paciência e tolerância durante o dia. No entanto, ainda que eu me esforçasse, foi difícil controlar o surto de raiva que caminhou pelas minhas pernas e chegou à espinha das minhas costas a ponto de me fazer desejar não ter deixado a cama naquela manhã.

O ciúme era um sentimento que me tornava um homem irracional, excessivamente. Esforçava-me para agir de boa fé e fazer jus às minhas virtudes, mas, ainda assim, tão complicado parecia ser quando minha mente me sabotava. E, outra vez, eu me sentia um menino preso no corpo de um homem que tão pouco sabia sobre seus próprios medos, fraquezas e controles.

No final de tudo, ainda me sentia inseguro sobre Selena. Perdê-la não parecia um processo impossível, e isso me assustava em proporções absurdas. No entanto, meus receios e ressentimentos não eram motivos de mágoas e desconfianças. Insistir nela foi um ato de coragem. Aquela batalha valia o meu esforço. Agora, temia que outra pessoa a fizesse desistir de mim.

Senti que me dividia em duas partes quando finalmente tive músculos para deixar o escritório. Uma incrível onda de autoconfiança, que nada tinha a ver com o clima frio da cidade, me arrebatou para que enfim eu tomasse coragem de me aproximar.

Meus passos curtos eram notórios e pouco distraídos. Pude perceber, sem muito esforço, desconfiança e medo no olhar de Choi quando fiquei perto o suficiente de Selena para sentir sua energia se expandir pelo departamento. Também, encucado com a expressão de felicidade que varria o rosto quadrado de Henry Cavill, mesmo que ele tivesse um queixo marcante e uma cabeleira platinada, àquela altura. Não era dessa forma que me lembrava dele, desde a última vez em que o vi.

- Ah, eu adorei, Henry. Obrigada! - vi quando Selena aninhou-se numa manta rósea, com um cheiro dócil e fresco que tão logo foi se alastrando pelo departamento. - Por que não disse que estava na cidade?

- Queria fazer uma surpresa. - o ator coçou os cabelos que iam aos ombros, aparentemente amolecido pelo sorriso gentil da sargento. - E como você está, hein? Já sabe o sexo do bebê?

- Estou bem. E não, ainda não sei. Talvez daqui dois meses já dê para ver alguma coisa. - ela parecia mais gentil do que sua personalidade poderia ser com qualquer outra pessoa. Isso me incomodava.

Limpei a garganta, rispidamente.

Selena olhou para trás ao mesmo tempo em que o par de olhos claros de Henry pulou até mim, parado com os braços cruzados e o peito crescendo a cada segundo de vida que perdia ali.

Ela abriu seus olhos castanhos ainda mais, a boca formando um zero perfeito, mas minimamente desconfortável com a minha apresentação. Na verdade, senti um fluxo de felicidade e contentamento quando Selena tocou em meu braço, a fim que eu me aproximasse do homem que deixava Choi, ainda do outro lado, com as pernas bambas e um sorriso apaixonado.

- Ah, que bom que está aqui! - ela disse, exclamando - Chris, esse é o Henry. - seus olhos meigos peregrinaram até o ator, que pareceu, automaticamente, ter vestido uma armadura invisível e que me mantinha com a guarda de pé. - Henry, esse é o Chris, meu noivo e meu chefe.

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