𝐈 | 𝟏𝟐. DIA DE AÇÃO DE GRAÇAS

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CHRIS EVANS

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CHRIS EVANS

Aquela noite estava bem fria, e talvez muito brevemente poderíamos ver os primeiros sinais da neve de dezembro, após o dia de ação de graças. Ainda assim, podia sentir um calafrio percorrer a espinha das minhas costas enquanto eu esfregava as mãos umas nas outras, amaldiçoando-me por não ter apanhado luvas antes de sair de casa.

O condomínio no qual Selena morava parecia calmo. Talvez ela fosse o único furacão que habitava ali, por isso eu podia sentir seu cheiro pelas paredes do prédio e por todo o caminho que tracei após deixar o elevador, na certeza de que ela estaria encolhida debaixo de alguns cobertores, mudando repetidamente os canais de televisão e reclamando por não ter assinado a TV a cabo antes do inverno. Todo aquele papo de jornalismo a tirava do sério, embora ela ainda assim gostasse de saber das notícias. Era tão confusa quanto uma adolescente, mas isso acabava sendo encantador também.

Quando puxei do bolso as chaves do apartamento, ouvi a porta da frente romper. E certo de que estava sendo observado, virei a cabeça para trás, tentando descobrir o significado daquele olhar. Ele não era à toa. Senti, naquele mísero instante, uma onda de ansiedade nas costelas.

O homem olhou desconfiado antes de falar:

- O que está fazendo?

Ainda voado, olhei pelos arredores, descobrindo que aquela pergunta havia sido feita para mim, já que estávamos a sós naquele andar.

- Como? - confuso, perguntei, segurando com firmeza as chaves do apartamento e a sacola com tudo que eu havia comprado no mercado.

- Esse é o apartamento da Selena, cara. Você não pode sair entrando assim. Se não for embora, vou chamar a polícia.

Não entendi por que demorei tanto para responder, mas comecei a rir daquele homem, que ainda mantinha um olhar determinado e a testa franzida, onde eu podia ver com clareza as rugas em torno dos olhos. Ele tinha lá seus trinta e poucos anos, mas parecia cansado.

- Não parou para pensar que se eu tenho as chaves é porque também tenho permissão para entrar? - ele ficou encucado, estava decidindo se havia captando um teor arrogante ou intimidador. Assim, eu pude sentir sua ignorância fluir através da corrente de ar. - Aliás, eu sou policial, se isso te faz sentir melhor.

O rapaz abriu a boca para falar, mas ficou um tempo em silêncio, mesmo quando a porta do apartamento de Selena foi aberta com delicadeza, revelando-a com uma cara pálida, os cabelos avoaçados, meias coloridas e um pijama de moletom, com estampa de gatinho.

- O que está acontecendo? Ouvi vozes. - antes que eu pudesse respondê-la, Selena olhou para frente, capturando o semblante descontente de seu vizinho de porta, mas que ainda assim não se contentou com a cara amarrada que ela fez.

EGYPTIAN BLUE EYESOnde histórias criam vida. Descubra agora