A habilidosa e imbatível Selena sempre se considerou uma mulher azarada. De grande personalidade, mas ainda assim azarada. Mesmo sendo a detetive que mais efetuou prisões no distrito 6-4 nos últimos dois anos, nunca se safou de ser terrivelmente pas...
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CHRIS EVANS
Rita era uma mexicana de sangue puro. Vestia roupas coloridas, brincos grandes e um colar de pérolas. Ela também adorava seu batom vermelho escarlate.
A semelhança entre Rita e Selena não era notória, mas talvez o jeito gracioso de sorrir, a pele de oliva e os cabelos amorenados entregassem o parentesco entre elas. Além do mais, eram mulheres geniosas, tinham um grande poder de persuasão e sequer sabiam disso.
Ela era tão mais baixa que eu. Praticamente ficou escondida em meu corpo quando me apanhou num abraço, fungando o cheiro de lavanda que vinha do meu uniforme. O aroma que surgia de seus cabelos chanel era agradável. Senti-me extremamente à vontade em sua presença, o que me deixara deveras espantado.
- Aceita um café, abuelita?
Ela sorriu amistosa, as bochechas rechonchudas ganhando uma cor roseada.
- Pero es claro.
Apanhei suas malas de couro e acenei com a cabeça em direção ao meu escritório, encarando em seguida o olhar simpático de Choi, que captou o pedido que fiz em pensamento, ao contornar em meu rosto um sorriso pidonho. Ela deu meia volta em sua mesa e caminhou apressada até a cozinha do departamento, a fim de preparar um bom café para a avó de Selena.
Rita sentou-se sem que eu pedisse. Ela parecia cansada, por isso torceu o pescoço após cruzar as pernas de um modo sofisticado.
Coloquei as bagagens ao lado da porta e a fechei, disparando até minha poltrona.
Abri um sorriso contente quando nossos olhares se cruzaram. Estava ansioso e feliz por conhecê-la. Havia notado o carinho com o qual Selena havia falado sobre ela. Parecia uma pessoa especial em sua vida. E levando em consideração seu histórico familiar devido aos conflitos com a irmã, a ausência do pai, os desentendimentos com a madrasta e o suicídio de sua mãe, queria acreditar que Rita fosse uma parte demasiada importante na vida de Selena. E que sua visita poderia alegrá-la no feriado.
- Selena me disse que a senhora só viria alguns dias antes do natal, abuelita. Por que não disse que havia mudado os planos? Teríamos lhe buscado no aeroporto.
- Pero queria hacer una surpresa. - seu sotaque era carregado, suas raízes pareciam evidentes até no modo de gesticular e massagear os lábios. - Dónte esta Selena? - naquele momento, ela olhou aos arredores, mas acabou observando as janelas por trás das persianas cor creme.
- Selena está numa operação. Não deve demorar, visto que saiu há algumas horas. Ficará muito feliz em vê-la. Falou muito sobre isso nos últimos dias. Eu até treinei um pouco o meu espanhol horrível.
Rita olhou-me novamente e abriu um sorriso. Suas bochechas cresceram. Eram tão rechonchudas quanto as de Selena, e ruborizavam com a mesma facilidade.
- Eres un caucasiano. Europeu, hm? - cética, ela perguntou, colocando a mão no maxilar para estreitar os olhos de um modo que me divertiu.