Three Questions

2.7K 153 65
                                    

A vida era definitivamente uma caixinha de surpresas. Porém, já fazia um tempo que essas surpresas não eram nada boas. Mas claro, em um instante, tudo pode mudar. E para Harlie, a destruição do Terminus ainda era uma incógnita se deveria ser algo bom ou ruim.

Ela sabia. Sabia que em algum momento aquilo tudo iria acabar. E agora que acabou, quando a explosão derrubou as cercas, ela não perdeu tempo em fugir. Harlie teve a sorte de encontrar o Terminus quando este ainda era um chamado "santuário". As pessoas foram boas para ela e a acolheram. Até se envolveu emocionalmente com um dos habitantes. Ele se chamava Gareth, e era um dos líderes. No começo ele era carinhoso e gentil, e a tratava com muito amor. Mas depois de tanto tempo sofrendo abusos de outros grupos que passavam por ali, ele mudou.

Começou quando a comida acabou e grupos de fora continuavam invadindo, tentando tomar o lugar. Harlie apanhou muito, e foi torturada diversas vezes, assim como outros habitantes. Contudo, Gareth nunca permitiu que ela fosse estuprada. Mas ele mesmo mudou com ela. A política "ou você é a caça, ou o caçador" predominou no Terminus. E como a fome estava aumentando, sem comida por perto, eles tiveram que comer... carne humana.

Ok, ela entendia que era o único jeito de sobreviver, mas não aprovava nem um pouco esse método. Para Harlie, a carne humana tinha um gosto horrível, e ela só comia quando era realmente necessário. Por isso, com o passar do tempo, Harlie foi ficando tão magra que quase podia ser comparada a um errante. E Gareth se tornou agressivo. Ele a forçava a comer e a forçava a matar pessoas. Ela queria que isso acabasse, mas não sabia como dar um fim.

E, eis que o último grupo que surgiu conseguiu acabar com o lugar. Um lugar que por anos foi o lar dela. E que a obrigou a fazer coisas horríveis em prol da sobrevivência. Agora, Harlie corria pela floresta, sem rumo, armada apenas com uma faca, pronta para matar qualquer errante que cruzasse seu caminho. Também estava com medo. Medo do que iria acontecer com ela a partir de agora.

Quando Harlie conseguiu sair da floresta, ela se viu em uma rua deserta, e correu para a primeira casa que avistou. Na verdade, uma igreja. Não podia fazer barulho, com medo de atrair errantes, então não bateu na porta. Olhando pelas janelas, não viu ninguém, nem mesmo errantes. Ótimo. Ela tentou forçar a fechadura com a faca, e após muito tentar, conseguiu abrir as portas.

Lá dentro, ela procurou principalmente por comida. Mas não tinha nada, a não ser, latas vazias. Outros suprimentos, como armas e roupas, também estavam em falta. Agora que Harlie havia parado de correr e a adrenalina havia deixado seu corpo, ela percebeu o quanto estava cansada. Ela não sabia se era a fome ou o cansaço mesmo. Não tinha uma refeição decente há muito tempo e correu muito para chegar ali. Sem esperar muito, ela desabou por trás do púlpito, não sabendo se tinha dormido ou desmaiado.

*~*

Algum indeterminado tempo depois, Harlie acordou percebendo que estava amarrada ao púlpito... e que não estava sozinha. Um grupo de pessoas estava em sua frente, como se estivessem esperando-a acordar. Ela já havia visto aquelas pessoas antes. Eram membros do último grupo a ir para o Terminus.

— A vadia acordou. Vou chamar o Rick. – Uma garota morena, quase da idade de Harlie disse, indo para fora.

Harlie analisou o grupo melhor. Na frente dela estavam a garota morena que saiu, uma senhora de cabelos grisalhos, um asiático e um homem negro vestido de padre. Ok, este último ela não se lembrava de ter visto em Terminus. Mesmo assim, a situação estava desagradável para ela. Aparentemente, ela havia sido ruim com aquelas pessoas. Mesmo que na verdade, ela não tivesse machucado ninguém de maneira nenhuma.

~~

Harlie estava sentada em uma das mesas da rua, tomando um pouco de sol, enquanto sua sogra Mary preparava comida. Sim, era carne humana outra vez. Harlie dava poucas mordiscadas de má vontade e largava o prato todas as vezes. Ela não aguentava mais isso. Porém, tentava não reclamar, pois Gareth estava imprevisível com ela naqueles dias.

𝐀𝐍𝐆𝐄𝐋𝐒 𝐀𝐍𝐃 𝐃𝐄𝐌𝐎𝐍𝐒 | daryl dixonOnde histórias criam vida. Descubra agora