𝐀𝐍𝐆𝐄𝐋𝐒 𝐀𝐍𝐃 𝐃𝐄𝐌𝐎𝐍𝐒 | daryl dixon

Dealing With Feelings

A horda de errantes demorou mais do que o esperado para passar. Mas para Harlie, podia demorar todo o tempo do mundo, contanto que ela pudesse continuar nos braços de Daryl. Era inexplicável o jeito que ela conseguia se sentir bem sendo abraçada por ele, mesmo passando pelas mais complicadas situações. Era como se ele tivesse colocado uma espécie de feitiço nela.

Ela já nutria uma grande simpatia por ele antes, mesmo com o período de afastamento. Mas depois de se entregar a ele, a simpatia se transformou em interesse elevado a décima potência. Ela não podia se apaixonar... não por alguém tão instável quanto ele. Se acabasse em rejeição, o que era o mais provável, ela iria se magoar muito.

Mas se ele iria rejeitá-la, por que voltou a falar com ela? Por que a escolheu para entrar na floresta? Por que transou com ela, com todas as oportunidades possíveis para não fazer isso? Ela daria qualquer coisa para obter estas respostas...

Será que ela foi apenas algo casual? Não, Daryl não parecia ser do tipo que tinha relações casuais. Ela percebeu pelo jeito que ele a tocou no outro dia. Começou devagar, sem ir com sede ao pote, diferente de qualquer outro homem, que já iria apalpá-la na bunda e nos seios logo de primeira. Daryl demorou para encostar nela desse jeito.

—Já acabou. – A voz de Daryl a acordou dos pensamentos. – Pode levantar, magrela.

Ele a soltou, deixando que ela se levantasse. Ela estendeu a mão para ajudá-lo a levantar, mas ele ignorou e levantou sozinho. Mais uma bola fora, Harlie... ela pensou.

—Me chamar pelo meu nome de vez em quando não vai doer. – Harlie reclamou, passando a andar na frente dele.

Agora ele conseguiu me irritar! Harlie pensou. Para ela, aquilo foi a gota d'água. Chega de correr atrás. Se Daryl tivesse o mínimo de interesse, ele que fosse falar com ela, porque a paciência de Harlie havia esgotado. Nunca, em toda sua vida, ela tinha lidado com alguém tão difícil.

Os dois continuaram a ronda, sem se falar e sem acharem nada. Quando o prazo de uma hora estava prestes a acabar, os dois voltaram para o celeiro. Assim que entraram, Harlie se afastou de Daryl imediatamente, se sentando sozinha na velha escadaria do celeiro. Aaron ainda estava lá, amarrado em um dos pilares. Contudo, o lugar estava diferente. Haviam latas de comida aos montes, no meio do grupo. Aparentemente o grupo todo já estava lá, fazendo Harlie e Daryl sendo os últimos a voltarem. Tomara que não pensem besteira... Harlie pensou.

—Isso tudo agora é nosso. – Rick disse, se referindo às latas de comida. – Indo ou não para a sua comunidade.

—Nós não vamos? – Michonne perguntou. – Até agora, ele disse a verdade. Os carros, a comida... não acha que deveríamos dar uma chance?

As latas de comida indicavam uma coisa. Ao menos não são canibais. Harlie pensou. Porém, ela ainda concordava com Rick sobre a tal comunidade. Ela ainda estava traumatizada com o Terminus. E se admirava de outros membros do grupo não estarem, depois de todas as histórias que ouviu sobre lugares como a prisão, Woodbury, e até mesmo o próprio Terminus. Talvez seja o desespero. A necessidade de achar um lugar para chamar de lar. Se fosse verdade, Harlie mais do que ninguém iria querer aquilo. Estabilidade, segurança... essas coisas pareciam estar tão fora de alcance agora.

—O que acham? – Rick perguntou, esperando alguma opinião por parte do grupo.

—Acho que pode funcionar. – Michonne respondeu. Outros começaram a concordar com ela. Rick encarou Daryl, esperando uma resposta definitiva. A opinião dele era importante.

—Eu não sei... esse celeiro tá com cheiro de merda de cavalo. – Daryl respondeu.

Engraçado... ontem nós nem reparamos em cheiro nenhum. Harlie pensou. Provavelmente seria porque havia um errante ali dentro e os dois eram suspeitos para reclamar, por estarem sem tomar banho há alguns dias. Talvez a água da chuva tenha dado uma amenizada no cheiro deles... ou o vento da tempestade tenha espantado o cheiro de morte e levantado o cheiro natural do celeiro, ela não sabia. Mas concordava plenamente que o celeiro estava fedendo a merda de cavalo naquele momento.