I Want You To Stay

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Harlie havia perdido a noção do perigo de vez. Ela estava ali, com os lábios grudados nos de Daryl por mais tempo do que parecia. E não parecia que ela iria soltá-lo tão facilmente. Daryl apenas percebeu o que ela estava fazendo alguns segundos depois de ela pular em seu pescoço. Como seu mecanismo de defesa natural, a "barreira protetora" lhe indicou, ele afastou Harlie o mais depressa possível quando conseguiu processar o que ela havia acabado de fazer.

—Mas que porra você pensa que está fazendo?! – Daryl perguntou, irritado. – Ficou maluca?!

—Ou era isso ou eu te dava um tapa na cara. – Harlie respondeu, ofegante. Ela estava tremendo e suas bochechas estavam vermelhas. Agora caiu a ficha do que ela tinha feito. – Escolhi o menos doloroso...

—Se fizer isso de novo eu vou... – Daryl foi interrompido.

—Vai fazer o quê? Vai me matar e esconder meu corpo?! – Harlie perguntou, enérgica. – Olhe nos meus olhos e diga que não sentiu nada...

A situação estava muito inusitada. Uma semana atrás Harlie ainda estava com Beth na cabeça e fez sexo com Tara. Mas as coisas eram diferentes agora. Tara havia sido apenas um encontro de uma noite, enquanto Beth estava morta... e nunca mais iria voltar.

Então, algo mais lhe veio em mente. Toda vez que ela falou, olhou, ou pensou em Daryl, havia uma fagulha. Nenhum de seus encontros havia sido tranquilo ou fácil. Era como se estivessem destinados a serem manipulados por um destino que gostava de brincar com suas emoções. Ela se lembrou de quando os dois estavam no terraço do hospital. Aquele momento em particular...

Quando o sol estava sumindo e ela estava atormentada por todos os desafios impostos a ela naquele dia. O único lugar onde ela encontrou paz foi quando se jogou nos braços dele. E mesmo que tenha demorado, ele correspondeu. Por um momento, ele abaixou a barreira para ela. E o que houve depois... teria realmente acontecido se Glenn não tivesse interrompido? Se Daryl realmente a desprezasse, ele nem teria a deixado ficar tanto tempo envolta em seus braços.

Porém, tranquilidade era um luxo que esse apocalipse não permitia a ninguém. A morte de Beth desencadeou uma série de sentimentos destrutivos dentro de ambos. Enquanto se acusavam, se esqueceram do que realmente era importante. Como Tara havia dito, Harlie e Daryl eram como fogo e gasolina. Que estava precisando de um pequeno incêndio. Harlie causou o incêndio quando beijou Daryl.

—Se realmente não me quisesse aqui, já teria me agredido. Se realmente me odiasse, já teria me matado... – Harlie continuou, se aproximando dele novamente. – Se não quisesse, estaria se afastando...

Ela o beijou novamente. Mais calmamente e mais rápido. Ela se afastou, esperando algum tipo de reação. E tudo que encontrou foi Daryl, com um misto de emoções e expressão indefinida. Ela não sabia se ele estava zangado, ou simplesmente com vontade de chorar. Mas havia algo naquele olhar, muito peculiar. Algo intenso.

Daryl encarava Harlie, sem saber como reagir. Lá estava ela, brincando com suas emoções de novo. Ele não sabia se conseguiria passar por isso outra vez. Se apegar a uma pessoa e perde-la em seguida. Por mais apegado ao grupo que fosse, ainda não se comparava ao tamanho da consideração que ele tinha por Merle... e por Beth. E havia perdido os dois.

Sem mencionar Carol... a quem ele se empenhou tanto em encontrar a filha, Sophia. Apenas para descobrir que a garota já era um errante. Depois disso, mesmo que ele não tivesse perdido Carol, ele rejeitou todas as tentativas dela de se aproximar desse jeito. Por dois motivos: ele não se atraía por Carol, e mesmo que se atraísse, não queria sentir tamanha dor se tivesse que perde-la um dia. Não que não fosse doer, afinal, ela era sua melhor amiga. Mas Daryl viu como Rick ficou após perder Lori... ele não queria ficar daquele jeito nunca.

𝐀𝐍𝐆𝐄𝐋𝐒 𝐀𝐍𝐃 𝐃𝐄𝐌𝐎𝐍𝐒 | daryl dixonOnde histórias criam vida. Descubra agora