The Meaning Of Needing

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Por incrível que pareça, Jessie parecia não estar zangada. Sim, ela havia falado de forma firme, mas calma. Ela não estava nem um pouco alterada. Harlie sabia que teria que falar com ela mais cedo ou mais tarde. Tinha contas a acertar com ela, isso era fato. Só não sabia que seria cedo daquele jeito...

— Rosita, pode me ajudar a levantar? — Harlie pediu, sem deixar de olhar para Jessie. — Vou conversar com a Jessie lá fora.

— Não é uma boa ideia, você ainda está fraca. — Rosita respondeu, cruzando os braços diante daquela saia justa.

— A Rosita está certa. Esse ferimento na sua cintura ainda não está cicatrizado, ficar se mexendo só vai fazer com que piore. — Denise respondeu, em um tom baixo.

Apesar de evitar demonstrar, Denise não estava confortável com a presença de Jessie. Não que ela tivesse culpa, mas continuava sendo a viúva de Pete... e ela não esqueceu o jeito com o qual ele a tratava.

— Eu só vou até a varanda, não até a China. — Harlie respondeu, tentando usar um tom sarcástico. Porém, saiu mais rude que outra coisa. — Além do mais, Tara já passou tempo demais lá fora por um dia, e ela está pior que eu.

Tara estava a ponto de soltar mais uma de suas respostas de língua afiada, quando Rosita ergueu uma mão para impedi-la de falar.

— Se você sentir qualquer cócega que seja, grite que iremos te trazer para dentro na hora. — Rosita respondeu, de forma rígida.

A latina ajudou a terminiana a se levantar e a caminhar lentamente para fora da enfermaria. Assim que Jessie também saiu, Rosita deixou as duas a sós e voltou para dentro, fechando a porta. Agora que estavam sozinhas, o clima estava ainda mais estranho. Harlie imaginou aquele momento tantas vezes desde que se dera conta de que iria ter que encarar aquilo de qualquer jeito, que agora que estava de frente com Jessie, não sabia escolher as palavras para começar.

— Me desculpe... — Foi a primeira coisa que Harlie conseguiu dizer após longos minutos de silêncio, apenas encarando a outra mulher.

— Não se desculpe. Eu sei que você não se arrepende de tê-lo matado. — Jessie respondeu, de maneira firme.

— Não estou me desculpando por ele. Estou me desculpando por você. — Harlie respondeu. — Eu fiz o que fiz por mim mesma. Sim, pensei nas merdas que ele fazia com você e poderia fazer com outras pessoas, mas só tomei uma atitude depois que ele me machucou. E eu nem me dei conta de como isso iria afetar você e seus filhos...

Harlie havia pensado no assunto sim. Mas havia pensado em como Pete era um escroto que só atrapalhava a vida da esposa e dos filhos, não havia parado para considerar o quanto eles gostavam dele. Se é que havia motivo para isso, mas não dava para julgar vítimas de relacionamentos abusivos, quando ela mesma já esteve em um.

— Harlie, eu não amaldiçoo você pelo que você fez. De certa forma, você salvou nossas vidas. Quem sabe quanto tempo ele iria continuar nos maltratando até que um de nós morresse? — Jessie respondeu. Então ela não estava com raiva... mesmo assim, ela não parecia completamente satisfeita. — Mas meus filhos não entendem... eu não consigo explicar que aquilo que o pai deles fazia com eles não eram demonstrações de amor e carinho. A culpa é minha... eu permiti que eles passassem por isso...

— Não, Jessie. Não se culpe. Você e seus filhos não tiveram culpa de nada. Nunca pense que vocês mereceram algum daqueles abusos, porque não é verdade. — Harlie a interrompeu, involuntariamente erguendo uma mão para impedi-la de continuar se autodepreciando. — Olhe, eu tenho noção que eu fiz uma merda gigantesca. Eu sei que eu exagerei, sei que não era a melhor maneira de terminar com isso, mas... eu não consegui controlar a minha fúria naquele momento. O que ele fez comigo...

𝐀𝐍𝐆𝐄𝐋𝐒 𝐀𝐍𝐃 𝐃𝐄𝐌𝐎𝐍𝐒 | daryl dixonOnde histórias criam vida. Descubra agora