𝐀𝐍𝐆𝐄𝐋𝐒 𝐀𝐍𝐃 𝐃𝐄𝐌𝐎𝐍𝐒 | daryl dixon

The Last Good Day

Os raios de sol entravam pela janela e bateram no rosto de Harlie, que não havia conseguido pregar o olho nem por um segundo. A cabeça dela estava recheada com vários dos mais diversos pensamentos sobre o que aconteceria naquele dia. Afinal, ela havia matado uma pessoa. Por mais podre que Pete fosse, ainda sim, ela o havia assassinado a sangue frio. E isso teria consequências.

Daryl estava adormecido ao lado dela. Ela jurava que nunca se acostumaria a essa visão. Vê-lo tão calmo e sereno daquele jeito era estranho. Ela esperava que ele fosse acordar e resmungar algo a qualquer momento. Na verdade, o que realmente era estranho era essa calmaria repentina após o dia anterior. Será que ele estaria assim se ela não tivesse ido atrás de Pete?

Talvez, ele não estivesse calmo. Só estivesse exausto. Afinal, ela não poderia esquecer que ele agora tinha um dos, se não o, trabalho mais perigoso da comunidade, que era o de vasculhar as regiões próximas em busca de sobreviventes. Porém, o tempo de convivência que ela tivera com ele dizia o contrário. Daryl era como se fosse um homem de ferro, poucas coisas o abalavam.

E o relacionamento deles era muito recente, se é que podia ser considerado um relacionamento. Era cedo para esse tipo de preocupação melosa, por mais que o que tivesse acontecido com Harlie fosse o cúmulo de horrível.

Pois bem, ela já havia sofrido muito mais que isso e nem havia se abalado tanto. Na verdade, havia sim. Apenas situações como essa se repetiram tantas vezes que ela aprendeu a ser forte e encarar seus problemas na marra. E estava na hora de fazer isso agora.

Ela olhou para o lado e o encarou novamente. A simples presença dele era o suficiente para trazer o mínimo de paz interior para si e lhe dar coragem para encarar a situação de frente. E novamente, por mais que o relacionamento deles fosse recente, ela sentia que podia ser capaz de o defender com unhas e dentes caso uma situação dessas acontecesse com ele.

Talvez não fosse preciso, pois ele sabia cuidar de si mesmo muito bem. A questão era que, assim como ela, ele foi obrigado a aprender a ser forte na marra. Mas mesmo assim, ela o defenderia , pois Harlie era extremamente zelosa pelas pessoas importantes para ela.

Harlie não sabia, mas Daryl pensava o mesmo sobre ela. O instinto protetor dele estava a mil com toda aquela situação, tanto é que ele nem levantou para trabalhar naquela manhã. Cuidar do bem estar dela era mais importante agora.

Ele ficou surpreso quando entrou no quarto na noite anterior e não a encontrou. Aquele gesto, o simples gesto de ela ir atrás de justiça, mesmo quebrada daquele jeito, o fez a admirar dez mil vezes mais que antes. Harlie era uma mulher forte. Era uma pena que todas essas coisas ruins tiveram que acontecer para a tornar forte, isso não era certo.

Ao menos, Daryl sabia que ela não era do tipo que ficava sentada esperando pelo príncipe encantado correr para seu resgate. Ela era seu próprio príncipe encantado. E isso o deixou orgulhoso dela. Orgulhoso por ela ainda estar tentando viver, mesmo com o mundo todo conspirando contra ela.

Contudo, uma coisa era certa sobre a relação deles. Por mais que Harlie quase nunca fosse se colocar na posição de "donzela em perigo", caso acontecesse, ela não admitiria que precisaria de ajuda. Mas precisaria, e ele não negaria ajuda nunca. Por isso, noite passada, quando colocou todos para fora da casa e a deixou finalizar sua vingança, ele permaneceu ao lado dela.

Eles compartilhavam da mesma cabeça dura e do pensamento de nunca pedir ajuda. Os dois eram tão diferentes e tão iguais ao mesmo tempo. Talvez fosse por isso que eles fossem tão certos um para o outro.

Antes de levantar, Harlie deu um leve beijo na testa de Daryl, de forma delicada para não acordá-lo. Sinceramente, ela não sabia de onde ele tirava tanta energia para ficar acordado tanto tempo. De todos os membros do grupo, ele era o que levantava mais cedo e ia dormir mais tarde.