...Only Makes Me Love You More

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Durante todo o trajeto até a casa, de mãos dadas com Harlie, Daryl só conseguia pensar em duas coisas: em como aquilo tudo iria dar merda e em como ele queria fazer aquilo. Ele nunca teve experiências com amor, nem boas influências para o romance. Seu pai costumava maltratar sua mãe, chamando-a de vadia e nomes piores, e as duas frases que ele mais o escutava dizer para ela eram "estou com fome, vai para o fogão" e "traz minha cerveja". Nunca um "eu te amo".

Merle não era uma influência muito melhor. Seu irmão nunca teve uma namorada duradoura. Apenas ficava com várias, sem se estabilizar com uma só. E, ainda por cima, esperava que Daryl fizesse o mesmo. Esse era um dos milhares de motivos pelos quais Daryl tinha problemas para se relacionar com as pessoas. Merle o pressionava demais para "ser machão", então Daryl era praticamente obrigado a transar com mulheres por quem não sentia nada, apenas para provar sua masculinidade. Conforme o tempo ia passando, ele ia parando com esse comportamento, apenas mandando Merle para aquele lugar quando ele o chamava de maricas.

Claro, devido a toneladas de influência de Merle, Daryl levou muito tempo para parar de enxergar as mulheres como um objeto descartável. Elas tinham sentimentos, e se magoavam. Sua primeira experiência com sentimentos femininos fora quando Carol perdeu Sophia. E mesmo que ele tenha sido muito grosso com ela nesse período, nunca deixou de se importar com ela. Sabia que ela estava sofrendo muito sem a filha, então não parou de procurar a garota nem por um segundo. E mesmo após a decepção de encontrar Sophia como um errante, os dois não se afastaram. Ele percebeu o quanto Carol estava se aproximando dele, e ergueu sua "barreira protetora" antes das coisas saírem do controle, mantendo apenas a amizade.

A primeira vez que ele se sentiu exposto diante de uma mulher foi quando esteve na cabana abandonada com Beth, logo após fugirem da prisão. Aquele estúpido jogo de beber... ele nunca tinha contado tantos segredos para ninguém, nem mesmo para Carol. Claro, ele estava bêbado naquele dia. Mas a conexão que ele formou com a Greene naquele dia foi tão grande que, por um momento, ele achou que estava descobrindo o que era se apaixonar. Tanto é que fantasiou, e até sonhou com ela de vários jeitos que ele sequer teria coragem de pensar antes daquilo.

E agora havia Harlie. Uma magrela irritantemente linda que havia conseguido a proeza de transformar ódio em simpatia. Enquanto ela tagarelava sem parar lá fora, na ponte, Daryl pensava em várias maneiras de respondê-la. Mas ele sabia que iria guardar a maioria daqueles pensamentos para si. Pois também sabia que nunca teria coragem para falar aquelas coisas de maricas em voz alta. Na verdade, estar ali com ela naquele momento, já o transformava em um maricas.

No meio de várias experiências desagradáveis e incompreensíveis, Harlie era a primeira em muitos aspectos. Era a primeira a fazê-lo gostar dela, sendo que já havia a odiado. Ele nunca gostou de nenhuma outra mulher que havia odiado na vida. Na realidade, era difícil ele sequer gostar de alguém. Também era a primeira mulher a ir para a cama com ele mais de uma vez. Só isso já era válido para ele lembrar dela para o resto da vida.

A casa estava vazia. Ao menos a casa onde tanto Harlie quanto Daryl dormiam. Eles subiram as escadas, em direção aos quartos, e Daryl a levou até o final do corredor, parando em frente a última porta à esquerda.

—É o seu quarto? – Harlie perguntou. Daryl apenas assentiu como resposta. – Seu colega não vai ficar irritado de me encontrar aqui?

—Só eu durmo nesse quarto. – Daryl respondeu.

Era verdade. Na divisão de quartos, Daryl esperou todos escolherem seus parceiros, e se manteve calado. Ele apenas falou no final, quando disse a Rick, em particular, que queria um quarto individual. Rick entendeu, já era normal esperar esse tipo de comportamento vindo do caçador.

𝐀𝐍𝐆𝐄𝐋𝐒 𝐀𝐍𝐃 𝐃𝐄𝐌𝐎𝐍𝐒 | daryl dixonOnde histórias criam vida. Descubra agora