I Spit On Your Grave

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Daryl estava sentindo tanta raiva, que achava que poderia quebrar as paredes da casa com um único soco. Justamente em seu primeiro dia de trabalho, quando teve que se ausentar de Alexandria por mais tempo que o normal, aconteceu uma coisa dessas. Mesmo lá fora, na estrada, enquanto procurava sobreviventes com Aaron, ele ainda sim podia sentir que tinha algo acontecendo com Harlie. Uma sensação ruim. Como se ela estivesse precisando dele desesperadamente.

Por mais que estivesse sentindo toda a raiva do mundo, ele conseguiu controlá-la por poucos momentos, para que pudesse levar Harlie para casa. Para o quarto deles. Onde ela estaria segura. Ele não iria suportar olhá-la nesse estado em que ela se encontrava por muito mais tempo. Ela estava completamente quebrada. E ele iria matar o desgraçado que havia feito isso.

Entrando na casa, Carl ainda estava no sofá, com Judith. Daryl não tinha certeza se era uma boa ideia deixá-la vê-los agora. Talvez pudesse fazer bem. Ela gostava de Carl e da pequena Bravinha. Ou, talvez, ela pudesse não gostar que eles a vissem assim. Ignorando qualquer pensamento, ele viu o mini xerife se aproximar deles.

—Harlie, o que você tem? Todos estão preocupados, inclusive eu. Você se machucou? – Carl perguntou, em um tom baixo, porém preocupado.

—É, Carl. Eu me machuquei sim. Não... alguém me machucou. – Harlie respondeu, cabisbaixa. – Mas eu vou ficar bem, não se preocupe comigo, ok?

Harlie estava tentando ser o mais gentil possível, para não magoar Carl. Mas ela estava tão triste e cansada que tudo o que queria fazer era voltar para o quarto, se enfiar debaixo das cobertas e ficar quieta. Só por hoje. Daryl deixou Harlie no sofá com Judy, que já estava dormindo, e chamou Carl para um canto.

—Vou levar a Harlie lá para cima e ver se consigo fazê-la dormir. Pode ir até a casa aqui ao lado e avisar os outros? – Daryl perguntou. Carl assentiu e deixou a casa.

O caçador se voltou para a terminiana, e ajudou ela se levantar, enquanto ela segurava Judith. Eles subiram as escadas, primeiro entrando no quarto de Rick, Carl e Judy, e deixando a menina no bercinho. Depois disso, Daryl pegou Harlie no colo e a levou até seu quarto. Foi um curto período de tempo. Mas o suficiente para ele perceber o quanto ela estava necessitada de tê-lo por perto. Ela fechou os olhos e encostou a cabeça em seu peito, nem percebendo que ele já a colocava na cama e a cobria com a coberta.

—Eu vou até a outra casa e já volto, ok? – Daryl perguntou. Na verdade, era uma desculpa para sair e caçar o demônio.

—Daryl... será que você podia ficar comigo até eu dormir? – Harlie pediu, sem encará-lo.

O caçador considerou a ideia por um momento. Cada minuto que ele passava dentro de casa, era um minuto a mais para o patife ficar livre e impune. Porém, Harlie sofreu o dia todo, enquanto ele estava fora dos portões. Ficar com ela só por alguns minutos não faria mal. Daryl se deitou ao lado dela e pôs um braço ao redor dela.

Foi uma coisa estranha de princípio. Ele não era do tipo que ficava abraçado com a mulher na cama. Todo esse contato físico meloso demais era coisa de frangote. Contudo, naquele momento, a sensação de ela ter lutado até o fim, com todas as suas forças e ter perdido, e agora estar precisando dele... isso definitivamente não era a atitude que um homem fraco tomaria.

Era como um velho ditado dizia: o homem forte protege a si mesmo, o homem mais forte protege os outros. E ele não negaria alguns minutos de conforto a ela, jamais. Ele a abraçou mais forte, sentindo sua respiração subir e descer. Nenhum dos dois dizia uma palavra. Era outro ponto no qual combinavam fortemente. Quando sabiam aproveitar o silêncio necessário.

Indeterminados minutos depois, Daryl ergueu o rosto e viu Harlie adormecida, respirando suavemente. Era agora. Ele precisava deixá-la sozinha só um pouco. Só o tempo necessário para acabar com a dor que ela sentia. E garantir que ela nunca mais precisasse passar por isso outra vez.

𝐀𝐍𝐆𝐄𝐋𝐒 𝐀𝐍𝐃 𝐃𝐄𝐌𝐎𝐍𝐒 | daryl dixonOnde histórias criam vida. Descubra agora