𝐀𝐍𝐆𝐄𝐋𝐒 𝐀𝐍𝐃 𝐃𝐄𝐌𝐎𝐍𝐒 | daryl dixon

I Care... Just a Little

Dentro do caminhão, Harlie demorou o exato tempo de sete minutos e 14 segundos para se recuperar do colapso nervoso que acabara de ter. Daryl a deixou quieta, se acalmando sozinha, por mais que ele estivesse mega curioso sobre como ela foi parar ali, e bem lá no fundo, só um pouquinho preocupado com ela naquele estado. Mas só um pouquinho.

E não era apenas isso. Do outro lado dela, havia um garoto negro que ela nunca viu na vida. Ele estava adormecido, e Harlie agradeceu por isso. Ela tinha coisas mais importantes para se preocupar do que saber de onde diabos aquele garoto saiu.

—Já se acalmou? – Daryl perguntou, quebrando o silêncio. – Já faz um tempo que você parou de ofegar igual a um cachorro com sede. Toma aqui.

Ele pegou algo de dentro do porta-luvas. Era uma garrafa d'água. Ele jogou em cima de Harlie, sem fazer muita cerimônia. Ela, sem perceber o quanto estava com sede até o momento, abriu a garrafa e tomou quase toda a água de uma vez só.

—Obrigada... – Foi a primeira palavra que Harlie conseguiu dizer desde que entrou no caminhão. O choque ainda era muito recente.

—Vai falar o que você está fazendo nessa merda de cidade ou eu vou ter que te largar na rua? – Daryl perguntou. Ele não iria realmente largar Harlie na rua, apenas disse aquilo para ela contar mais depressa.

—Eu fui sequestrada, tá legal? Eu estava na igreja, quando esse carro apareceu do nada e alguém me enfiou dentro dele! – Harlie começou a disparar as palavras com raiva, começando a se dar conta do que tinha acontecido e ficando rapidamente irritada. – Eu acordei em uma cama de hospital com a perna machucada e uma porra de uma agulha enfiada no meu braço. Não bastando isso, eu descubro que a Maggie tem uma irmã chamada Beth e que ela está lá dentro desse hospital!

Daryl quase freou quando escutou Harlie mencionar o nome de Beth. Foi quase como se tivessem injetado adrenalina no coração dele. Mas ele não se exaltou muito por fora.

—Você também viu a Beth? – Daryl perguntou, mais enérgico que antes. – Me dê só um bom motivo de ela não estar aqui agora, ou eu paro esse caminhão e te jogo lá fora!

—Puta merda! Será que você não consegue ser menos grosso só por cinco minutos?! – Harlie reclamou, já incomodada com o jeito carrancudo dele. Na verdade, ela não se incomodava com o fato de ele ser assim. Era a situação que a estava deixando nervosa. – Eu vou contar o que aconteceu!

Harlie começou a contar tudo o que havia acontecido desde o momento que Daryl e Carol já não estavam mais na igreja. Ela contou sobre a batalha contra os terminianos, e até mencionou sua pequena vingança. Daryl, ouvindo tudo com atenção, emitiu um pequeno ruído de satisfação, discreto o suficiente para Harlie não perceber. Esse filho da puta mereceu isso e muito mais. Daryl pensou. Ele não tirava os olhos da estrada, e agradecia por ser de madrugada e tudo estar escuro. Assim podia resistir à tentação de olhar para ela de novo.

Harlie continuou, chegando na parte onde estava na rua sendo atacada por um errante, o carro apareceu e ela foi levada para o hospital. Foi onde ela começou a falar sobre Beth. Tudo o que ela disse era exatamente o que Daryl pensava. Beth era um amor de pessoa, e não merecia estar no meio daquelas pessoas desprezíveis. Principalmente de Dawn Lerner. Quando Harlie contou que Dawn havia batido em Beth, Daryl sentiu vontade de dar meia volta, arrombar o hospital e enfiar uma flecha bem funda na cabeça da policial. Contudo, Harlie não disse nada sobre ter beijado Beth duas vezes. Aquilo era assunto dela.

—Nós íamos fugir juntas. Mas o plano deu errado e ela se sacrificou por mim. Sabe-se lá o que fizeram com ela, devem ter batido nela de novo... – Harlie disse, com arrependimento na voz. – Eu devia ter lutado mais. Devia ter trazido ela comigo. Eu sou uma merda mesmo!