𝐀𝐍𝐆𝐄𝐋𝐒 𝐀𝐍𝐃 𝐃𝐄𝐌𝐎𝐍𝐒 | daryl dixon

The 15 Year-Old Virgins

A casa de Deanna não era exatamente o lugar mais acolhedor do mundo no momento. Ela havia acabado de perder um filho, então era normal que o clima de luto estivesse pairando por ali. Na verdade, Harlie não sabia como ela teve forças para participar de seu julgamento logo depois de perder um filho. Talvez, ser líder da comunidade exigisse certos sacrifícios emocionais.

—Certo, vamos todos para o meu escritório. Lá poderemos discutir esse assunto de maneira mais confortável. – Deanna disse. Seu tom de voz já estava diferente dentro de casa. Era claro que ela não queria estar ali.

Dentro do escritório, todos se sentaram nos diversos sofás e poltronas do cômodo, enquanto Harlie se sentou na poltrona principal, na frente da estante.

—Antes de você começar, eu só queria esclarecer que estou satisfeita com a sentença. Sei que o que eu fiz não foi uma coisa boa, e que se você quisesse, poderia ter me expulsado. Então, aplique a punição que achar necessária. Eu estou pronta para arcar com as consequências. – Harlie disse, em tom claro e alto para que todos pudessem ouvir.

—Então está bem, vai ser mais fácil e mais rápido desse jeito. – Deanna respondeu, concordando com o que Harlie havia dito. – Se você se considera pronta para arcar com as consequências realmente, eu irei sugerir duas coisas como punição. A primeira será: você não terá permissão de ir ao funeral dos recém-falecidos. Sei que um deles chegou aqui com vocês, mas você não poderá prestar as últimas condolências a ele.

Ela está falando do Noah? Eu nem era chegada a esse garoto, não ao ponto de me importar com isso... Harlie pensou, sendo sincera consigo mesma sobre a morte de Noah. Talvez estivesse pensando algo ruim, mas ao menos estava pensando a verdade. Não que ela estivesse tentando diminuir a dor de quem se importava, apenas não fora afetada por isso.

—A segunda, e possivelmente mais perigosa: os funerais irão acontecer essa semana. Durante esse tempo, você irá se deslocar para fora da comunidade, para procurar suprimentos, tanto médicos quanto básicos. – Deanna continuou, em um tom firme. – Não será fácil, e será perigoso com todos aqueles monstros lá fora. Por isso, eu posso permitir apenas que mais alguém vá com você.

Tudo bem, não tinha sido tão ruim quanto ela pensou que seria. A tal punição poderia ser algo muito pior do que apenas uma ronda. Ok, foi uma ronda que havia matado Aiden e Noah, e quase matou Tara. Mas Harlie tinha chances maiores de sobreviver lá fora do que qualquer outra pessoa da comunidade.

—Posso levar qualquer um? – Harlie perguntou. Deanna assentiu como resposta.

—Desde que a pessoa aceite ir com você, qualquer um. – Deanna completou. – Você irá partir amanhã, no início da tarde. Vou pedir ao Aaron para deixar o trailer preparado. Tem esse tempo para pensar em quem irá levar.

Por mais que Harlie admitisse para si mesma que tinha cometido uma barbaridade, ela nunca tinha sido tratada com tanta frieza como estava sendo agora. Já havia enfrentado muitas coisas antes. Ódio, inveja, preconceito, humilhação... mas era a primeira vez que alguém a tratava de forma tão fria. Era justo. Afinal, não iria esperar que todos fossem passar a mão em sua cabeça após cometer um assassinato, mesmo se tratando de um filho da puta daqueles.

—Isso não é arriscado demais? – Maggie perguntou, protestando. – Harlie é a única médica agora. Corremos um grande risco de perdê-la se ela realmente for obrigada a ficar lá fora por esses dias. Fora a saúde mental dela, que ainda não deve estar totalmente recuperada. A última missão do grupo de ronda não acabou bem e eu quase perdi meu marido! Não quero perder uma amiga também...

—Está tudo bem, Maggie. Se isso for o necessário para eu me redimir, eu faço. É melhor passar alguns dias fora daqui do que ir embora de forma permanente. – Harlie respondeu, se levantando. – Sinto muito pelo seu filho, Deanna. Você e sua família deviam estar de luto por ele, e não, enchendo a cabeça comigo.