Sonder『chanbaek』

「XIX」

A sala bem ventilada parecia qualquer coisa menos aconchegante. O rapaz voltou o olhar para o céu, notando que já estava quase escurecendo. A movimentação nas ruas era clara, a animação das pessoas, irritante. Todos preparavam-se para o ano novo; enquanto isso, lá estava ele, em sua sala.

Junmyeon ajeitou a gravata cinza claro, de mesma cor da calça social que usava; eram as únicas coisa em sua vestimenta, que não eram brancas. 

Provavelmente era o único que ainda estava no prédio da empresa; todos já deveriam, há muito, estar com suas famílias e amados. 

E ele tinha que chegar em casa logo. 

Não queria. Não mesmo. 

Respirou fundo, fechando os olhos de maneira calma; estava extremamente sobrecarregado com o trabalho. Menos de um segundo depois seu celular tocou. Sorriu fraco. Já sabia quem era, então atendeu e colocou no auto-falante, enquanto guardava tudo em sua pasta e se preparava para a festa de ano novo em sua casa. 

— Oi.

— Querido, você já está saindo? — a voz doce e preocupada perguntou. Junmyeon sorriu fraco.

— Já terminei tudo que tinha pra terminar aqui. 

Mentiu. Sequer tinha feito alguma coisa. Era dia 31 e todo mundo estava de folga; tinha ido ao trabalho somente para tentar encher a cabeça com alguma coisa já que Sehun estava ocupado. Não tinha funcionado. 

— Que bom, meu anjo... — a voz ainda soava preocupada 

— Já chegou alguém? — fechou a pasta devagar, como se tivesse todo o tempo do mundo. Olhou o relógio com um suspiro; ainda eram dez pras sete da noite. Óbvio que ninguém tinha chegado ainda. 

— Não, eles vão começar a chegar provavelmente às oito... — notou o claro desconforto no silêncio da linha, porém esperou-a continuar, porque sabia que ela não tinha terminado. — Chanyeol vem?

— Não, ele viajou pelo que eu soube... — bagunçou o cabelo, suspirando, e decidiu tirar a gravata. Era ano novo, não deveria estar tão formal, certo?

— Ah...

— O que é meio chato, porque o Yixing disse que apareceria, lembra? — forçou uma risada — Ele volta antes do dia 5, apesar disso. 

Afrouxou a gravata e decidiu guardá-la na pasta junto com o paletó cinza claro. Desabotoou dois dos botões da blusa e começou a dobrar as mangas até os cotovelos. 

— Ano novo chinês, certo? — Junmyeon respondeu com um resmungo afirmativo — E Sehun?

Deu um longo suspiro e ajeitou-se onde estava.

— Não sei, pelo que parece ele vai ter que ficar trabalhando... 

Por mais que sentisse falta dele, não podia fazer muito. Sehun tinha suas responsabilidades também. Sabia que ela tinha notado algo de estranho em sua voz desde a primeira palavra.

— Ah, que pena. Vocês dois são tão bons amigos...

Assentiu para o vento, já que ninguém além dos pássaros que voavam do outro lado da janela veriam algo. 

— Bom, estou bem ocupado esses dias e ele também. — deu de ombros, mais uma vez, um gesto inútil, visto por ninguém — Logo, logo chego. Você e meu pai sabem a senha, né?

— Não se preocupe, docinho — ela riu fraco — Sou sempre eu que lembro tudo por ele. Vamos chegar e deixar tudo prontinho pra você e pros convidados! Beijinhos!

— Até mais tarde, Louise. — sorriu fraco. 

Ainda era estranho para Junmyeon que sua madrasta fosse pouco mais que dez anos mais velha que ele, porém não tinha como odiá-la; ela realmente tentava ser o mais gentil possível e tinha uma personalidade um tanto juvenil.