「XXIV」

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Mordendo o lábio inferior com nervosismo, Baekhyun encarou a tela de seu computador. Era a reta final; faltava pouco mais de um mês para o grande casamento. Já era dia 14 de janeiro e parecia que toda a pressa anterior tinha simplesmente dobrado.

Baekhyun estava com os nervos à flor da pele.

Estava com raiva, estava frustrado, estava insatisfeito e estava tenso. Tudo que tinha acontecido nos últimos dias — nos últimos tempos — relativo à Park Chanyeol, tinha sido um completo desastre. Ele era insuportável, completamente difícil de se lidar. Ele era inteiramente arrogante e individualista, teve tudo nas mãos desde criança e agora achava que podia fazer com que tudo lhe fosse dado de bom grado.

Com exceção de que era mentira.

Nos poucos meses em que tiveram contato, toda a concepção de conhecimento que tinha sobre ele foi abalada; revirada de um lado para o outro como um brinquedo de parque de diversões. Embora soubesse quem ele era e tentasse se manter focado em seu trabalho, lidar diretamente com todas suas vontades foi exaustivo. Não fisicamente, e não de uma maneira ruim, como tinha imaginado a princípio.

Agora que parava para pensar, no começo de suas reuniões, ele se esforçava quase que totalmente para atrasar e arruinar aquele casamento; era tão desesperado que chegava a ser hilário que ele pensasse que aqueles planos sem sentido dariam certo, mas de certo modo, se chamava "desespero" por um motivo. Park Chanyeol era um jovem desesperado, um adulto que já não via solução para o problema que seus pais tinham criado para ele, uma pessoa que tinha perdido a esperança há mais tempo do que Baekhyun poderia imaginar e acima de tudo, alguém que propositalmente não tinha sido criado para resolver seus problemas por si só.

Baekhyun imaginava que seus pais, em algum ponto, já imaginavam que a dependência do filho neles seria essencial num futuro próximo, digamos, caso ele não quisesse fazer algo que eles o impusessem. E foi, de fato, o que aconteceu. Era quase teatralmente brilhante, como uma tragédia grega. Park Chanyeol sempre ia acabar andando em círculos, sem ganhar nenhuma das vezes, e Baekhyun, que tinha sido jogado naquela situação, agora era o personagem principal; aquele que tinha somente duas opções e dois destinos, ambos levando à sua igual desgraça.

Por mais que tentasse negar, era óbvio até para si mesmo que estava criando algum tipo de afeto por Chanyeol. Não queria admitir, mas o Park era facilmente o tipo de pessoa que Baekhyun seria, em condições normais, amigo.

Não estavam em condições normais, por isso, não podia sequer cogitar aquilo.

Embora tivessem sido tão honestos um com o outro meses atrás em Milão, e tivessem sido íntimos demais durante o Ano Novo... E agora também, com ele passando a noite em sua casa, em seu porto seguro. Seu único refúgio... Baekhyun sentia-se sujo.

Sentiu-se ainda mais imundo quando acordou não no sofá em que tinha adormecido, mas em sua cama; e ainda pior quando percebeu que não tinha mais ninguém ali, só um bilhete rabiscado em seu bidê, explicando resumidamente a situação. Chanyeol tinha o deixado ali e ido embora assim que a chuva diminuiu. 

Suspirou, esfregando o rosto e passando os dedos pelos cabelos. Não tinha conseguido fazer nada de seu trabalho. Sentia-se, pior que tudo, improdutivo, e odiava isso mais que qualquer coisa.

— Com licença...

Ergueu o rosto e notou que Seulgi o dava um fraco sorriso. Ela estava preocupada, mas também, quem não estava?

— Você deveria estar na sua mesa, srta...

Ela assentiu, embora continuasse a entrar na sala até parar bem em frente à sua mesa.

Sonder『chanbaek』Onde histórias criam vida. Descubra agora