Sonder『chanbaek』

「XXVII」

Sunyoung estava pensativa. Óbvio que gostava de passar um tempo com seu irmão, mas ultimamente ele estava sendo mais honesto com qualquer um do que com ela; ela só sabia o que Jongdae a contava, e para ser sincera, todas aquelas informações estavam começando a deixá-la ansiosa. Era como se ela já não fosse mais de confiança.

— Chanyeol... — chamou o irmão, que estava deitado no sofá e com as pernas sobre o colo dela. Ele murmurou para que ela continuasse, mesmo que seus olhos estivessem fixados na televisão. — Você... seria honesto comigo sobre qualquer coisa, certo?

Franzindo o cenho e desviando os olhos para Sunyoung, Chanyeol tentou endireitar-se no estofado do sofá para que melhor pudesse ter uma visão da irmã. Não entendeu a pergunta de primeira, mas logo respondeu, cruzando os braços de maneira a se aconchegar:

— Lógico. Mas porque a pergunta?

Desviando os olhos para o tapete, Sunyoung hesitou por alguns segundos. Como ela poderia continuar aquela conversa sem parecer intrusiva demais? Como ajudar uma pessoa daquele jeito? Sequer podia ajudá-lo? Ela já sabia — e tinha visto no Natal — que tinha algo diferente entre ele e Baekhyun. Ela não sabia o quão intenso era, mas sabia que provavelmente não estava fadado ao sucesso.

— Eu não sei, você... só chegou aqui na pressa. E mamãe estava furiosa nas mensagens que me mandou. — deu de ombros, encarando a televisão, que passava um episódio qualquer de um desenho animado.

— É sempre um dia estressante quando ela me acompanha para as coisas do casamento... — fechou-se mais onde estava

— E falta um mês, talvez, para a cerimônia...

— Nem me lembre disso... — murmurou de maneira fúnebre.

— Então... Não tem muito tempo sobrando para fazer o que você pode, certo? — comentou em um murmúrio

— Lu, eu nunca pude fazer o que eu queria. Por que agora seria a chance? Qual a diferença?

— Não sei. Talvez a diferença seja que não vai ter mais volta. Pelo menos não por um longo tempo. Se você se divorciar daqui há... não sei o tempo mínimo que o papai vai lhe dar, mas provavelmente, no mínimo seis anos, se você implorar. Ele ainda tem aquela fé cega de que você vai "aprender" a amar a Seohyun.

— Nós dois sabemos que não vai acontecer nunca. — lançou um olhar cúmplice para a irmã. Mesmo quando ele não a dizia em palavras, ele sabia que não precisava. Chanyeol não era burro, e sabia também que sua irmã não era idiota; tinham sido longos anos ao lado dela, e era óbvio que durante algum período daquele tempo ela tinha notado, em silêncio, que ele não tinha interesse nenhum em mulheres. Ainda assim, por algum motivo, não conseguia falar em palavras, e não sabia porquê. Talvez medo de desapontá-la de alguma forma.

— Não mesmo... — riu fraco, dando alguns tapinhas no joelho do irmão — Mas digo, mesmo que você não tenha namorado em um longo tempo, pelo menos não que eu saiba... — adicionou baixo, complementando os pensamentos dele — Se você gostasse de alguém ou... não sei; talvez fosse o último momento, sabe? Acho que estou vendo muitos filmes românticos! — forçou uma risada, desviando sua atenção para a televisão mesmo que mantivesse a atenção em Chanyeol.

Aquilo o deixou particularmente pensativo, e se ele soubesse que aquele era o intuito de Sunyoung o tempo todo, provavelmente a agradeceria. Não sabia se aguentaria seis anos ou mais com tudo aquilo preso no peito, e assim que o planejamento do casamento acabasse, sabia que não teria mais nenhuma desculpa para ficar perto de Baekhyun.

.

.

.