Três meses depois.
Dou uma olhada para a mesa a minha frente, me perdendo por alguns instantes na quantidade de papéis espalhados sobre o tampo. Preciso empurrá-los com o braço para encontrar o teclado do MacBook, no qual me coloco a digitar furiosamente assim que um novo fluxo de palavras invade meus pensamentos. Por entre uma e outra, me recordo da minha professora de Teoria da Comunicação e solto um grunhido por entre os dentes, sentindo o lápis se desprender por entre o coque dos meus cabelos.
— Um docinho pelos seus pensamentos?
Ergo o olhar, vendo Eli atirar a mochila sobre a cadeira a minha frente. Considerando o barulho que ela faz e como sua musculatura relaxa, noto a quantidade de livros ali dentro.
— Depende do docinho. — estreito os olhos, de repente me animando com a ideia de ingerir açúcar.
Tudo bem que meu frappuccino de chocolate, com calda extra de chocolate e chips de chocolate me aguarda no copo de papelão há apenas alguns centímetros das minhas mãos, e mesmo quando engulo um longo gole para tentar acalmar a fera, não tenho sucesso.
— Você está mesmo bebendo isso? — a voz de Sara desvia nossa atenção e seu nariz arrebitado se franze ao encarar meu copo.
Dou de ombros.
— Rolinhos de canela então. — Eli murmura mais para si mesmo do que para nós, e então se vira rumo ao balcão.
Ela puxa a cadeira mais próxima da minha, mas volto minha atenção para a tela a minha frente e volto a digitar. Puxo um punhado de folhas grampeadas e leio por cima as anotações grifadas, mas posso sentir os olhos azuis da minha melhor amiga sobre mim, fazendo minha nuca pinicar enquanto tento falhamente ignorá-la.
Por fim, solto as folhas sobre o teclado e me volto para Sara, vendo-a tamborilar as unhas afiadas no queixo.
— Há quanto tempo está comendo essas coisas? — questiona, forçando uma sutileza que sei que ela não possui.
— Do que você está falando, Sara? — me finjo de desentendida, tratando logo de puxar meu copo novamente.
A loira o toma das minhas mãos antes que possa levar o canudo à boca, e da um longo gole com o olhar fixo em mim.
— Estou falando dos jeans que de repente não cabem mais em você, ou do perfume caríssimo que ganhou de Natal e agora não aguenta sequer sentir o cheiro. — ela franze o cenho e afasta o copo, crispando os lábios. — Ou então do fato de ter encontrado você e Tom Holland pelados no meu sofá.
Coro até as orelhas, mas me forço a sustentar seu olhar. Ela força minha mente a retornar há alguns meses atrás, quando acordei com dor nas costas e o braço de um desconhecido sobre a minha barriga. De início não cheguei a entrar em pânico, mas quando minha visão turva da ressaca conseguiu focalizar Sara de pé rente a ponta do sofá, nos observando com a boca escancarada e uma xícara de chá nas mãos, finalmente consegui ter alguma reação.
Ela também, já que derrubou a xícara no chão e fez Tom se levantar em um pulo.
E eu também, o que me fez bater a canela na mesa de centro e soltar um palavrão ao mesmo tempo em que o vaso de cristal que ela mantinha ali em cima virava e se espatifava no chão, destruindo o feng shui do apartamento.
E bom, nossas bundas estavam de fora. Outras coisas também.
— Quem é que eu tenho que matar? — Eli saiu gritando do meu quarto, acordado pela barulheira e desnorteado pela ressaca.
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All My Life | Tom Holland ✓
FanfictionOs planos de Reyna Sullivan sempre foram muito concretos: se formar na faculdade de jornalismo; conseguir um emprego no The Times; se mudar para um apartamento maior, em um bairro bom; construir seu próprio legado... Engravidar definitivamente era...