Enquanto embalo Sara por entre meus braços, imagino que o dia não pode piorar. Sinto o enorme peso das últimas horas cair sobre meus ombros, zombando de mim quando penso em entregar os pontos e surtar de uma vez, mas continuo a aguentar firme, imaginando por quanto tempo ainda poderei resistir.
Conforme o carro avança para dentro de Bloomsbury, penso que, se há realmente alguém lá em cima, ele provavelmente não gosta muito de mim, mas provavelmente deve ter um pouco de misericórdia e me dar alguma folga diante dos últimos acontecimentos.
Que belo engano!
— Que porra... — ouço Tom começar, a voz morrendo diante de seu assombro.
Sara funga mais uma vez e sai do meu abraço, enxugando os olhos antes de encarar o vidro da frente.
Um arrepio corre minha espinha de ponta a ponta, e sinto o café revirar no meu estômago.
Feito a entrada de um jogo de futebol, há uma enorme multidão de pessoas postas à frente do prédio de Sara. O carro preto que vi durante os últimos tempos está lá, agora acompanhado de tantos outros automóveis que mais poderiam formar uma carreata!
E ao redor deles, uma multidão de pessoas. Homens, em sua maioria.
Homens segurando câmeras.
— Você tem que estar de sacanagem... — Harrison pragueja baixo.
— Dê meia volta. — a voz ainda trêmula de Sara se pronuncia.
Mas como que prevendo nosso plano fajuto, alguns deles se voltam na direção de nosso carro, e vejo o brilho de reconhecimento em seus olhos ao encontrarem Tom do outro lado do vidro. Eles correm para nós feito um apocalipse e sinto minha respiração falhar, como se tivesse levado um soco e tanto.
— Acelere. — Tom diz, travando a mandíbula. — Eles não podem entrar no prédio.
Ainda tento recuperar o ar quando Harrison avança devagar, buzinando para que a horda se desfaça, mas não tendo muito sucesso. Minhas unhas se cravam no banco enquanto olho para as janelas ao redor, encontrando todas aquelas lentes e flashes sendo disparados de todos os lados, como se estivéssemos cercados por eles... Espera, estamos realmente cercados por eles!
— Tom! Tom! É verdade que a Reyna está grávida?
— Reyna, poderia nos mostrar a barriga?
Instintivamente me curvo sobre ela, abraçando-a como se pudesse proteger o conteúdo dali daqueles olhares curiosos.
— Reyna, poderia nos contar melhor sobre seu pai?
— Tom, há quanto tempo estão namorando?
— Tom, é verdade que você traiu Leyla Banks para ficar com Reyna?
— Reyna, poderia nos contar sobre o escândalo sexual do The Paragon News?
A bile sobe misturada ao café e engasgo apavorada, de repente ansiando que o pé de Harrison escorregue no acelerador e jogue todos esses caras sobre o para-choque. Abaixo a cabeça, mantendo o olhar sobre minhas pernas enquanto a tontura e a náusea me dominam, me fazendo suar frio.
Sara esfrega minhas costas.
— Reyna, há quanto tempo seu pai era viciado?
Meus olhos se arregalam no mesmo instante e tapo os ouvidos, sentindo as lágrimas de desespero rolarem. Me sinto exposta feito um animal no zoológico, e tudo piora quando me arrisco a erguer o olhar à procura do fotógrafo que fez a última pergunta, mas tudo o que encontro são flashes que me cegam e vislumbres de expressões eufóricas que parecem as mesmas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
All My Life | Tom Holland ✓
FanfictionOs planos de Reyna Sullivan sempre foram muito concretos: se formar na faculdade de jornalismo; conseguir um emprego no The Times; se mudar para um apartamento maior, em um bairro bom; construir seu próprio legado... Engravidar definitivamente era...