Pai do Ano

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Tom.


 Quando abro os olhos, a primeira coisa que noto é o sol, pois ele me cega. Os raios penetram na minha visão e tornam tudo branco, fazendo com que minhas pálpebras se fechem e minhas mãos se movam para a frente do rosto, por instinto.

 Viro a cabeça para o lado, tentando entender onde estou. Há algumas plantas, um muro de pedra...

 Estou...

 No quintal de casa?!

 Franzo o cenho. Não me lembro de ter adormecido aqui.

 Quando finalmente me levanto e bato nas calças, tentando me livrar das pedrinhas que grudaram ali, consigo ouvir.

 Risos.

 Risos que ecoam nos confins da minha mente.

 Risos que me fazem abrir um sorriso largo e imbecil, tudo por causa de quem está rindo.

 Tiro as mãos do rosto, olhando para a frente.

 Reyna está lá, rindo alto. Gargalhando, na verdade. Posso vê-la jogar a cabeça para trás enquanto algumas lágrimas se acumulam em seus olhos.

 Noto que é o melhor som do mundo, superior a qualquer música já criada. Poderia passar horas a fio ouvindo e ouvindo...

 Mas não é só isso que me atordoa.

 Ela está... Nua?!

 Pisco atordoado, sacudindo a cabeça algumas vezes para ver se estou louco.

 Mas ela continua lá.

 Sem roupas. Rindo. Os cabelos escuros soltos, caindo livres em direção ao busto.

 O sol é tão forte que mal consigo identificar os traços daquele corpo que só vi uma vez — mas que permanece bem vívido na minha memória —, porém estreito os olhos mesmo assim, numa tentativa de ver melhor.

 Mas não consigo. A claridade está tão resistente que ela parece um anjo que acabou de cair do paraíso.

 Um anjo que olha dentro dos meus olhos, me impedindo de desviar.

 Olha tanto que parece enxergar minha alma com aquelas bolotas escuras e brilhantes cravadas no meio daquele rosto redondo, logo acima de um nariz arrebitado e lábios enormes, rosados, volumosos, macios...

 Caramba, como eu quero beijá-la.

 E ela vem na minha direção, e continua vindo e vindo e vindo até parar na minha frente.

 Sua cabeça se ergue e ela ainda sorri, repuxando aquela boca e mostrando duas fileiras de dentes tão brilhantes que me atordoam mais que a claridade do sol.

 Reyna me olha de baixo, pois sou pelo menos dez centímetros mais alto que ela. A mulher então toca a minha bochecha, deslizando o indicador pelo contorno da minha mandíbula enquanto analisa meu rosto, como se devorasse cada mínimo traço.

 E então ela se ergue alguns centímetros, fazendo com que eu possa sentir sua respiração quente e seu hálito fresco contra o meu rosto.

 Meu Deus, Reyna está nua no quintal da minha casa, tão perto que posso sentir o calor que emana do seu corpo.

 E eu a toco. Toco a pele de sua cintura, sentindo-a quente sob as pontas dos meus dedos, sentindo a calidez daquele revestimento alvo que forra cada mínimo centímetro da mulher que toma conta dos meus pensamentos dia e noite...

All My Life | Tom Holland ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora