Me lembro de sentir a maresia de Galway conforme andava pela praia.
Havíamos chego pouco antes do fim de tarde, o que não intimidou nenhum pouco os garotos na hora de fugir para o mar. O chalé onde ficamos era a meio caminho para o centro e de frente para o límpido oceano azulado, então mal tivemos tempo de explorar o local. Josh e Theo gritaram com a visão da janela e arrancaram os sapatos antes que pudéssemos segurá-los, e só tive o tempo de ver os dois revirarem as malas atrás dos calções de banho antes de dispararem porta afora.
Tom gargalhou, não demorando a acompanhar o exemplo dos gêmeos antes de segui-los pela areia, agarrando os dois na altura da cintura e os suspendendo contra a lateral de seu corpo, um em cada braço. Pude ouvir seus gritinhos extasiados enquanto me trocava com calma, olhando pela janela a tempo de vê-los girando no aperto do pai.
Quando desci, ambos estavam na água. Vi Theo atrás de Tom, os braços em torno de seu pescoço ao passo que o tronco magrelo permanecia colado às suas costas; enquanto Josh estava seguro em seus braços, seu aperto parecendo um tanto mais firme enquanto olhava para a imensidão cristalina com certo pavor. Tom virou o suficiente para conseguir falar algo para o garotinho atrás de si e a considerar a maneira que Josh apertou os olhos, sabia que iriam mergulhar antes mesmo que o fizessem.
Uma onda veio e então os três se abaixaram, sumindo por alguns minutos. Quando reapareceram, estavam alguns metros à direita do ponto inicial, e Tom se levantou com as duas crianças penduradas em seu corpo, se movimentando mais para o fundo lentamente por conta da água.
— Tom! — juntei as mãos à frente da boca para gritar, fazendo a atenção dos três se voltar para mim.
Não sei se minha visão estava afetada por conta da distância, mas tive a impressão de que Josh estava mais pálido que o normal, então gesticulei para que eles voltassem para a areia. Tom cochichou algo com o gêmeo a sua frente e a expressão do menininho se tornou séria enquanto ponderava por alguns instantes, olhando a água bater em seu traseiro enquanto rodeava a cintura do pai. Josh então negou com a cabeça, e Tom se voltou para mim com uma expressão convencida, soltando uma das mãos que segurava Josh apenas para balançá-la num gesto de desdém, como se espantasse um mosquito.
Pensei em ir até lá, arrancar seus olhos e trazer as crianças de volta para terra firme; mas com a praia deserta, conseguia ouvir claramente os risos dos dois enquanto a água cobria suas pernas. O mar permanecia calmo e Tom parou quando o nível atingiu as coxas das crianças. Eles mergulharam mais uma vez e ao voltar à superfície, Josh parecia um gato molhado agarrado ao corpo do pai, então Tom beijou sua cabeça em meio às gargalhadas antes de trazer os dois de volta.
— Olá peixinhos. — os recebi com um sorriso, abrindo uma toalha e esticando a frente do meu corpo.
Josh caminhou até mim, se jogando no meu colo enquanto eu o envolvia com o tecido felpudo. Enxuguei a maior parte das grossas gotas d'água que escorriam de seus cabelos caramelados e deixei que ele se aninhasse nos meus braços, o rosto um tanto avermelhado por conta da curta exposição ao sol. Theo, por outro lado, simplesmente beliscou as costelas do pai e correu para longe, começando um pega-pega que terminou com ele sendo jogado para o alto aos berros.
Abracei Josh um pouco mais forte, ouvindo seu rotineiro resmungo de que estava sendo espremido. Quando beijei seus cabelos, pude apreciar o gosto da água salgada neles antes que se levantasse, fugindo rumo à brincadeira há alguns metros de nós. E enquanto o sol se punha, apoiei ligeiramente a mão sobre a barriga, imaginando se veria essa mesma cena dali alguns anos, com o novo integrante.
Era a visão do paraíso que eu sempre quis, substituindo todas as memórias ruins que a minha cidade natal trazia.
Acabando com as imagens dos meus pais brigando numa casa caindo aos pedaços, flashes de Theo e Josh atacando um prato enorme de batatas fritas num dos restaurantes da cidade tomam seu lugar. Seus rostos corados pelas brincadeiras na praia se escondiam atrás dos copos de refrigerante enquanto debatíamos trivialidades, assumindo expressões exasperadas conforme Tom rebatia seus argumentos sobre os melhores personagens de Star Wars, apenas para irritá-los.
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All My Life | Tom Holland ✓
FanfictionOs planos de Reyna Sullivan sempre foram muito concretos: se formar na faculdade de jornalismo; conseguir um emprego no The Times; se mudar para um apartamento maior, em um bairro bom; construir seu próprio legado... Engravidar definitivamente era...