Integridade

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Oito anos depois.


 — Sra. Holland, a senhora gostaria de começar agora?

 Ergo o olhar, encontrando a jornalista à minha frente. Não deixo de notar o quão desconfortável ela parece, e não consigo não apostar que essa deve ser sua primeira entrevista realmente importante, e escolheram justamente a família de um astro de Hollywood como pauta para a coitada. Sorrio em compadecimento, dando mais um gole na minha garrafinha de água.

 Se isso tivesse acontecido comigo, eu provavelmente teria tido um ataque de nervos no dia anterior e meu estômago ainda estaria me ameaçando, mas essa já não é minha realidade há muito tempo.

 Você se adapta a estrelas muito rápido quando uma delas brilha dentro e fora da sua casa.

 — Acho que podemos começar. — digo, assentindo com a cabeça. Dou uma breve olhada no relógio do celular, constatando que Tom já está 10 minutos atrasados, e preciso reprimir o impulso de verificar o site do Heathrow pra saber se seu voo já aterrissou. — Meu marido aparentemente vai demorar um pouco.

 O meu sorriso diminui, mas desvio a atenção antes que ela note. A ponte "Reino Unido – Estados Unidos" que ele faz desde que nos conhecemos sempre me causa aflição, o maldito aperto no peito que só passa quando ele cruza as portas e segura os garotos.

 Ou pelo menos segurava.

 Josh e Theo agora são "grandes demais" para receber o pai nas portas, mas isso não o impede de atazaná-los assim que chega em casa.

 — Nós podemos esperar, se você preferir. — ela se apressa ao dizer, mas solto um risinho anasalado e nego com a cabeça.

 — Não precisa, de verdade. — tento tranquilizá-la com um aceno. — Recebi carta branca para contar a você todos os detalhes da nossa vida, então não há porque esperar.

 O sorriso que ela me lança é ainda mais nervoso, e assisto enquanto a garota configura o gravador do próprio celular.

 — Então, por onde você prefere começar, Sra. Holland?

 Estreito os olhos.

 — Prefiro começar pelas cordialidades. — rio fraco. — Na verdade, gostaria de cortá-las. Apesar de ser mãe de duas crianças, ainda não sou tão velha assim para ser tratada por "senhora". Prefiro que me chame apenas de Reyna. Posso chamá-la de Juliette?

 Ela arregala os olhos extremamente verdes por um breve instante, e através da pele escura, posso vê-la corar. Sua expressão constrangida me lembra de Theodore, o que me faz simpatizar ainda mais com ela.

 — Juliette é perfeito. — é tudo o que seu atordoamento lhe permite dizer.

 — Ótimo, Juliette. — aceno com a cabeça. — Creio que devemos começar pelo começo, não?

 Ela gesticula em concordância e aciona o gravador, mas demoro alguns segundos antes de encontrar as palavras.

 Como explicar tudo o que aconteceu?

 Fecho os olhos. Inspiro e expiro.

 Quando os abro novamente, começo a falar.

 — Ter filhos tão cedo nunca esteve no meu planejamento, ou no de Tom. — começo, sendo sincera. — Quando descobri que estava gerando um bebê, foi como se meu mundo desabasse. Veja bem, eu estava no mesmo patamar que você, senão mais abaixo. Eu tinha 22 anos, um curso em andamento, um trabalho que mal me bancava e uma relação familiar destroçada. Engravidar? Não era uma opção. Engravidar de uma estrela de cinema? Muito menos.

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